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UGT Press 499: Está difícil ser jovem


12/04/2016

DESAFIOS: o professor Jean Pisani-Ferry, da Escola Hertie de Administração Pública de Berlim, em artigo para o Project Syndicate e republicado pela Folha de São Paulo (06/02/2016), afirmou que a comparação de alguns desafios atuais com outros do século passado leva à conclusão de que "ser jovem hoje é relativamente pior do que era há um quarto de século". Ele cita situações relacionadas com o clima, a dívida pública e o emprego, temas que, com exceção do emprego, talvez não tenham tanta repercussão por aqui, abaixo da linha do Equador. Entre nós, provavelmente, seriam incluídos temas como qualidade da educação, assistência à saúde e combate à violência.

 

EMPREGO: pessoas que não estudam e que não têm emprego, a "geração nem nem", são numerosas, contando-se aos milhões: 10,2 milhões nos Estados Unidos, 14 milhões na Europa e, certamente, alguns milhões também no Brasil. Em geral são jovens, homens e mulheres, à procura do primeiro emprego. Esses novos ingressantes, em períodos de crise, como a que estamos vivendo, desanimam com facilidade e dependem de pessoas mais velhas da família para sobreviverem. Isso leva à outra importante constatação: hoje, os mais velhos estão em situação melhor do que os jovens, especialmente nas sociedades americana e europeia. Na sociedade brasileira, o fenômeno não é notado porque a maioria dos velhos precisa continuar trabalhando para se sustentar. Não é incomum, todavia, a existência de famílias que dependem das aposentadorias e pensões dos mais velhos.

 

POLÍTICA ELEITORAL: uma das afirmações do professor Pisani-Ferry refere-se ao desinteresse dos jovens pela política. No Brasil, com a falta de credibilidade que atinge todas as instituições políticas, o desinteresse dos jovens pode ser grande, mas as pesquisas não apontam isso e as manifestações públicas são majoritariamente promovidas por jovens através das redes sociais. Há poucas referências no primeiro mundo sobre o conflito de gerações e os candidatos estão dirigindo suas mensagens para o público mais velho. Procede esse direcionamento, na medida em que se constatou, nas últimas eleições parlamentares americanas, que o comparecimento dos velhos foi o dobro dos jovens. Diz o professor: "A despeito da crescente incerteza que enfrentam, os cidadãos mais jovens se envolvem muito menos com a política eleitoral do que faziam seus pais e avós quando tinham a mesma idade".

 

AUSÊNCIA NOS SINDICATOS: no mundo todo há uma fuga dos jovens das organizações sindicais. A Confederação Sindical das Américas (CSA) tem promovido campanhas entre as suas filiadas do Continente para sensibilizar os jovens e as mulheres para entrarem nos sindicatos. A CSA esbarrou ainda em outro fenômeno; o grande número de pessoas, principalmente mulheres, trabalhando na economia informal, sem nenhuma proteção social. Essa preocupação também já chegou à OIT (Organização Internacional do Trabalho) e o tema foi discutido na conferência anual de 2015. A CSA realiza o seu III Congresso no Brasil, em abril, e uma de suas regras será a participação paritária entre homens e mulheres e, dentro de ambos os segmentos, a participação obrigatória de jovens. A inovação tem sido aplaudida pelas organizações filiadas, entre as quais a União Geral dos Trabalhadores do Brasil (UGT), que já designou uma delegação paritária e com presença de jovens.

 

VOTO OBRIGATÓRIO: uma das recomendações do professor Jean para as sociedades americanas e europeias é a introdução do voto obrigatório, que já existe no Brasil e há sempre uma boa porcentagem de cidadãos querendo acabar com ele. Essa constatação de que o voto obrigatório seria melhor para os Estados Unidos também já foi defendida por inúmeros intelectuais americanos. Há outras sugestões: limitação do número de mandatos que um deputado pode exercer, parlamento da juventude ou órgãos especiais para examinar as questões inter-geracionais. 

 

ATUALIDADES CIT-OIT: a Conferência Internacional do Trabalho (CIT), da Organização Internacional do Trabalho (OIT) se realiza todos os anos entre o fim de maio e o início de junho em Genebra, na Suíça. Anualmente, aquela cidade é invadida por trabalhadores, patrões e governos, estes representados por servidores públicos graduados e, eventualmente, por ministros de Trabalho. A OIT é a única organização multilateral tripartite. Tem muita importância para as relações de trabalho no mundo. Apesar desse prestígio e de suas instâncias quase centenárias, o mundo do trabalho vem sendo sacudido por problemas cada vez mais graves que precarizam essas relações, dificultam o objetivo da igualdade e não facilitam o caminho até à justiça social, este o objetivo básico para o qual a OIT foi criada.




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