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UGT Press 158: Redução da Jornada de Trabalho


17/02/2010

CUSTO BRASIL: a campanha pela redução da jornada de trabalho traz de volta o debate sobre o custo Brasil". Os empresários são pródigos em afirmar que a redução de horas trabalhadas aumenta o custo e faz o país perder competitividade. Alertam para as horas trabalhadas nos países asiáticos sonhando com o modelo chinês, quase semi-escravo. O professor José Pastore é a voz remunerada dos empresários. Para ele, o país já está castigado com o maior percentual de encargos sociais do mundo. Para as empresas, diz ele, seria insuportável o aumento desses custos. Nunca os empresários se lembram dos altos índices de produtividade conseguidos pelos trabalhadores brasileiros nas últimas décadas. Aliás, aumentos de produtividade sem qualquer contrapartida aos trabalhadores.

CUSTOS DIFUSOS: são normalmente esquecidos os custos dos serviços básicos e das matérias-primas. No caso dos transportes, estão inclusas as altas nos preços dos combustíveis (só o álcool industrial subiu de preço em mais de 20% nos últimos seis meses). Também são de assustar outros aumentos de preços nas matérias-primas: 23,6% no alumínio
23% no açúcar
20,4% no cobre
20,7% no estanho
12,9% na celulose. Nem precisamos lembrar do custo do aço, do gás e de outros produtos essenciais. O custo das tarifas telefônicas do Brasil é o segundo maior do mundo, só fica atrás da África do Sul, país sem nenhuma infraestrutura. Depois das privatizações, o custo da energia elétrica disparou, situando-se entre os maiores do mundo. Enfim, esse festival de aumento nos preços das matérias-primas e dos serviços, ajuda a definir o valor das mercadorias, muito mais do que os nossos péssimos e minguados salários.

SALÁRIOS BRASILEIROS: o Brasil já fez propaganda no exterior para atrair investimentos estrangeiros, utilizando como argumento e incentivo o valor da mão-de-obra em território nacional. Muitas multinacionais vieram para cá tendo em vista os nossos baixos salários. O custo da mão-de-obra brasileira está abaixo de todos os países desenvolvidos. Em alguns casos, como Alemanha, França e Inglaterra, sequer chegando a um terço dos salários pagos nesses países. Aqui se ganha menos do que na Coréia do Sul. Mesmo que os argumentos do professor José Pastore fossem corretos (não são), os encargos sociais não alteram a percepção de que se tem no Brasil um dos piores salários do planeta.

ENCARGOS SOCIAIS: sem considerar a discussão entre encargo e salário (confusão que favorece o professor Pastore), nossos encargos, em valores brutos, são mínimos. Para facilitar, coloquemos tudo na mesma cesta. A soma mostra que os nossos salários estão entre os mais baixos do mundo, embora o salário mínimo tenha, nos últimos anos, recuperado parte de seu prestígio. No entanto, ele continua entre os menores e perde até para países atrasados da periferia do globo. Então, nossos encargos são o de menos. Quando se contabilizam os encargos sociais de outros países, os empresários excluem o que é considerado salário (diferente do que fazem no Brasil). Basta dizer que dificilmente qualquer país desenvolvido paga menos de 14 salários anuais aos trabalhadores. O Japão tem o hábito de gratificações periódicas, principalmente quando a economia vai bem.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: outro custo, em geral negligenciado pelos empresários, é aquele causado pela máquina pública. Quanto custa manter departamentos exclusivos para atender as exigências do fisco? Quanto custa a corrupção mantida pelos próprios empresários? A lista de perguntas seria longa. Basta dizer que temos uma das mais ineficientes e caras administrações públicas do mundo. Fiquemos por aqui por falta de espaço, mas não se esqueça de duvidar sempre que o rosto sorridente do professor José Pastore aparecer na televisão. Ali fala um assessor da Fiesp."




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