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23/03/2009

NEOPELEGUISMO: o experiente jornalista Mauro Chaves, escreveu longo artigo (O Estado de São Paulo, sábado, 14, página A-2) intitulado Neopeleguismo galopante". Nele, abordou vários assuntos, a maioria pertinente. Suas críticas atingem as centrais sindicais por receberem recursos anuais por volta de 60 milhões de reais (média de 10 milhões cada uma). Em nenhum momento (apesar de conhecer), ele se referiu às verbas recebidas pelas federações e confederações patronais, aos recursos do Sistema "S", administrados pelos patrões brasileiros e a outras instituições beneficiadas por recursos públicos, como por exemplo, o Fundo Partidário. Registre-se, para que não se perca de vista, que os recursos das centrais são pagos pelos trabalhadores, o governo apenas arrecada. Para ser justo, Mauro Chaves deveria reconhecer que o sistema sindical brasileiro, organizando patrões e empregados, funciona por mais de 60 anos e que, certamente, pode não ser um sistema perfeito, mas, sem dúvida, é o sistema mais barato do mundo.

CANAL DE SUEZ E DO PANAMÁ: a diminuição do comércio global, decorrência da crise americana, pode ser medida pelo grau de atividades dos dois principais canais, o de Suez e o do Panamá, as duas veias mais importantes na passagem de mercadorias. A rota de transporte entre Europa e Ásia foi criada no século XIX, enquanto a rota entre Pacífico e Atlântico é mais nova, do início do século passado. Ambas oferecem um painel de observações importantes, capaz de medir se realmente há diminuição no fluxo de mercadorias. Em Suez, a receita caiu 19%. No Panamá, 5%, o que levou os administradores do Egito a pensarem numa elevação das taxas cobradas pela travessia.

A DOUTRINA OBAMA: uma pergunta pertinente: Haveria uma "Doutrina Obama"? Com menos de cem dias de governo, o novo presidente vem sendo acompanhado de perto pelos meios de comunicação, os quais registram um certo relaxamento do bloqueio à Cuba e um tímido convite ao Irã para discutir uma melhor política para o Afeganistão. Também a decisão de fechar Guantánamo. Visível até o momento é um proposital afastamento de tudo o que se refere ao legado de Bush. No plano interno, a crise comanda as decisões e a principal delas caminha em direção a um plano muito parecido com o do presidente Roosevelt (New Deal) e a prática de um escancarado protecionismo. Talvez seja cedo para falar em "Doutrina Obama", mas alguns jornais americanos estão começando a utilizar a expressão.

RELAÇÃO BRASIL/ESTADOS UNIDOS: o encontro do presidente Lula com o presidente Obama sugere um aprofundamento das relações entre Estados Unidos e Brasil. Na verdade, os dois países nunca estiveram em posições opostas. Por vezes, as relações se distanciam por problemas pontuais, mas nada a ponto de fragilizar uma tradicional afinidade continental. Neste momento, os dois países têm motivos de sobra para se reaproximarem. Desde o potencial petrolífero brasileiro às questões estratégicas de defesa, de interesse do Brasil, passando por muitos outros pontos, entre os quais a nossa obsessão em exportar etanol. Enfim, o momento é bom, a crise aproxima os dois países e hoje o Brasil é credor dos Estados Unidos (títulos americanos como papéis de reserva)."




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