14/12/2010
EURO: a moeda européia começou a circular em primeiro de janeiro de 2002. Naquele dia, a cotação inicial foi de 0,8845 euro por dólar. No final de novembro deste ano, a mesma cotação estava em 1,3900. Mesmo com o dólar baixo, houve desvalorização acentuada do euro. A moeda mais valorizada do G-20 é o real brasileiro, o que levou a presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, a sinalizar, na última reunião do Grupo, em Seul, em direção a uma provável desvalorização do real. Se concretizada, a medida atenderia a demanda dos exportadores brasileiros e diminuiria a competitividade dos produtos importados no Brasil. A situação do euro parece ser pior. Não há uniformidade nas políticas econômicas dos países membros. Um confusão, difícil até para os entendidos.
VALORIZAÇÃO E QUEDA: a história inicial do euro mostra um gráfico com valorizações, sobretudo em função da política extremamente dura e ortodoxa do BCE (Banco Central Europeu), à época muito criticada porque encarecia as exportações do bloco. Com a desvalorização, em meio a um processo de crise, nem todos os países estão se beneficiando do euro baixo. Segundo alguns economistas, para a UE (União Europeia) se beneficiar da queda de sua moeda, todos os seus membros precisariam ter o mesmo comportamento e andar de braços dados. Segundo eles, o desempenho das economias dos membros do grupo é desigual, não há solidariedade e há sensíveis distorções entre uns e outros. Por exemplo, neste momento, os países em crise estão pagando juros muito altos e provocando ondas de especulação. As políticas dos dois gigantes europeus (Alemanha e França) são desiguais: enquanto um tem comportamento parcimonioso, o outro acumula déficit público. Dessa forma, sem simetria, dizem os economistas, o euro corre perigo.
CRISE: o instrumento preferencial dos governos em crise é dispor de liberdade para a desvalorização monetária. Isso é impensável para qualquer país, isoladamente, na zona do euro. O Brasil já fez isso várias vezes, inclusive no Plano Real. Mantida uma paridade artificial em relação ao dólar, em ano eleitoral, logo em janeiro de 1999, a paridade foi rompida e adotamos o câmbio flutuante. Nos primeiros dias, o dólar chegou a ser comprado por 4 reais. Nem Grécia nem Irlanda puderam fazer isso. O sonho de que o euro asseguraria tranquilidade financeira a cada integrante do bloco parece ter se transformado em pesadelo, embora tanto Grécia como Irlanda tenham recebido importantes ajudas do FMI/BCE. Portugal e Espanha estão indo pelo mesmo caminho. Quando a Alemanha teve de despejar ajudas a esses países em crise, para acalmar os seus deputados, o ministro das Finanças afirmou: É o futuro de nossa moeda única que está em jogo". A frase é considerada verdadeira, mesmo que dita por alguém que tenha saudade do marco.
SOBREVIVÊNCIA DA UNIÃO EUROPÉIA: "Se os problemas orçamentários de alguns países não forem resolvidos, a zona do euro e a União Europeia não sobreviverão". O autor desta frase catastrófica não é nenhum economista louco (há muitos). É nada menos do que o presidente da União Européia, Herman Van Rompuy, que foi duramente sabatinado no Congresso da CSC (Central Sindical Cristã) da Bélgica, por seu presidente, Luc Corteebeck, há menos de 60 dias (sim, nos países europeus as autoridades importantes comparecem aos congressos sindicais!). O problema maior da UE é o contágio. A crise começou na Grécia, está na Irlanda e deve chegar a Portugal. Nada desautoriza especular em torno de Espanha e Itália.
E O BRASIL COM ISSO? Pois é, tem tudo a ver. Embalado por bons indicadores, com moeda forte e tendo uma eleição à frente, o governo estimulou gastos, manteve juros altíssimos e acumulou um déficit em contas correntes de 50 bilhões de dólares. Os brasileiros continuaram gastando muito e só de viagens colocaram lá fora 2 bilhões de dólares. Aqui dentro, ninguém faz a lição de casa. Dilma Rousseff trocou o presidente do Banco Central e manterá no futuro ministério exatamente os ministros gastadores. Nelson Jobim, por exemplo, não ficará no Ministério da Defesa pela eficiência da Anac ou da Infraero (todos conhecemos suas trapalhadas). Ficará porque (dizem que por necessidade estratégica) ele deverá comprar sofisticados caças a jato e lindos submarinos atômicos. A influência de Lula sobre o novo futuro governo é passível de discussão, embora nada autorize (ainda) a duvidar da capacidade de Dilma, que sequer tomou posse."
UGT - União Geral dos Trabalhadores