UGT UGT

Filiado à:


Filiado Filiado 2

UGT Press

UGT Press 210: O Império em crise


24/11/2010

QUANTO CUSTA UM IMPÉRIO? Adam Smith tinha o hábito de dizer que o Império Britânico era um desperdício de dinheiro". Apesar de economicamente explorador, extraindo excedentes de povos subjugados, Adam Smith argumentava que o imperialismo distorcia as forças de mercado "usando de tudo, desde poderio militar até tarifas preferenciais para manipular os negócios em favor das metrópoles", na frase do professor Niall Ferguson. Ferguson, inscrito como professor de história em Harvard, Oxford e Stanford, escreveu um livro sobre o assunto, com o objetivo de mostrar "como os britânicos fizeram o mundo moderno" (Império, Editora Planeta).

IMPÉRIOS NÃO SUBSISTIRAM: desde que o mundo é mundo, tivemos notícias de vastos e poderosos impérios, alguns configurando o mapa das nações e influindo decisivamente na cultura dos povos. Por maiores que tenham sido essas influências ou por mais tempo que tenham durado, esses impérios desapareceram. O Império Britânico deu lugar ao Império Americano. Os Estados Unidos consolidaram a sua liderança após a Segunda Grande Guerra. Depois disso e, em função da Guerra Fria, eles se meteram em todos os cantos do planeta. Coréia, Vietnã, Golfo Pérsico, Iraque e Afeganistão, sem contar as incursões militares na América Latina, África e Leste Europeu. Seria de se perguntar, segundo o velho raciocínio de Adam Smith, "quanto tem custado isso aos cidadãos americanos?"

LIÇÕES DA CRISE: a crise que se instalou no mundo desde 2008, teve sua origem nos descuidos da economia americana, desde o oportunismo do mercado imobiliário à fragilidade do sistema financeiro. Os monumentais déficits comerciais, o nível de vida do cidadão estadunidense, que consome a maioria dos recursos do planeta, e os gastos militares fazem da economia americana a mais desequilibrada economia do ocidente. Estamos a ponto de sacrificar-nos para manter o Império Americano de pé. Todas as medidas econômicas para corrigir os rumos da economia americana vão interferir e prejudicar as demais economias, principalmente as emergentes. Você sabe que as reservas brasileiras estão lastreadas em títulos americanos?

NÓ GÓRDIO: envolvido em dívidas crescentes, com déficits orçamentários brutais, os Estados Unidos precisam equilibrar a sua economia. Como fazer isso, sem prejudicar as economias periféricas? Impossível. O grosso das operações financeiras e comerciais do mundo é realizado em dólar. Calcula-se que as reservas globais em dólares estão próximas de 10 trilhões (10% disso em mãos da China). Há irracionalidade num sistema que se baseia na moeda de um país em crise, cuja economia representa menos de um quarto do PIB global. Qualquer mexida na economia interna dos Estados Unidos afetará a economia mundial. Os Estados Unidos, hoje, não têm como honrar as suas dívidas.

O ERRO DO BRASIL: como as reservas brasileiras são recentes, construídas na era FHC-LULA, havia como evitar transformá-las em dólar. Duas alternativas: 1) uma cesta de moedas, para não ficar dependendo de uma só moeda, o dólar
e 2) optar pelo ouro, construindo um padrão diferente nos trópicos e fugindo da mesmice mundial. Tarde para isso? Nem tanto. Como temos dívidas em dólar em proporções semelhantes, há saídas.

O IMPÉRIO CONTRA-ATACA: antes da cúpula do G-20 em Seul (Coréia do Sul), os Estados Unidos ameaçaram injetar 600 bilhões de dólares em sua economia, caracterizando o recado de que é melhor ajudar o Império Americano do que todos entrarem numa nova e tresloucada crise. Há economistas defendendo até uma inflação moderada nos Estados Unidos, algo em torno de 5% ao ano ou 28% até 2015. A pergunta que fazem os próprios americanos é: "Ficaria o mundo melhor se os Estados Unidos sofressem uma década perdida?" No centro dessa pergunta encontram-se outras economias: chinesa, alemã, francesa, japonesa, brasileira e indiana. O mundo, na verdade, ainda não encontrou um caminho para solucionar o problema americano sem afetar a economia mundial. Todos pagarão por isso. "




logo

UGT - União Geral dos Trabalhadores


Rua Formosa, 367 - 4º andar - Centro - São Paulo/SP - 01049-911 - Tel.: (11) 2111-7300
© 2023 Todos os direitos reservados.