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UGT Press 482: Previsões de UGT Press


05/01/2016

PREVISÕES: a União Geral dos Trabalhadores é uma central sindical rigorosamente pluralista. No seu interior convivem diversas tendências políticas que, felizmente, não interferem nos destinos da entidade. Vez ou outra, discussões mais acaloradas dão vazão a sentimentos e preferências, que terminam sempre com a intervenção mágica do presidente Ricardo Patah, um homem tolerante, capaz de transitar bem entre todas as tendências. Muito paciente, Patah tem se notabilizado por sua capacidade de conciliar divergências e buscar consensos. Assim tem sido na UGT desde a sua fundação e talvez resida aí sua vocação para o crescimento. Com praticamente nove anos de existência, a UGT-Brasil consolidou-se como um braço sindical confiável, capaz de dialogar com o governo e a oposição sem, contudo, aderir abertamente a este ou àquele lado. Não é fácil, sobretudo em anos bicudos.

 

ÚLTIMO PRONUNCIAMENTO DE 2015: apesar de paciente, tolerante e dialogador, Ricardo Patah foi enfático em seu último pronunciamento de 2015: "Escolher este momento de grave crise, com o País à beira da depressão econômica, para propor Reforma da Previdência e Reforma Trabalhista é um verdadeiro crime de lesa-trabalhador. Falar em negociado sobre o legislado, terceirização e outras flexibilizações, enquanto o desemprego cresce descontroladamente é dar cobertura do Governo à negociação entre a corda do patrão e o pescoço do trabalhador". Foi um pronunciamento duro de quem, à primeira hora, ouviu Dilma Rousseff e sempre esteve pronto ao diálogo aberto e desinteressado. Evidente que, com a perda de apoio em vários segmentos, o governo quer ser simpático aos empresários, o que o Congresso Nacional já vem fazendo com inegável despudor.

 

ALERTAS: muito antes das eleições de 2014, UGTpress foi crítica em relação ao represamento dos preços públicos e ao déficit do governo, sendo especialmente rigorosa com os malabarismos da chamada "contabilidade criativa". Com certeza, foi o primeiro boletim sindical a alertar sobre os perigos que rondavam a Petrobrás, buscando nas entrelinhas de reportagens da grande imprensa muitos dos sinais que mostravam o perigoso rumo da maior estatal brasileira. Também fez isso em relação ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), algo ainda por ser desvendado. Todas essas evidências serviram para que UGTpress fosse repetitiva quanto às armadilhas que nos colocavam no rumo da hecatombe econômica de 2015 e 2016. Infelizmente, UGTpress acertou!

 

O PERIGO CONTINUA: O Brasil perdeu quase todo o ano de 2015 numa tentativa frustrada de ajuste econômico. No Ministério da Fazenda, foi empossado um técnico oriundo do mundo das finanças que somente fez engordar os lucros dos bancos sem resultados práticos no combate à inflação ou ao déficit público. Também as questões políticas, especialmente o imbróglio do impeachment, amordaçaram o Executivo, deixando-o sem ação ou reação. O déficit persistiu e o país chega a 2016 com um novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, amigo próximo da presidente, o que faz supor a continuidade do modelo de condução econômica de Guido Mantega, cujos resultados foram totalmente desestimulantes. O perigo continua porque há déficit nos municípios, nos estados e na União, sem que haja uma ação saneadora das contas públicas, algo absolutamente necessário para recolocar o Brasil numa rota de crescimento sustentável. O país precisa de uma "revolução pela administração", algo já defendido há muito tempo neste mesmo espaço. Temos um Estado esbanjador e perdulário, inimigo da parcimônia e dilapidador das finanças públicas. Há muita gordura para cortar e fazer isso não é difícil.

 

CONGRESSO: as dificuldades para um orçamento equilibrado vêm do Congresso Nacional, onde abundam leis dissipadoras do rigor administrativo e fazendário. Nossas duas casas de leis têm em seu comando presidentes desfocados do rigor ético que seria necessário para a condução de nossos Legislativos. Na verdade, aquele espaço democrático que tanto custou implantar depois do regime militar, tornou-se um balcão de negócios. A maioria de seus membros não pensa no país e estão muito longe das necessidades patrióticas da Nação. Pior é que parece não haver solução à vista e novas eleições não têm sido suficientes para tornar o Congresso Nacional voltado verdadeiramente para as necessidades da população. Que fazer? O Executivo está amordaçado e o Judiciário começa a ocupar o espaço deixado pela omissão do Legislativo. Não sabemos onde a nau vai ancorar.  

  

REZAR É A SOLUÇÃO? A popularidade de nossas instituições nunca esteve tão baixa. Não há confiança e essa desconfiança se disseminou pelos agentes econômicos. O governo tem míseros dois meses para mostrar sua nova face, enquanto a Câmara Federal, com seu astuto presidente agindo para salvar a própria pele e de seus iguais, age claramente em direção à desestabilização do Poder Executivo. É o pior dos mundos. O país está nas mãos do Senado da República, de onde se espera um pouco mais de inteligência, embora as ações pretéritas não indiquem essa qualidade. Mas, é o que temos. Resta talvez rezar para que nossas autoridades tenham comedimento e sensatez.

 

ATUALIDADES: causou estranheza e até indignação em alguns petistas a declaração do ministro Jaques Wagner (Casa Civil), quando disse que "o PT se lambuzou no poder". Figuras notórias (Tarso Genro, por exemplo) criticaram o pronunciamento. Rigorosamente verdadeiro, o pronunciamento tenta uma nova estratégia: fazer um "mea culpa", soar mais verdadeiro e tornar o partido mais simpático à parte contrária do eleitorado. Jaques Wagner não foi compreendido e, como sempre, as críticas saíram do interior de sua própria agremiação. Todavia, não é uma declaração qualquer: trata-se de um quadro qualificado, titular da Casa Civil, nome tradicional, tido como inteligente e preparado.




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