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UGT Press 201: Prioridades duvidosas


29/09/2010

PAÍSES PROMISSORES: um estudo do ADB (Banco Asiático de Desenvolvimento), publicado na Folha de São Paulo (08-09), no mínimo interessante, mostra que o Brasil é o sexto país com maiores possibilidades de desenvolvimento. À frente estão China, Índia, Polônia, Tailândia e México. Atrás, entre os 10 primeiros, estão Ucrânia, Indonésia, África do Sul e Malásia. O ADB criou um Índice de Oportunidade", a partir de informações coletadas entre 2001 e 2007, considerando situações como "potencial de vender produtos com vantagens comparativas, características de produção, sofisticação e diversificação". O estudo considera fundamental a composição da pauta de exportações e sua influência no ritmo de crescimento e desenvolvimento.

ANÁLISE: sob o título já explicativo "Com mão de obra barata e automação, China mata competitividade brasileira", o professor Paulo Feldmann expôs as dificuldades que o Brasil tem com o gigante asiático. Seu artigo, publicado naFolha de São Paulo (08-09), tem o seguinte primeiro parágrafo: "Nos primeiros sete meses deste ano, cerca de 97,5% do que compramos dos chineses foram bens industrializados, ante apenas 15% do que a eles exportamos".Entre as explicações do professor da FEA-USP, estão: a) menor custo da mão-de-obra chinesa
b) baixo custo dos financiamentos na China
c) na China há maior incentivo para investir em modernização
d) formação de técnicos e engenheiros (enquanto o Brasil forma 30 mil engenheiros por ano, a China forma 450 mil)
e) a malha ferroviária chinesa é quatro vezes maior do que a brasileira (o que torna mais barato transportar produtos dentro da China)
f) a carga tributária na China é menor do que no Brasil. Há outros fatores menores que reduzem a nossa competitividade.

PRIORIDADES DUVIDOSAS: os administradores brasileiros não têm qualquer dúvida, por exemplo, entre construir uma estrada ou aparelhar melhor uma universidade. Nem duvidam quando optam por uma "grande obra" em detrimento da melhoria nos transportes coletivos (São Paulo dá o exemplo de construção do Rodoanel em detrimento da expansão do Metrô). O Trem-Bala vem aí antes da ampliação e aparelhamento das escolas de engenharia. O Brasil expande, irresponsavelmente, a produção de álcool em prejuízo da produção de alimentos. Os portos e ferrovias brasileiros estão caindo de velhos e obsoletos (Santos tem atrasos em cargas e descargas em mais de 30 dias). O Brasil tem pouquíssimas marcas internacionais (nem o café brasileiro tem marca própria), o que levou um economista a dizer: "O Brasil ainda não tem uma Sansung". Um país como o Brasil, de dimensões continentais e que privilegiou o transporte rodoviário em comparação ao ferroviário, não tem sequer indústria automobilística própria. A lista é longa, mas, constata-se, hoje há orçamento para as todas essas prioridades, mesmo as discutíveis. Bastaria diminuir os índices de corrupção.

ALIMENTOS: apesar do crescimento da produção de alimentos (segundo a ONU, em 2010 teremos a terceira maior safra mundial de grãos da história), o relator especial do grupo Direito à Alimentação, Olivier De Schutter, alertou os governos para novo risco de desabastecimento, como ocorreu em 2007. Ele disse: "Os países mais pobres estão altamente vulneráveis. Continuam a depender de suas rendas de exportação de commodities e, de outro lado, dependem da importação de alimentos, com preços cada vez mais altos e voláteis. Deixar de agir agora é inaceitável" (Folha de São Paulo, 08-09). A alta de preços dos alimentos tem provocado protestos na África e na Índia. Havia um plano dos países ricos (leia-se Barack Obama e G-8) de aportarem 15 bilhões de dólares para o fortalecimento da agricultura no mundo, lembra-se? Isso não aconteceu.

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