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UGT PRESS 118: Brasil previsível


23/07/2009

COMO SEGURAR O CONGRESSO? Os escândalos sucessivos servem muitas vezes para acobertar situações ainda mais escabrosas (estão soterradas as investigações contra a Petrobrás e, com exceção de alguns corajosos jornalistas, como Jânio de Freitas, ninguém se atreve a investigar as compras faraônicas do Ministério da Defesa), e pior, para que se tomem iniciativas que coíbam a transparência e a denúncia pública. Lula foi claro ontem ao dizer, na posse do procurador-geral da República, que um dia vai aparecer alguém que vai achar que vocês são demais". Vindo de um presidente da República, a frase é mais do que uma ameaça. Em resumo, mais ou menos como: "vocês tomem cuidado com as denúncias e investigações contra os poderosos, pois isso é um bumerangue e pode voltar contra vocês". Ou no popular: antes de agir saiba de quem você está falando. Só no Brasil!

INVESTIMENTOS: nem só de notícia ruim vive o Brasil. A Organização das Nações Unidas (ONU) revelou que o país é o quarto destino para se investir, atrás de China, Estados Unidos e Índia. Logo depois do Brasil, está a Rússia em quinto lugar, o que vale dizer que os países do Bric estão entre os cinco maiores receptores de investimentos estrangeiros. Contudo, sabe-se que o investimento estrangeiro direto caiu em relação aos anos anteriores e seu fluxo normal só vai ser retomado a partir de 2011, dependendo do comportamento da economia mundial.

PREVISÍVEL: o Brasil, na Cúpula do Mercosul, vai apresentar uma proposta ao presidente Fernando Lugo que tem um nome sofisticado "step by step" (degrau por degrau). Prevê a liberação gradual dos preços da energia excedente do Paraguai, que tem um único comprador, a Eletrobrás. A posição do Brasil está em consonância com aquelas já tomadas no caso dos contenciosos com a Bolívia e Argentina. No caso da Bolívia, a Petrobrás se viu prejudicada em seus interesses e, no caso da Argentina, houve passividade brasileira em relação às medidas protecionistas, o que levou, pela primeira vez em anos, a um déficit comercial com o país vizinho. Resta saber se a benevolência brasileira apresentará resultados em longo prazo para a estabilidade e crescimento da região.

PATRIMONIALISMO: a elite brasileira sempre foi sócia do Estado, arrancando como abutre nacos de um corpo necrosado. Empregar parentes, conseguir obras públicas, aumentar o número de servidores ao infinito e pagar salários altíssimos aos ocupantes dos cargos de confiança são algumas das mazelas de nossa cultura patrimonialista e corrupta. Tão entranhados estão esses costumes que parecem normais. Quando a neta liga, o avô fica bravo, não pelo pedido, mas porque não ligou antes, pois ele já teria resolvido o problema. A postura revela o "ritual de normalidade": o pedido não era estranho, o avô estava pronto a resolver o problema e o Brasil pagaria como sempre pagou. Normalíssimo!"




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