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UGT Press 197: O imprevisto nas eleições


12/09/2010

IMPREVISTO: o vice-presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Laerte Teixeira da Costa, gosta muito de dizer que o imprevisto é a lei que rege a vida". Escreveu sobre isso em seu livro "Pequenas Memórias Pessoais" (Editora Francis/Verbena). Os imprevistos são também os donos dos resultados eleitorais. Nas disputas políticas, não raro, é o imprevisto que determina a sorte de determinado candidato. Ciro Gomes caiu quando foi indelicado em relação ao tema da mulher. Lula se descontrolou quando Collor falou sobre a filha que ele teve fora do casamento. É famoso o "estupra, mas não mata" de Paulo Maluf. Marta Suplicy escorregou no passado com o seu "relaxa e goza". Há quem jure que jamais o brigadeiro Eduardo Gomes falou sobre os "marmiteiros". Enfim, esse caso da invasão dos computadores da Receita Federal deve ser inserido naqueles imprevistos que, podem ou não, mudar os rumos da eleição. A oposição se pendurou no caso.

BESTEIRAS A GRANEL: realmente, há um grupinho radical ainda alojado no partido da situação. Pessoas que se esmeram em fazer bobagens. Eles acumulam feitos que se inscrevem nos anais da idiotice nacional. Contudo, verdade seja dita: não são de hoje os vazamentos na Receita Federal. Isso vem de longe. Não há a mínima segurança dos dados inscritos nas declarações de rendimento anual. Consta que há um mercado paralelo de informações, disponível a quem se interessar. Você diz o nome e o CPF da pessoa, paga e, zás trás! Logo a papelada está em suas mãos. Qualquer servidor menor é capaz de acessar dados, não só na Receita Federal como em outros órgãos oficiais, seja nos municípios, nos estados ou na União. Recentemente, milhões de dados do Enem vazaram. Há profissionais para o cancelamento de multas nos Detrans. Esse caso da Receita Federal só alcançou projeção em função das eleições. A imprensa lhe dá cores sensacionalistas.

ELEIÇÕES E NOTÍCIAS: em época de eleições, todas as notícias são secundárias. Somente o que influi ou interessa aos candidatos e eleitores, no campo da disputa eleitoral, é relevante. Todas as notícias sumiram do noticiário. Os problemas econômicos, a crise, as guerras periféricas, os vazamentos de petróleo e os crimes de nosso cotidiano foram parar nas páginas internas, quando não em cantos de páginas. Algo que é trivial e corriqueiro, porém condenável, o vazamento de informações da Receita Federal tomou ares de escândalo nacional e, talvez, transfira o resultado das eleições para o segundo turno. Até o momento, não se sabe o alcance do estrago na candidatura da situação. Para tristeza ou alegria de milhões, existe ainda certa imprevisibilidade.

IMPRENSA: qual o papel da imprensa nas eleições? Vamos ao exemplo: a manchete da Folha de São Paulo (5-9) foi uma obra prima. Veja: "Consumidor pagou R$ 1 bi por falha de Dilma". A ombudsman do jornal, Suzana Singer, escreveu: "Foi iniciativa da Dilma criar a tal Tarifa Social? Não, foi instituída no governo Fernando Henrique Cardoso. É fácil mexer com um benefício social? Não, o argumento de que falta um cadastro de pobres que permitisse identificar apenas os que mereciam a benesse faz muito sentido. Existe alguma suspeita de desvio de verbas? Nada indica". Neste domingo (12-9), a manchete da Folha foi: "Filho de braço direito de Dilma atua como lobista" e na parte interna, no Caderno Eleições, a manchete foi: "Filho de sucessora de Dilma teria feito lobby". Afirmação na capa e condicional no caderno interno. Na maioria dos jornais, José Serra aparece fazendo denúncias. Parece que a imprensa quer mais o segundo turno do que os eleitores.

ATÉ O PRESIDENTE: o presidente, que vem se mostrando um cabo eleitoral eficiente, daqueles que não se via há décadas no país, para muitos "passou dos limites" ao comparecer no horário eleitoral gratuito e defender sua candidata daquilo que ela mesma diz que desconhece. Pior. Fê-lo de maneira a desqualificar o adversário. Forneceu munição gratuita contra si mesmo. O cientista político José Álvaro Moisés, professor da Universidade de São Paulo e diretor científico do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas, afirmou ao Estadão (9-9): "O presidente não tem tido cuidado, no processo eleitoral, de fazer distinção entre os papéis de presidente da República e de militante do PT. Ele tem direito, como cidadão, de participar da campanha, desde que separe os papéis". O professor citou sua presença no programa de Dilma e o desprezo pelas multas do Tribunal Superior Eleitoral, em atos que misturaram a sua função de presidente com sua militância petista.

TORCEDORES: cada eleitor procura torcer pelo seu candidato. Na UGT (União Geral dos Trabalhadores), uma organização estatutariamente pluralista, há de tudo. Há grupos diferentes nos estados e capitais. Cada grupo torce e trabalha para o seu candidato, sendo visíveis os defensores de Dilma, Serra e Marina. Ricardo Patah, presidente da UGT, com grandeza e discernimento, tem feito malabarismos para se equilibrar entre os grupos rivais e manter a organização imaculada. Espera-se que, passadas as eleições, todos se voltem, sem ressentimentos, para as tarefas diárias do sindicalismo. Não são poucas e são urgentes. Eleições são ocasionais, porém repetidas. À frente, haverá mais. Portanto, comedimento faz bem para todos."




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