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UGT Press 136: Brasil irresistível


23/11/2009

RECUPERAÇÕES: se a China destinou 585 bilhões de dólares para projetos de recuperação econômica, além de ampliar, extraordinariamente, suas linhas de crédito, os Estados Unidos reservaram nada menos do que 787 bilhões com o mesmo objetivo, através de sua Lei de Recuperação, sancionada em fevereiro deste ano. De acordo com o vice-presidente americano, Joe Biden, 25% dos recursos da Lei já foram aplicados e, até o final de 2010, prevê-se a aplicação de mais de 2/3 de seu total. Mesmo antes da crise, o Brasil já havia criado o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), um ambicioso pacote de investimentos em infra-estrutura. Após a crise, através de um sistema de renúncia fiscal, o país procurou estimular alguns setores da economia, dentre eles o consumo de bens duráveis, veículos principalmente.

PARA ALÉM DO MESMO: os sindicalistas (e alguns economistas de esquerda) estão habituados a criticar o modelo econômico vigente afirmando que a crise não é apenas financeira, mas derivada de uma série de outros fatores e setores. Entre vários, citam os problemas alimentários e ambientais. O debate não deixa de ser interessante porque todas as medidas em vigor de recuperação das economias nacionais, todas mesmo, vão na direção de reconstruir o modelo que sofreu ou ocasionou a crise. Alguns exemplos: recomposição dos mercados (o imobiliário em primeiro lugar), alívio para o setor financeiro com rios de dinheiro para a recuperação de bancos, financeiras e corretoras, retomada dos gastos governamentais (projetos de infra-estrutura), corte nos impostos e aumento de repasses aos governos estaduais e municipais. Todos estão procurando levantar as instituições que foram responsáveis diretas pela crise.

FILOSOFIA ECONÔMICA: em termos de filosofia econômica, vimos o renascimento do keynesianismo (John Maynard Keynes- 1883/1946) e o ressurgimento da presença do Estado na economia, algo abominado pelos neoliberais de plantão. Coincidentemente, as economias que se recuperaram (ou estão se recuperando) mais rapidamente foram exatamente aquelas com maior grau de intervenção estatal, como é o caso da economia francesa. UGTpress já teve oportunidade de lembrar o papel do Estado na recuperação econômica. O Brasil, especialmente, tem ainda a presença forte do Estado em sua economia. A recuperação rápida da economia brasileira, cujas causas estão longe de serem analisadas com propriedade, fez o país ser, de um momento para outro, a menina dos olhos da economia mundial.

BRASIL IRRESISTÍVEL: ao visitar o país no mês de agosto, James Quigley, presidente do Bank of America Merril Linch na América Latina (fruto da crise, o Merril Linch foi vendido para o Bank of América, que se transformou no maior banco dos Estados Unidos), afirmou: o Brasil é hoje o mais irresistível entre todos os mercados emergentes do mundo" (Estadão, 17/08/09). Essa nova visão do Brasil como Meca do investimento mundial, faz entrar todos os dias milhões de dólares no país, o que vem fortalecendo aceleradamente o real e preocupando empresários exportadores e o governo, principalmente Guido Mantega, ministro da Fazenda. O governo respondeu com a taxação da entrada de capitais, o que, na visão de muitos, não resolverá o problema.

RAZÕES PARA O SUCESSO: segundo James Quigley, o Brasil tem uma grande e diversificada população jovem, um sistema bancário que se fortaleceu e funciona bem, um governo estável que respondeu bem às demandas da crise e tem pauta de exportação diversificada. Segundo ele (mesmo jornal e data) "o Brasil está se transformando em destino preferencial do capital". A pergunta que se faz é: "teremos condições de responder a esse repentino sucesso?" Como sempre, a cobrança é no sentido de realizar as reformas de base, ainda postergadas pela miopia política."




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