05/05/2017
PERÍODO COLONIAL: no período pré-colonial, o Brasil teve o chamado ciclo do pau-brasil, árvore extraída da Mata Atlântica, com boa aceitação na Europa. À base do escambo, a madeira era retirada por índios que recebiam bugigangas pelo trabalho. Depois de 1530, começaram os esforços de Martin Afonso de Souza para o cultivo da cana de açúcar. Percebida a adaptação da cana, no seu plantio em larga escala, os portugueses se utilizaram da mão de obra escrava e esta existiu até praticamente o final do século XIX. Junto com o açúcar, o Brasil produziu também tabaco e algodão. Embora pudesse existir, não se pode falar em desemprego em pleno período da escravidão. A escravidão tornou-se a base da economia da época e só começou a afrouxar com a imigração estrangeira, vinda exatamente para substituí-la.
FASES: nas escolas brasileiras sempre se estuda a economia do Brasil pelos chamados "ciclos econômicos": pau-brasil, cana de açúcar, ouro, café e industrial. Foi uma simplificação. Trabalhos mais recentes identificam a existência de três fases bem distintas: escravidão indígena e africana, transição do trabalho escravo para o trabalho livre e assalariado e a massificação do trabalho na industrialização e êxodo rural. Foi extraordinário o país ter passado pelo século XX com crises pontuais, rupturas de caráter político e, se olharmos bem, com notável crescimento econômico. Contudo, sempre com grandes bolsões de pobreza e extrema desigualdade.
MILAGRE: entre o início do século XX, mais ou menos por ocasião da crise do café e a implantação da incipiente República, o Brasil começou a transferência da população do campo para as cidades. Acelerou-se no período da industrialização. O país conseguiu inverter a localização espacial da população, na maior parte, em meio século, enquanto que na Europa isso demorou quase 300 anos. Grosso modo, passamos de 80% da população no campo e 20% nas cidades para inverso (80% nas cidades e 20% no campo) dentro do século XX. E, apesar dessa brutal realidade, não tivemos grandes crises de desemprego, embora continuassem as injustiças, a segregação social e a desigualdade. Neste período, grandes populações ocuparam as periferias das cidades, os morros e os banhados, vivendo em mocambos, palafitas e favelas.
SÉCULO 21: com a implantação do Plano Real e programas para as famílias de baixa renda, pensou-se que o século 21 poderia ser o momento da grande virada brasileira rumo ao efetivo desenvolvimento social e econômico. O país cresceu num primeiro período, mas recentemente mergulhou numa grande crise, com o aparecimento do desemprego como jamais tínhamos visto ou vivido no passado. Agora, com mais de 200 milhões de habitantes, a maioria deles alojados nas grandes cidades, o Brasil vive uma fase de grandes números e, consequentemente, de grandes problemas. O desemprego é um deles e sua dimensão atual, estatisticamente falando, é assustadora. Fala-se em 12 milhões de pessoas desempregadas.
TEMPOS MODERNOS: o desemprego atual não é só fruto dos descalabros de vários governos, todos esquecidos das reformas necessárias para consolidar o desenvolvimento do país. Em sua raiz existem muitos fatores, desde a falta de escolas e aperfeiçoamento da mão de obra, passando pela revolução tecnológica e chegando à recessão desta segunda década. Essa soma de fatores, levou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a estimar que o desemprego global deverá subir, mesmo que moderadamente. Guy Ryder, diretor-geral da OIT, disse: "Estamos enfrentado um desafio duplo: reparar os danos causados pela crise econômica e social mundial e criar empregos/trabalhos de qualidade para as dezenas de milhões de pessoas que entram no mercado de trabalho a cada ano". Parecia estar falando do Brasil.
UGT - União Geral dos Trabalhadores