20/12/2010
WIKILEAKS: de repente, esse nome tornou-se famoso e invejado, noticiado e comentado em toda a imprensa mundial. Destaca-se primeiro que é um simples site de divulgação, onde as pessoas pudessem colocar documentos que mostrassem irregularidades de governos e empresas", acessível a qualquer pessoa - http://cablegate.wikileaks.org. Seu criador é o australiano Julian Assange, 39 anos, atualmente preso por outros motivos. Segundo o colunista David Brook (New York Times), antes de completar 14 anos, Assange já havia morado em 37 casas diferentes e sua mãe não o matriculou em escolas formais, com medo de que ele "adquirisse respeito pelas autoridades". Formação anarquista, com certeza. Neste momento, pelo mundo afora, muitos jovens estão sonhando ser um Assange.
CONFUSÃO: os papéis do WikiLeaks causaram enorme confusão, mas não foi uma catarse. Muita coisa não apareceu, provavelmente por cautela do site. Apareceram perfumarias e cada um utiliza a informação (até o momento, sem qualquer contestação) segundo seus interesses. No caso da imprensa brasileira, ela buscou exatamente os documentos que falavam sobre o Brasil e reproduziu das agências internacionais aquilo que julgou mais relevante ou interessante. Entre esses documentos de interesse nacional, sobressaíram as conversas sobre a compra dos jatos franceses Rafale, porém nada de novo. É de conhecimento público que o Rafale é mais caro, não é a preferência da FAB (Força Aérea Brasileira) e que esse negócio de bilhões de dólares cheira mal. A insistência de Lula em manter Nelson Jobim (que WikiLeaks confirmou como um dos nossos principais boquirrotos) no Ministério da Defesa tem lá suas explicações.
ITAMARATY: do que se nota a respeito de tudo o que foi publicado, o Itamaraty saiu ileso. Em que pesem comentários desairosos, em geral feitos por embaixadores americanos, a diplomacia brasileira é ainda eficiente e controla a maior parte das ações de política externa. As trapalhadas ficaram por conta de gente de fora do quadro. Não que o Itamaraty não precise ser modernizado, melhor equipado e mais transparente. A diplomacia brasileira tem dois séculos, nasceu antes do Estado, tem prestígio internacional e bons quadros. Necessita continuar sendo uma ilha de excelência nesse mar de mediocridade.
DILMA ROUSSEFF: tudo indica que a nova presidente modificará alguns comportamentos na área internacional. Já sinalizou que apoiar o Irã foi um erro e deve retomar a tradicional política em favor dos direitos humanos. Isso pode significar um ligeiro afastamento de Cuba, país reincidente em termos de agressão a esses direitos.
FRASE: "Lamento que Lula em política internacional, faça coisas como abraçar um ditador repugnante como Fidel Castro, enquanto um dissidente está morrendo numa greve de fome. Isso me desconcertou, entristeceu, indignou". (Mario Vargas Llosa em Veja 2187, Páginas Amarelas).
RIO DE JANEIRO: desde a escalada das Forças Armadas nos morros do Rio de Janeiro, a imprensa tupiniquim, especialmente a televisiva, vem fazendo um oba-oba, em parte injustificável. Já há denuncias de desvios de drogas apreendidas e os resultados da operação ainda são incertos no tempo. Contudo, registra-se a euforia dos moradores, certamente cansados da crônica ineficiência dos governos municipal e estadual. Lembre-se que os morros continuam enclaves do tráfico, que a Polícia ainda tem os seus bolsões de corrupção e que a situação carcerária do Brasil não autoriza otimismo em relação aos poucos traficantes presos. É bom aguardar, embora sem deixar de reconhecer que a operação foi necessária e, de momento, bem-sucedida. O presidente da UGT, Ricardo Patah, apoiou a ação e os seus primeiros resultados.
17ª CONFERÊNCIA REGIONAL DA OIT: foi realizada na cidade de Santiago, Chile, a 17ª Conferência Regional Americana da Organização Internacional do Trabalho, com participação de governos, empresários e trabalhadores. Nas palavras de Victor Báez Mosqueira, secretário-geral da CSA (Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas) "os trabalhadores compareceram com o claro propósito de defender a liberdade sindical e a negociação coletiva". A União Geral dos Trabalhadores (UGT-Brasil) esteve representada pelos diretores Arnaldo de Souza Benedetti, Cássia Buffeli e Laerte Teixeira da Costa."
UGT - União Geral dos Trabalhadores