12/02/2016
FUTUROLOGIA: por futurologia se entende a tentativa de prever o futuro. As previsões podem ou não ter base científica. Em geral, o futurólogo (existem alguns respeitáveis e que ganham bom dinheiro com suas previsões) não prevê exatamente o que vai acontecer, mas sim aquilo que poderá acontecer. Normalmente, considerando os acontecimentos do passado e as prováveis tendências do futuro, podem ser previstos cenários possíveis, prováveis ou desejáveis. A credibilidade das previsões implica em boa de dose de plausibilidade (em geral, previsões esdrúxulas ou aparentemente absurdas são desconsideradas) e no conceito de quem as faz. Hoje, empresas e governos se empenham em prever o futuro e muitas decisões são tomadas com base nelas. Não confundir com profecias. A futurologia é considerada assunto sério hoje em dia.
DOIS EXEMPLOS: com base nas trajetórias das seleções de futebol que se classificaram para a Copa do Mundo, a Bloomberg, um dos veículos de informação mais conceituados do mundo, fez a seguinte previsão: “O Brasil será campeão do mundo sem tomar gols”. O que vimos foi bem outra coisa, só contra a Alemanha tomou sete. Já o economista Nouriel Roubini, de origem judaico-iraniana, professor da Universidade de Nova Iorque, previu, antes de 2008, que os preços dos imóveis nos Estados Unidos estavam em uma onda especulativa que, inevitavelmente, levaria a economia ao colapso e a uma crise sem precedentes no mercado de capitais. Segundo a revista Fortune “naquela época, foi qualificado de Cassandra. Agora, é considerado um sábio”. Ganhou o apelido de “doutor apocalipse”. Entre futebol e economia existem distâncias consideráveis.
ECONOMIA: na economia, teoricamente, as previsões deveriam ser mais fáceis. Há antecedentes históricos, estatísticas, teorias fundamentadas e bons registros de acontecimentos em todos os países. Por exemplo, vide o Brasil e verifique os seus antecedentes históricos: governos perdulários, políticos corruptos, déficits públicos permanentes e endividamento constante. Com esse currículo, nenhum economista, nas atuais circunstâncias, arriscaria vaticinar um futuro imediato confortável para o país. As inúmeras previsões que se fazem sobre o Brasil são as piores possíveis. No passado recente, por exemplo, ninguém acertou que a economia estaria em umm estado tão lastimável no final de 2015 e muitos chegaram a afirmar que o Brasil teria crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Erraram. O país terá crescimento negativo, inflação alta, déficit público e endividamento maior, uma situação que chegou a ameaçar a continuidade do mandato de Dilma Rousseff.
PREVISÕES PARA 2016: olhando para o lado oficial, nota-se que mesmo os técnicos do Banco Central parecem contaminados com perspectivas negativas para 2016 e o Relatório de Mercado Focus prevê inflação acima da meta e juros em elevação. O economista-chefe e sócio do Banco Itaú, Ilan Goldfajn, em artigo no Estadão (05/01) afirmou: “No Brasil quase tudo poderia ser qualificado como surpresa, já que nada parece provável”. Ele listou algumas tendências perigosas que poderiam complicar a situação brasileira: a) choque externo negativo (a China é a bola da vez em termos de crise no mercado financeiro, além da desaceleração e outros problemas); b) juros nos Estados Unidos (o Fed já anunciou a elevação das taxas de juros); c) fragmentação política interna (o quadro ainda não está claro); d) ausência de reformas consistentes e necessidade de ajustes (Levy já foi e o substituto não tem a mesma obstinação); e) outras necessidades internas, como obstar o déficit público e promover ajustes na Previdência Social. Enfim, um quadro com muitos senões e poucas possibilidades econômicas diante da situação. A agravante é a situação política, imprevisível.
FUTURO IMEDIATO: “Por mais que se procure, está difícil vislumbrar um horizonte benigno para a economia brasileira. O PIB diminui, o desemprego sobe, a dívida pública cresce e a incerteza faz com que os agentes fiquem inertes. Que 2015 foi ruim e 2016 também será pouca gente duvida. A questão agora é: quando a economia voltará a crescer? Em 2017? Talvez, mas alguns fatores podem atrapalhar”. Esta foi a frase inicial de um artigo do professor João Ricardo Costa Filho (FAAP - Fundação Armando Álvares Penteado), publicado na Folha de São Paulo (05/01). O título do artigo é “Feliz 2020”. Por quê? Porque 2018 será ano de eleições e o novo governo, qualquer que seja, deverá promover ajustes em 2019, o que poderá resultar numa política econômica recessiva. Aí, realmente, a vida começaria em 2020. É o pior cenário já descrito.
UGT - União Geral dos Trabalhadores