26/02/2016
ALGO ERRADO: desde que o mundo se viu dominado pela ganância financeira, seja pela maximização dos lucros das grandes corporações ou pela roleta global, o cassino representado pelas bolsas de valores, as instabilidades passaram de periódicas a constantes. Contribuíram para isso a total desregulação dos mercados financeiros, a supremacia dos bancos e a irresponsabilidade dos governos, alguns assumindo crescentes déficits orçamentários e aumentando suas dívidas. Este início de 2016 tem sugerido a existência de um panorama ruim, de péssimas perspectivas e de muitas incógnitas. Neste mesmo espaço já se afirmou que a queda nos preços do petróleo, que poderia ser boa para a economia global, está se mostrando nociva e desmentiu a teoria econômica clássica, na qual gastos menores com matérias primas seriam bons para os países desenvolvidos. O mundo está descobrindo que não é bem assim e o cenário atual é de provável continuidade da crise nos mercados financeiros e de pontuais turbulências, agora incluindo um novo gigante no palco das incertezas, a velha China.
SINAIS: a revista inglesa "The Economist" relata que o início de 2016 apresenta uma desastrosa queda nos preços das ações das empresas do setor financeiro. Nos Estados Unidos caíram aproximadamente 20%, os bancos japoneses perderam 36% e os italianos 31%. Da Grécia nem se fala, foram perdidos absurdos 60%. Na Europa em geral, a queda ultrapassou 20%. "Na Europa, os maus ventos colheram tanto as grandes instituições quanto as pequenas, derrubaram mastodontes do interior da área do euro, como o Société Générale e o Deutsch Bank - duas instituições cujas ações perderam 10% em questão de horas esta semana -, e também gigantes de fora da eurolândia, como o Barclays (Grã-Bretanha) e o Credit Suisse (Suiça)" (The Economist, reproduzido no Estadão, em 12-02-2016).
CHINA: entre as preocupações que se somam, está a China. Não se sabe ao certo quanto às possíveis medidas do governo chinês para debelar, por enquanto, os incêndios pontuais no seu mercado financeiro. Sabe-se que a China quer evitar a deterioração de sua moeda e impedir redução maior no seu, ainda muito bom, ritmo de crescimento. Mas, o temor maior reside na visível diminuição das reservas chinesas, hoje em mais de três trilhões de dólares. Para se ter uma ideia do rombo nas reservas da China, basta dizer que só em janeiro de 2016 ela perdeu quase 100 bilhões de dólares ou, em má comparação, um terço das reservas brasileiras. No ano passado, desde junho, as perdas da China somam quase 800 bilhões de dólares. Não estamos falando de algo pequeno e sim de um monstro, cuja instabilidade pode agravar ainda mais a situação global. Cenário ruim que se acrescenta a uma situação já nada boa.
DESCONFIANÇA: todo este cenário de incertezas, associado a problemas pontuais graves na periferia do mundo, como os do Brasil, da Rússia, do Oriente Médio e de parte da própria Europa, leva a outra e pior crise: a crise de confiança. Sabe-se que, instalado o clima de desconfiança, há um efeito deletério que contamina toda a economia e produz a recessão generalizada. O mundo está muito perto disso como regra mundial e alguns países já vivem essa situação. O Brasil é um deles.
UGT - União Geral dos Trabalhadores