07/11/2017
SOFT POWER: UGTpress já discorreu sobre a origem e a natureza do “soft power”, o poder brando, aquela capacidade de influenciar pessoas e países através da “diplomacia de valores” ou pela habilidade de um corpo político. Também se anotou naquela oportunidade que o termo voltou à baila em função das trapalhadas de Donald Trump, que teria “erodido o poder inteligente dos Estados Unidos”. Citamos o índice Portland (empresa de consultoria britânica), cujo resultado mostrou a queda dos americanos em duas posições, agora ocupadas pelos franceses (Emmanuel Macron) e pelos ingleses (Theresa May). Naquele momento não se comentou sobre a posição dos chineses, tendo à frente Xi Jinping. Em 18 de outubro cerca de 2,3 mil delegados do Congresso do PCC (Partido Comunista da China) confirmaram o apoio à continuidade, por enquanto tradicional, do líder chinês até 2022, pois os congressos são quinquenais. O poder é exercido pelo Secretário-Geral do PCCh.
XI JINPING: segundo levantamento da BBC, a biografia do líder chinês é diferente da de seus antecessores. Filho de um antigo vice-primeiro-ministro, Xi Zhongxun, veterano revolucionário que, em 1962 perdeu o poder, foi preso e expurgado do PCCh. Xi Jinping teve a vida completamente modificada e foi enviado à pequena comunidade rural de Liangjiahe para “reeducação”. Lá, segundo consta, lavrou o campo e morou numa caverna. Hoje, esses são fatos exaltados e valorizados em seu currículo de membro do PCCh, onde demorou para ser aceito, em função de seu pai. Essas circunstâncias difíceis moldaram-lhe o caráter. Ao aliar calma e frieza à disciplina espartana, fez-se líder respeitado que chegou à presidência. Foi eleito em 2012, participou e foi confirmado no Congresso de 2013. Agora reconfirmado para dirigir o PCCh (ou seja, a China) até 2022.
RECONFIRMAÇÃO: a confirmação de Xi Jinping para o novo mandato, com todas as pompas e circunstâncias, ocorreu no dia 25 de outubro passado, de forma a não deixar qualquer dúvida sobre sua autoridade, no presente e no futuro. Estava ao lado de outros seis membros do Comitê Permanente do Politiburo, todos acima de 60 anos, o que indica a inexistência de outros pretendentes ou ungidos para o cargo de Secretário-Geral do PCCh. Esse detalhe é importante porque sinaliza que Xi Jinping poderá permanecer no cargo a partir de 2022, o que se constituiria no membro do Politiburo com mais poder depois de Mao Tsé Tung . Neste caso, a partir de agora, será preciso prestar atenção em suas ações, pois ele foi o escolhido para consolidar o papel da China como potência mundial, econômica e militar, neste início de século.
THE ECONOMIST: segundo a revista britânica, Xi Jinping “é um líder mais influente do que Donald Trump e o homem mais poderoso do mundo” (Estadão, 15-10-2017). No artigo, The Economist acrescenta: “Em seus numerosos giros pelo exterior, Xi procura se apresentar como um apóstolo da paz e da amizade, a voz da razão num mundo tumultuoso e problemático. Os defeitos de Trump tornam a tarefa bem mais fácil. No início do ano, em Davos, Xi prometeu à elite global que seria um defensor da globalização, do livre comércio e do acordo de Paris. Na plateia, muitos ficaram aliviados com o que ouviram. O discurso do líder chinês indicava, pensaram eles, que haveria ao menos uma grande potência disposta a lutar pelas coisas certas, mesmo que Trump (que tomaria posse três dias depois) não desse bola para a coisa” (idem, idem).
RAZÕES DO NOVO PODER: entre as razões alinhavadas na reportagem, está a capacidade de investimentos respaldada pelos bilhões de dólares em reservas, as maiores do mundo no momento. A economia chinesa, apesar de ter desacelerado desde a crise mundial, ainda atinge níveis de crescimento próximos de 6% ao ano, fazendo dela uma poderosa, talvez a única, locomotiva. Também (e isso julgamos extremamente perigoso), a China aumenta dia a dia o seu poderio militar, tendo inaugurado neste ano, na África, sua primeira base militar em território estrangeiro, com vista à “manutenção da paz”. Constrói modernas ilhas artificiais dotadas de pistas de pouso no Mar do Sul da China, alegando tratar-se de “finalidade puramente defensiva”. Coréia do Sul e Japão, claro, estão preocupados.
INTERNAMENTE: apesar dos belos discursos externos de Xi Jinping, internamente a China continua com uma rigorosa centralização política, com o PCCh enfeixando todo o poder. O exemplo da União Soviética deve estar bem vivo para os chineses, “daí parecer tão determinado a aumentar o controle sobre a sociedade chinesa, em especial por meio da ampliação dos poderes de vigilância do Estado” (idem, idem).
BRASIL: no Brasil, já de longe, a China vem se constituindo no maior investidor estrangeiro, dominando grandes áreas da agricultura e da indústria energética. O país, já muitos alertaram, deve estar atento aos perigos que rondam a sua soberania. Mas, por aqui, infelizmente, tudo está à venda.
UGT - União Geral dos Trabalhadores