19/01/2010
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA: o Brasil optou por um sistema que exclui a indústria automobilística própria, verdadeiramente nacional. Não estimula pesquisas na área, incluindo a indústria de autopeças. Tudo está em mãos privadas e majoritariamente no âmbito das grandes multinacionais do ramo. Várias oportunidades de negócios surgiram nas duas últimas décadas, desde a colocação no mercado da Skoda (República Tcheca) até a venda em dezembro da Volvo-Automóveis (Suécia), com compra já anunciada pelo grupo chinês Zhejiang Geely. Até a Índia entrou no mercado: a Tata comprou as marcas Jaguar e Land Rover.
MERCADO BRASILEIRO: o mercado de veículos no Brasil é dominado por quatro tradicionais montadoras (Fiat, Ford, GM e VW), embora haja bom crescimento (7,2%) na participação japonesa (Honda, Mitsubishi, Nissan e Toyota), francesa (Citroen, Peugeot e Renault) e coreana (Hyundai e Kia). A perspectiva dos chineses que estão entrando no mercado é conquistar 1% (um por cento) de sua fatia ao ano. Enquanto isso (vamos repetir à exaustão), o Brasil continua sem indústria automobilística própria.
CONFRONTO COM A CHINA: o pesquisador Sebastian Mallaby, em artigo para o Washington Post (reproduzido pelo Estadão em 23/12/2009), escreveu que a China é a pedra no sapato do Brasil". Embora extremamente cortês e elogiando nosso país, Mallaby disse que o Brasil "para preservar seu maravilhoso sucesso, talvez precise apelar para algo que assusta seus diplomatas: um confronto com a China". Em nome da preservação dos empregos. as centrais de trabalhadores do Brasil tem defendido o mesmo há anos.
O CACIFE DA CHINA: Gilles Lapouge, o excelente e consagrado correspondente do Estadão em Paris, escreve (31/12/09) que a China tem cacife para bancar o seu destino. Cita o dramático exemplo da execução do cidadão inglês acusado de traficar drogas. Para ele "o gesto é uma mensagem dirigida ao mundo: a China determina seu rumo, ninguém mais. Ela toma decisões soberanas, de acordo com sua estratégia, desígnios, tradições e moral." Para quem viajou pela Ásia e conhece os vizinhos chineses, já deve ter ouvido falar na arrogância e no imperialismo Chinês. Lapouge diz que essa arrogância antiga está aumentando. Informa que, em 2009, a China superará a Alemanha e será a maior exportadora mundial. A Alemanha exportará 1 trilhão de dólares, enquanto a China exportará 1,19 trilhão. Notícias, artigos e estudos mostram que a China apenas finge obedecer as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas aplica sérias restrições às exportações de matérias primas estratégicas, sendo uma compradora mundial compulsiva desses produtos.
ITAMARATY: nosso Ministério de Relações Exteriores já foi mais eficiente e nossa diplomacia nasceu antes do Estado, vindo na bagagem de D. João VI. Ocorre que, com a deterioração dos serviços públicos em geral, o Itamaraty, embora não possa ser considerado apático e ineficiente, está necessitando de um novo salto: aperfeiçoamento e renovação (não de pessoas) de métodos. Numa época em que é possível construir e especular sobre cenários possíveis, não se concebe um serviço diplomático baseado somente na inteligência de seus membros, como foi no século 19 e boa parte do século 20. Há necessidade de uma revolução tecnológica em toda a área pública e especialmente nas mais sensíveis, entre as quais aquelas que tratam das relações exteriores e, principalmente, do comércio internacional."
UGT - União Geral dos Trabalhadores