27/06/2017
FGTS: o país ficou sabendo na última semana, da notícia veiculada por três dos maiores jornais brasileiros – O Globo, O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo: a utilização do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para a cobertura do seguro desemprego. Há anos, o FGTS vem sendo distorcido em suas finalidades básicas, para as quais foi criado na década de 1960. A notícia vem com as digitais do ministro da Fazenda, o banqueiro Henrique Meirelles. Objetiva a redução do déficit público à custa do trabalhador brasileiro. Até aí, nenhuma novidade.
MAU USO: o FGTS, talvez a melhor invenção do período ditatorial (surgiu para acabar com o instituto da estabilidade no emprego), teve como finalidade inicial a eliminação do déficit habitacional. E realmente foi uma forma de poupança interna que propiciou, por um período, os investimentos na construção civil e sustentou parte do então “milagre brasileiro” (período de grande crescimento econômico). Mesmo com a prova de que era um importante mecanismo de poupança interna e com finalidade nobre, ele foi sendo gradativamente utilizado para outras finalidades: financiamentos de obras públicas, compra de ações de estatais e financiamentos diversos, cujos objetivos nem sempre foram claros. Há suspeita, como tudo no Brasil, que também foi vítima de corrupção e desvios.
POSIÇÃO DOS TRABALHADORES: as centrais sindicais de trabalhadores ainda não se posicionaram sobre o assunto. O vice-presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Laerte Teixeira da Costa, se declarou contrário à medida: “O seguro desemprego está cheio de fraudes e o FGTS tem que se voltar aos seus objetivos originais. Meirelles disse que o assunto ainda vai ser analisado pelas áreas técnicas e econômicas. Muito estranho porque o governo não é dono do dinheiro. Espero que o Conselho Curador do FGTS dê uma basta nessa ideia”. Essa é uma atitude imediatista do governo, uma tentativa de cobrir déficits com soluções que não incluem medidas de austeridade necessárias para corrigir os rumos da administração pública brasileira. O presidente da UGT, Ricardo Patah, disse que está atento ao assunto e que deve incluí-lo em discussão interna nos próximos dias.
DATAFOLHA: em geral, os governantes detestam esse tipo de pesquisa feita pelo Datafolha entre os dias 21 e 23 de junho. A amostragem avaliou a aprovação da gestão federal atual e descobriu que ela caiu aos piores índices da história recente. Mas, não parou por aí. Também fez perguntas incômodas e buscou saber a disposição popular em relação ao futuro do atual governo. Enfim, a aprovação da gestão caiu para 7%, a menor em 28 anos. 76% acham que o atual governo deveria renunciar, enquanto 81% estão de acordo que o Congresso Nacional aprecie um processo de impeachment. A maioria concorda com a convocação de eleições diretas (83%) e mais de dois terços dos ouvidos acham que o presidente deveria sair já. “Esta foi a primeira vez que o Datafolha fez uma sondagem sobre o apoio a uma possível saída de Temer do cargo desde que ele assumiu de forma efetiva a Presidência”, afirmou o jornal Folha de São Paulo (24/6)
VERGONHA DE SER BRASILEIRO: “A crise política e econômica instalada no país contaminou a autoestima dos brasileiros. A vergonha de sua nacionalidade acometeu 47% da população, maior índice registrado pelo Datafolha desde o início da série histórica em março de 2000” (Folha de São Paulo, 24-06). Chega a ser assustador que quase metade da população brasileira tenha vergonha de seu país. Pouco mais da metade tem orgulho de sua cidadania. Todos esses índices indicam que as autoridades dos três poderes da República devem ficar atentas aos acontecimentos nacionais. É hora de dar mais valor à ética e à moral, combater os vícios e encaminhar o país para as trilhas da decência.
UGT - União Geral dos Trabalhadores