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UGT Press 517: Mudanças em curso


16/08/2016

PRIVATIZAÇÃO A CAMINHO: Pedro Parente, o indicado de Fernando Henrique Cardoso para dirigir a Petrobrás, começa a agir em duas direções. A primeira, livrar-se de alguns ativos, incluindo campos petrolíferos promissores do pré-sal, objetivando aumentar as disponibilidades de caixa da empresa, cheia de dificuldades depois de seus superlativos escândalos. A segunda, preparar a venda da Liquigás e considerar sócios privados para a BR Distribuidora. No caso da Liquigás não deve haver resistências porque foi adquirida em situação difícil e, a partir da administração da Petrobrás, piorou. Já com referência a BR Distribuidora, Pedro Parente terá mais cuidados e, por enquanto, está utilizando o termo “parcerias”. São os primeiros passos para a total privatização do complexo Petrobrás, ainda não admitida pelo governo interino, mas que deverá acontecer no próximo governo. A Petrobrás, até mesmo na Justiça americana, vem conseguindo vitórias que aplainarão esse caminho. Convém enxergarmos nas entrelinhas.

 

CANAL DO PANAMÁ: A ampliação do Canal do Panamá, a obra mais portentosa da América Central, é motivo para previsões otimistas, a começar pela arrecadação: deve dobrar os repasses para os cofres públicos panamenhos, atingindo até 2021 aproximadamente 2 bilhões de dólares anuais. Quem administra o Canal é uma figura jurídica interessante (já existente nos Estados Unidos, o país responsável por sua implantação), que poderia ser copiada pelos aeroportos e portos brasileiros, lá denominada Autoridade do Canal do Panamá (ACP). A ACP tem amplo domínio administrativo e jurídico do Canal, impondo-se aos governos locais e provinciais. As novas obras, inauguradas em 26 de junho passado, custaram cinco bilhões de dólares e incluíram novas eclusas e aprofundamento e alargamento do leito navegável. De 960 milhões de metros cúbicos, o Canal poderá passar a transportar 1,7 bilhão. Em termos de contêineres passa de 5 mil para 13 mil. Ou seja, a capacidade dobrou. Outras consequências são uma nova acomodação nas rotas de transporte de cargas ao redor do mundo, afetando o Canal de Suez e as transferências de cargas nas costas Oeste e Leste dos Estados Unidos. Ali, os portos da Costa Leste se preparam para mais cargas e consequente crescimento do movimento. Contudo, a previsão é de que não haja redução no custo dos fretes, os quais já caíram muito por outros motivos.

 

RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA DOS ESTADOS: uma bomba que a presidente afastada não topou, mas foi levada adiante pelo governo interino: a renegociação da dívida dos Estados, na prática a flexibilização da legislação fiscal. Isso significa que os Estados deixarão de pagar 20 bilhões de reais neste ano e, no total, 50 bilhões até junho de 2018. Com prazo fixado pelo Supremo Tribunal Federal, estranhamente em dois meses para fechar a negociação (isso coloca o final do acordo antes da votação do impeachment), mais a duvidosa garantia do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de que o acordo não afetará a meta de superávit primário, os Estados terão importante fôlego em tempos de crise e, de quebra, podem fortalecer a posição política do presidente interino para o final deste mês de agosto, quando se acredita ocorrerá o afastamento definitivo de Dilma Rousseff. O Estado que mais deve é o Rio Grande do Sul e o que menos deve é o Amazonas. Há outras regalias no acordo: alongamento da dívida com a União por 20 anos e amortização dos débitos com o BNDES em 10 anos.

 

NOTÍCIAS INCOMUNS: que o Brasil vive de anúncios já faz tempo. Por aqui disseminou-se a cultura do anúncio: não há necessidade de conclusão de uma obra ou o término de um negócio, basta anunciá-los e os meios de comunicação fazem o resto. Os políticos e os administradores brasileiros já adquiriram suficiente experiência neste jogo e habitualmente iludem com seus malabarismos verbais. Mesmo que o anúncio seja algo inexequível ou absurdo, ele ganha contornos de seriedade. Exemplos: o fim da transposição do rio São Francisco talvez seja recordista neste tipo de lorota, ficando relegado a segundo plano o dinheiro gasto lá e os responsáveis pela condução do projeto. Notícias econômicas, sobretudo previsões, são campeãs em chutes. Agora, antes do afastamento definitivo de Dilma Rousseff, elas abundam: a inflação vai cair, o FMI melhora as previsões de crescimento (neste caso, quase uma piada: a notícia foi de que a queda do PIB de 2017 diminuiria de quase 4% para pouco mais de 3%, mas foi o suficiente para fazer parte da abertura de muitos jornais noticiosos), é o ânimo e a confiança que retornam, etc. Essas são questões menores, o pior acontece quando a notícia é francamente desvirtuada ou mentirosa, como a recente chamada de um jornal de grande circulação sobre os resultados de pesquisa na área política. Fiquemos por aqui, afirmando que esse é um costume difícil de ser extirpado, pois a ignorância geral facilita este tipo de manipulação.




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