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UGT Press 587: POLÍTICA: Respostas incompletas


14/11/2017

IMAGEM: vamos nos utilizar da imagem do presidente americano: “O presidente Donald Trump é um empresário, está no caminho certo, o problema é o Congresso e a mídia, certamente trabalhando para ele parecer um homem do mal e, ainda mais, ele herdou o buraco que Barack Obama deixou na Casa Branca”. Provavelmente, esse mix de opiniões está na cabeça da maioria dos eleitores republicanos, para os quais não tem nenhum problema a forma de governar do atual ocupante da Presidência dos Estados Unidos, o homem mais poderoso do mundo. Estranho, mais comprovadamente verdadeiro. Vejamos.

 

PESQUISAS: há quem anda investigando esse e outros fenômenos eleitorais da atualidade. Vários estudos e teses deixam-nos desconfortáveis diante da tradição democrática dos últimos três séculos. Embora inconclusivas, é comum vários estudiosos afirmarem que estamos em plena crise da democracia. Para confirmarem isso, citam especialmente indícios da volta da autocracia em algumas regiões e a persistência do totalitarismo em vários países. Outra tese recorrente, notadamente sobre o caso Trump, refere-se à influência dos meios de comunicação, incluídas aí as redes sociais.

 

PRESIDÊNCIA MADE IN USA: o presidente americano reúne em si as funções de chefe de Governo e chefe de Estado. No momento em que a Constituição foi escrita (1776), por um grupo de iluminados, em pleno frescor do iluminismo, (sem trocadilho), as monarquias, constitucionais ou autocráticas, estavam sendo contestadas e o mundo inteligente procurava soluções para a estabilidade dos governos, aquilo que hoje chamamos de governabilidade. Então, o “presidente made in USA” é uma espécie de rei por um período determinado, enfeixando muitos poderes. Embora de eleição complicada em duas fases – prévias ou primárias e Colégio Eleitoral – o sistema funciona bem há quase dois séculos e meio. Claro, não é a mesma coisa hoje. Há diferenças entre as eleições de Lincoln e de Trump, por exemplo. Essas diferenças no espaço de várias gerações (30/40 anos cada) são fundamentais para situar o fenômeno Trump em nosso tempo.

 

THE ECONOMIST: a revista econômica inglesa, ainda das poucas a executarem um trabalho acima de qualquer suspeita, entrevistou prefeitos de pequenas cidades, líderes republicanos e cidadãos comuns que votaram em Trump e notou que a maioria não está arrependida. “Há 50 anos, a renda dos eleitores era um fator que permitia prever, com razoável precisão, em quem votariam. Não é mais assim. Dos campos de golfe na Flórida à depauperada zona rural da Costa Leste, dos subúrbios operários do Meio Oeste às mansões da Califórnia, as tribos que formam a base de apoio do presidente são aglutinadas por algo poderoso, que pouco tem a ver com sua condição econômica” (The Economist, reproduzido no Estadão, em 02/07/17). Se não é mais a renda ou a desigualdade que determina o voto, o que poderia ser?  

 

DESINTERESSE, APATIA? a própria revista inglesa informa que “segundo o American National Election Study (Anes), um vasto levantamento de opinião realizado em março pelas universidades de Stanford e Michigan, 94% dos eleitores de Trump não compareceram a nenhum comício e não assistiram nenhum discurso no ano passado. Entre os eleitores de Hillary Clinton, a proporção de “alienados” é um pouco menor: 90%” (idem, idem). Isso revela muito, inclusive porque os brasileiros, em sua maioria, não reagem aos escândalos de corrupção no país, permitindo que “organizações criminosas” os governem. Não temos pesquisas tão específicas, mas não é de se duvidar que temos uma parcela de “alienados” bem numerosa.

 

 

OUTRAS PREOCUPAÇÕES: é provável que essa parcela desinteressada ou apática, seja lá o nome que se der a ela, tenha outras preocupações, outros interesses, não acreditando mais que as eleições possam resolver seus problemas. Triste e preocupante. Estudos estão sendo feitos e logo teremos melhores explicações. O caso brasileiro vem chamando a atenção do mundo por inusitado e absurdo. A eleição de Trump também, assim como outros fenômenos da atualidade, entre eles o terrorismo, a influências das religiões, as crises institucionais, o rearmamento e a falta de solidariedade entre pessoas e povos. Há mais problemas, mas fiquemos por aqui, já são muitos. 




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