11/01/2010
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA: não bastasse produção e vendas acima de três milhões de unidades, redução de impostos e boas perspectivas para 2010, as multinacionais do setor automobilístico vem recebendo polpudos empréstimos do BNDES. O último anúncio refere-se à liberação de R$ 1,2 bilhão para a Mercedes-Benz. O programa da montadora prevê investimentos de R$ 1,5 bilhão. Logo, o governo brasileiro vai bancar 4/5 dos valores anunciados. Até setembro de 2009, o BNDES já havia desembolsado um total de cinco bilhões de reais, atendendo as solicitações do setor.
BNDES: está passando da hora de se questionar as prioridades do BNDES. Grande parte de seus recursos, boa fatia obtida junto aos fundos de trabalhadores, vem sendo empregada em empréstimos para empresas estrangeiras. Também o BNDES abriu linhas de crédito para os governos da América Latina, em financiamento de obras executadas por empresas brasileiras no exterior. Não que seja errado, mas é preciso saber se as prioridades do desenvolvimento industrial brasileiro estão sendo atendidas.
PREVISÍVEL: tendo como desculpa maior o aquecimento da economia brasileira (o filme é sempre repetido em épocas eleitorais), prevê-se aumento da taxa de juros a partir de março ou abril. Antes, falava-se em provável aperto monetário no segundo semestre do ano. Segundo informa a grande imprensa, o Banco Central do Brasil está preocupado com a escalada da inflação global. Ora, estamos saindo de uma crise onde houve queda de preços, em alguns países deflação, o mundo inteiro está praticando juros baixos, e lá vem o Banco Central procurar desculpas para aumentar os juros em ano eleitoral. Pergunta-se: os bancos também contribuem para as campanhas eleitorais?
CONSTATAÇÃO NOVA: a frase é do professor José Eustáquio Diniz Alves, da Escola Nacional de Ciências e Estatísticas (Ence), ligada ao IBGE: O Brasil do início do século 21 passa por uma combinação entre uma estrutura demográfica e uma estrutura social que realçam uma proporção da população em idade em que o retorno social e econômico das pessoas é maior" (Estadão 03-01). O professor quer dizer que, no momento, a População Economicamente Ativa (PEA) é igual à população inativa (ou improdutiva). Em outras palavras: temos o mesmo número de trabalhadores, quando comparado à soma de velhos e crianças. Essa situação só acontece uma vez na história e, em geral, quando acontece o país passa por um boom de crescimento.
CONFUSÃO: o relatório da Força Aérea Brasileira (FAB) jogou mais lenha na fogueira. A já confusa licitação dos caças-aéreos, que teve ganhador anunciado mesmo antes dos procedimentos legais, ganhou agora um relatório da FAB contrariando os desejos do presidente Lula. Em que pesem os recuos e desmentidos, a grande imprensa deu enorme destaque ao relatório. O mais engraçado foi o ministro da Defesa da França, Hervé Morin, dizer que não se compara uma Ferrari (avião Rafale) com um Volvo (avião Grippen HG). Pergunta que não quer calar: e se o Volvo fizer o mesmo que a Ferrari, gastando ainda menos combustível e tendo menor preço?"
UGT - União Geral dos Trabalhadores