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UGT Press 494: Estátuas cobertas para o presidente do Irã


11/03/2016

HASSAN ROHANI: a visita do presidente do Irã à Itália deu o que falar. Na sua passagem por Roma, em fins de janeiro, ele foi recebido pelo primeiro ministro italiano, Matteo Renzi e mais uma centena de pessoas, entre autoridades e empresários do país, todos felizes por estarem fazendo negócios de 17 bilhões de dólares com a nova estrela do Oriente Médio. Até aí, nada demais. Ocorre que as autoridades italianas esmeraram-se nos gestos de boas vindas. No afã de agradar o presidente do Irã, cobriram estátuas romanas e gregas, monumentos e pinturas que pudessem "ofender" o visitante, potencial comprador de produtos italianos. Entre as preciosidades cobertas estão a “célebre cópia de Praxíteles e os testículos do cavalo em que está montado Marco Aurélio, na única estátua equestre da sala Esedra do Capitólio", nas palavras do Prêmio Nobel Mario Vargas Llosa (Estadão, 07/02/2016). Bebidas alcoólicas também foram proibidas em qualquer recepção à delegação iraniana. Houve reação imediata dos meios intelectuais e culturais italianos. Massimo Gramelin, do jornal La Stampa, afirmou: "É uma submissão intolerável de alguns governos ante a visita do mandatário de um país onde ainda as adúlteras são apedrejadas e os homossexuais enforcados em praça pública, além de outras barbáries semelhantes" (idem, idem).

 

HAITI: no dia 7 de fevereiro foram comemorados os 30 anos da queda de Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, ex-presidente do Haiti, finalizando 29 anos de ditadura de uma mesma família. Baby Doc fugiu do Haiti em 1986, exilou-se na França, a velha potência colonizadora e exploradora da Europa, que junto com a Espanha, responsável pela incrível divisão da Ilha Espanhola em duas nações, uma delas hoje a próspera República Dominicana. Do outro lado da ilha, o Haiti continua igual ou pior. A saída de Baby Doc foi considerada a segunda independência do país e inaugurava um novo período de esperança. "Hoje, aquele otimismo e a transição política, assim como as melhorias socioeconômicas que a acompanhariam, para a vasta maioria dos haitianos são lembranças distantes de sonhos adiados. O Haiti continua sendo um país de uma pobreza estarrecedora, desigualdade e falta de oportunidade" assim escreveu Robert Maguire, diretor do Programa de Estudos Hemisféricos e Latino Americanos da Universidade George Washington (Estadão, 08/02/2016).

 

MATEMÁTICA: Marcelo Viana é o novo diretor do IMPA (Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada). Ele terá a responsabilidade de ajudar a organizar a Olimpíada Internacional de Matemática (2017) e o Congresso Internacional de Matemáticos (2018), ambos no Rio de Janeiro. Marcelo, um jovem entusiasmado, quer aproveitar os acontecimentos para fazer com que os anos de 2017 e 2018 sejam o "Biênio da Matemática no Brasil". Em longa e surpreendente conversa com Gabriel Alves e Mariana Versolato, repórter e editora de "Cotidiano" da Folha de São Paulo (28/01/2016), ele afirmou: "Tem gente que diz que a matemática no Brasil é um paradoxo, porque temos um Medalha Fields (maior láurea científica do país, concedida a Artur Ávila, pesquisador do Impa) e um dos piores desempenho na educação básica. O paradoxo tem explicações. Começa com o fato de que a matemática é uma desconhecida, uma incompreendida na nossa sociedade. A meta de quem organiza o congresso é ter um instrumento pra mudar isso. Começa nas famílias. O que a criança tem de contato com os pais é pouco. Aí vai pra escola com carências de instalações físicas, de recursos, de tempo, de formação de professores. Nossa experiência diz que todas as crianças pequenas gostam de matemática. São os professores que se encarregam de acabar com isso". Pessoas como Marcelo Viana dão nova esperança ao ensino brasileiro de matemática.

 

FAMÍLIAS: um dos visíveis sintomas de crise são as constantes reportagens estampadas nos jornais e nas TVs, em geral orientando os leitores e telespectadores para a necessidade de fazer economia. Os conselhos e dicas para gastar menos vão desde evitar atrasos no cartão de crédito até diminuir o número dos canais de TV a cabo. Conselhos típicos para a classe média. Para outros estratos, mais na base da pirâmide social, a economia passa por reduzir o consumo de água, luz e gás e fazer pesquisa de preços antes de visitar os supermercados. O que a maioria dessas reportagens mostra é que os brasileiros devem se obstinar a fazer isso ainda durante todo o ano de 2016 e esperar alguma melhoria para 2017. Será? 




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