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UGT Press 218: Começando tudo de novo


21/01/2011

PRIVATIZAÇÃO: a privatização foi um dos temas candentes da última campanha eleitoral e os candidatos fugiam dele como o diabo foge da cruz. Várias vezes, José Serra teve que desmentir boatos sobre a privatização da Petrobrás e de outras estatais. Logo no dia 3 de janeiro, a Folha de São Paulo revelou os planos da nova presidenta do Brasil, de privatizar os novos terminais nos aeroportos de Guarulhos e Viracopos. Inicialmente, a medida visaria atender a demanda das duas maiores companhias aéreas do país, TAM e GOL. Pensa-se também em abrir o capital da Infraero e em modernizar a gestão nos Correios. Não são medidas ruins e, de fato, se considerarmos as urgências na área, não haverá outro caminho. No caso dos Correios, é bom lembrar que, nos últimos anos, ele foi foco permanente de escândalos, incluindo a ponta do iceberg que representou o mensalão, iniciado com o atrito entre José Dirceu e Roberto Jefferson.

FORA DO CONTEXTO: felizmente, com o início do governo de Dilma Rousseff, terminará a referência à herança maldita". Tornou-se comum no Brasil, os governos de turno acusarem as gestões anteriores pelos problemas existentes. A expressão "herança maldita" ficou mais conhecida após Lula suceder FHC. Como o atual governo é de continuidade, a expressão certamente se tornará ociosa e será banida da esfera administrativa oficial. Ainda bem.

MAIS DO MESMO: a grande similitude entre os discursos iniciais de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff está exatamente no conteúdo básico de suas falas: o primeiro prometeu acabar com a fome e, a segunda, com a miséria, o que, no final das contas, é quase a mesma coisa. No começo, os dois também não desceram do palanque. Mas, não se preocupe, as semelhanças, parece, terminaram por aí. Depois, o que vimos foi sair a intuição e entrar o pragmatismo.

EXPORTADOR DE MATÉRIAS PRIMAS: ao longo da história, o Brasil foi conhecido pela produção de produtos primários. Começou com a cana de açúcar no período colonial e, até hoje, ela é dos produtos agrícolas mias plantados no país. Com outros produtos, ocorrem semelhanças. Mas, o grosso da exportação brasileira refere-se às commodities. O Brasil está se caracterizando, cada vez mais, por ser um grande exportador de matérias primas. A última novidade foi o anúncio de que o Brasil importa café solúvel, inclusive, veja só, da China. Na verdade, o país sempre exportou café em grãos, principalmente para a Inglaterra, Estados Unidos e Suíça. O Brasil nunca foi eficiente na indústria do café solúvel, além da maioria das indústrias estarem em mãos das multinacionais do setor. Nossa única grande fábrica de chocolates, a Garoto, hoje é propriedade da Nestlé. Enfim, a maioria de nossos produtos naturais ou de agricultura temporária ou são exportados in natura ou manufaturados por multinacionais. Está na hora do país abrir os olhos para a autosuficiência industrial pelo menos naqueles produtos onde nossas vantagens comparativas são evidentes.

NÚMEROS VERGONHOSOS: divulgados pela Ompi (Organização Mundial de Propriedade Intelectual), os números sobre o registro de patentes no mundo colocam o Brasil em posição desconfortável: respondemos por menos de um por cento dos registros de inovação tecnológica. Comentando o assunto, o professor Paulo Feldmann, da Faculdade de Economia e Administração da USP (Universidade de São Paulo), disse: "Como somos ricos em recursos naturais, nunca precisamos inovar para sobreviver, diferente de países asiáticos. Existe uma espécie de acomodação que gerou um aspecto cultural crônico difícil de mudar" (Folha de São Paulo, 02/01/11). O Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), responsável pela concessão de patentes no Brasil, embora muito melhorado na gestão FHC, ainda é um órgão cronicamente ineficiente. Sua morosidade é antológica. Hoje, ele está analisando pedidos que foram protocolados há mais de sete anos.

CÂMBIO SUPERVALORIZADO: talvez, uma das únicas utilidades do câmbio ruim foi ter ensinado algumas empresas brasileiras a valorizar a competitividade. Disputar mercados com câmbio desfavorável, naturalmente, força as empresas a agir internamente no corte de custos supérfluos e a melhorar a eficiência administrativa. Contudo, precisamos ter um cuidado maior no controle das taxas cambiais.

PRIMEIRA BOLA FORA: a posse da presidenta Dilma Rousseff foi manchada pela presença ostensiva de Erenice Guerra. Ela cumprimentou Dilma em meio às autoridades internacionais e brasileiros notáveis. Pivô de rumoroso caso, a ex-ministra foi responsável pela existência do segundo turno nas eleições presidenciais. Reabilitada em alto estilo, tudo leva a crer que as suas trapalhadas eram conhecidas no andar de cima.

MIUDEZAS DISPENSÁVEIS: as férias do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em base militar do Guarujá e os passaportes diplomáticos expedidos aos seus filhos nas vésperas do término do mandato são, de fato, miudezas. Pequenos atos que nem mesmo dão prejuízo material ao erário. Mas, não restam dúvidas, são inteiramente dispensáveis e não contribuem para a biografia do ex-presidente."




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