07/03/2016
ANORMALIDADE GLOBAL: o professor Nouriel Roubini, considerado o "profeta do apocalipse" por ter previsto a crise de 2008, advertiu sobre novas "anormalidades" na economia global. Desde o início deste ano, diz ele, enfrentamos uma "severa instabilidade nos mercados financeiros", decorrente de vários fatores: inquietações na China; preocupação com o crescimento dos Estados Unidos; temores no Oriente Médio, especialmente em relação à Arábia Saudita e Irã; queda demasiada nos preços do petróleo e das commodities. Acrescenta outras tendências como falta de liquidez e alto endividamento das companhias de energia e fundos soberanos das economias exportadoras de petróleo, a ameaça crescente de saída da economia britânica do âmbito da União Europeia e tendências de baixo crescimento para a economia mundial. Seu artigo, escrito para o Project Syndicate e republicado pela Folha de São Paulo (05/02/2016), informa a queda no crescimento dos países em desenvolvimento e emergentes; elevação da dívida pública e privada desses mesmos países e o visível esforço dessas economias para a redução de suas dívidas. Uma curiosidade no que o professor Roubini escreveu refere-se à volta das medidas monetárias heterodoxas, um caminho que parece ser o preferido do novo ministro da Fazenda do Brasil, Nelson Barbosa.
DESIGUALDADE: o sociólogo Pedro Pereira de Souza, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), observou os dados históricos da desigualdade no Brasil e notou que, embora muita coisa tenha mudado nesses praticamente 100 anos, o Brasil continua mantendo os mesmos índices deploráveis de concentração de renda. "O bolo cresceu, mas não foi dividido. Com alguns pressupostos, pode se estimar que a fração da renda recebida pelo 1% mais rico oscilou entre 20% e 25% durante boa parte do tempo" (Folha de São Paulo, 03/02/2016). Há constatações curiosas feitas pelo sociólogo: houve aumento expressivo da desigualdade nos primeiros anos das duas ditaduras do século 20 (Estado Novo e ditadura militar); a queda mais prolongada da desigualdade ocorre nos anos 1950 durante o governo de Juscelino Kubitscheck de Oliveira. Por fim, ele diz "esperar que o crescimento puro e simples resolva nossa questão distributiva não funcionou no passado e dificilmente funcionará no futuro" (idem, idem).
RIACHUELO CONDENADA: a indústria de roupas do Grupo Riachuelo, Guararapes Confecções, foi condenada a pagar uma pensão vitalícia a uma costureira lesionada em virtude das atividades exercidas na empresa. Segundo André Campos e Ana Aranha, do Repórter Brasil, "a ex-funcionária desenvolveu Síndrome do Túnel do Carpo, que provoca dores e inchaços nos braços. A ação aponta que a trabalhadora teve a sua capacidade laboral diminuída devido ao ritmo de trabalho exaustivo demandado pela fábrica potiguar, onde são confeccionadas peças de roupa vendidas pelas lojas da Riachuelo".
A SENHORA DE UM TRILHÃO: numa analogia interessante, o professor Paulo Rabello de Castro (PH.D da Universidade de Chicago e autor do livro "O mito do governo grátis") traça um paralelo entre a curiosidade despertada pelos acumuladores de ativos, gente que se deu bem em algum ramo de atividade, inclusive ilícitas e aqueles que sem despertarem qualquer curiosidade acumulam enormes passivos. Dentre esses, tanto Rabello quando Mônica de Bolle, ambos em artigos no jornal "O Estado de São Paulo" (23-01 e 03-02-2016), apontam para a presidente Dilma Rousseff fazendo uma pergunta, no mínimo, incômoda: "Quanto nos custou a atual presidente do Brasil?". Há várias formas de responder a essa pergunta e ambos os articulistas citam algumas, todas com resultados assustadores, a ponto de afirmarem que a presidente brasileira pode figurar no livro dos recordes (Guinness) e ser considerada a pessoa que mais produziu prejuízos à sociedade brasileira. Os cálculos de ambos são complicados e não são considerados os pormenores e a natureza especial da situação vivida ou herdada pela presidente, mas chegam a inacreditáveis um trilhão de reais.
ATUALIDADES - O IMBRÓGLIO DELCÍDIO DO AMARAL: parece que não há dúvida, Delcídio do Amaral, senador do Partido dos Trabalhadores (PT) pelo Mato Grosso do Sul, realmente tenta fazer um acordo de delação premiada e o depoimento vazado para a Revista Isto É foi considerado verídico pelos meios de comunicação. O documento publicado foi confirmado pela Folha de São Paulo, Estadão e Globo. O principal conteúdo (afirmações ainda sem provas materiais) é colocar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a atual presidente Dilma Rousseff no âmbito do escândalo da Operação Lava Jato. Nas primeiras horas após a revelação do documento, a estratégia da situação foi desqualificar o senador. A presidente condenou "os vazamentos de depoimentos como arma política". As revelações e vazamentos são condenáveis à medida que deveriam estar protegidos pelos principais órgãos investigativos da República, mas não descaracterizam sua autenticidade. O PSDB, que tem muitos de seus quadros sob suspeita, concentrou fogo também sobre o senador procurando meios para cassar seu mandato, mas limitando-se através de alguns líderes a pedir a anexação do depoimento no processo de impeachment de Dilma Rousseff. São unânimes as opiniões de que a situação política agravou-se. Com a divulgação do PIB, a situação econômica apresentando queda de quase quatro por cento é outro complicador. Não há revisão de solução da situação econômica ou política em futuro imediato. As centrais sindicais de trabalhadores do Brasil devem se reunir na próxima semana para examinar a situação.
UGT - União Geral dos Trabalhadores