24/12/2010
CRESCIMENTO DA CHINA/ALERTA PARA O BRASIL: a China tem crescido uma média de 10% ao ano. Mesmo no ano da crise, ela cresceu 8%. Segundo a consultoria inglesa Economis Intelligence Unit (EIU), a China não manterá o mesmo índice nos próximos 10 anos, devendo chegar a 2020 expandindo-se por volta de 5% ao ano. Será ainda fantástico e acima da média mundial. Para Robert Ward, diretor da EIU, isso deveria servir de alerta para países como o Brasil, cuja dependência da China como destino de exportações de commodities tem aumentado muito". Segundo ele "no longo prazo, as commodities sozinhas não serão uma forma de garantir crescimento sustentado"
A DERROTA DE OBAMA: ainda é cedo para alardear a derrota de Barack Obama. Porém, nas eleições de 2010, realmente houve um avanço dos Republicanos que terão que acalmar o eleitorado quanto ao radicalismo do Tea Party, um grupo espontâneo, variado e sem direção, inspirado no movimento de colonos independentistas, que jogaram ao mar toneladas de chá em protesto pelas taxações de Londres. O presidente Obama não conseguiu materializar as promessas de campanha, embora não seja um mau presidente. Enfrenta a raivosa mídia americana, que o retrata como muçulmano, socialista e inimigo da liberdade econômica. Embora tenha perdido ligeiramente a magia, no dizer de Klaus Brinkbäumer, articulista de Der Spiegel, não se pode decretar o fim de Obama.
A ANÁLISE QUE FALTOU: nas eleições presidenciais brasileiras faltou analisar porque temas tão diversos e radicais estiveram no centro do debate, enquanto os temas econômicos (desenvolvimento industrial, câmbio, mercado externo, energia, etc.) não foram levados ao público. Foram discutidos temas religiosos, morais e assistenciais. No caso do câmbio, por exemplo, a discussão está se dando após as eleições. Em entrevista ao Estadão (24-10, página B4), o economia Pedro Passos, presidente do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), foi bastante didático: "O câmbio é uma variável importantíssima. A gente pode ter uma estimativa pelo agravamento recente dos saldos comerciais. O Brasil produz déficit na área industrial sem igual". Para ele "o debate eleitoral se concentrou em outros pontos com mais eco popular".
DOIS BILHÕES DE DÓLARES: é a quantia gasta neste ano, por enquanto, pelos brasileiros no exterior com suas viagens internacionais. No ano passado, de janeiro a dezembro, o valor gasto não chegou a esse montante, embora já altíssimo e deficitário. Além disso, a quantidade de passagens vendidas por companhias estrangeiras é muito maior do que as vendidas por empresas brasileiras. Por exemplo, na rota São Paulo/Nova Iorque há cinco vôos diretos, sendo três de empresas americanas e dois de empresas brasileiras. A quebra da Varig, o crescimento do mercado e a falta de incentivo às empresas de aviação menores, com evidente proteção à TAM e à GOL, agravaram a situação. Os valores de compra e venda de passagens foram fornecidos pelo Banco Central do Brasil à imprensa brasileira. Perto desses valores, as quantias gastas por estrangeiros que visitam o Brasil chegam a ser ridículas. Aí, concorrem outras causas: despreparo, falta de infraestrutura e violência afugentam potenciais visitantes. Será que melhorará com a Copa do Mundo e as Olimpíadas?
A INEFICIENTE ANAC: das agências reguladoras brasileiras, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) sempre foi uma das mais ineficientes. Por exemplo, a mudança de regras na aviação civil, surgida após desastres e colapsos em aeroportos, estava começando a dar resultados, mas o presidente da Andep (Associação Nacional em Defesa dos Direitos dos Passageiros), Claudio Candiota, fala na direção contrária: "Os consumidores seguem reclamando das mesmas coisas. As multas são irrisórias - isso quando são aplicadas - e muitas companhias não pagam nada. E ainda pode ser que essa quantia [oito milhões gastos com assistência material aos passageiros] esteja sendo repassada ao consumidor no preço da passagem" (Estadão, 28-10, C1). O que se vê em aeroportos, cada vez mais, são confusões, esperas absurdas e cancelamentos de vôos. Os números mostram que, neste ano, 26 mil vôos saíram atrasados e 11 mil foram cancelados. Com a palavra o ministro Nelson Jobim!
DILMA E A POLÍTICA EXTERNA: desde os tempos de FHC vem crescendo o papel do Brasil no concerto internacional de nações. Com Lula, esse papel cresceu, ficou mais visível, com dois momentos especiais: a questão do Irã e dos prisioneiros de Cuba. O presidente Lula foi questionado nas duas ocasiões. Com Dilma haverá mudanças e uma delas, provavelmente, será a busca de um alinhamento maior com os Estados Unidos e o presidente Barack Obama. Se isso de fato ocorrer, a ala mais radical da esquerda brasileira terá as suas noites mal dormidas.
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UGT - União Geral dos Trabalhadores