21/12/2015
ÉTICA EMPRESARIAL: alardear a qualidade dos produtos sempre foi objetivo da propaganda. Ocorre que, com o aumento dos recursos e a penetração dos meios de comunicação, principalmente a televisão, houve natural evolução das técnicas de publicidade e abordagem dos consumidores, com inevitáveis abusos. Essa falta de ética empresarial está afugentando, particularmente, a "geração milênio" (pessoas nascidas entre 1980 e 2000). Segundo a revista The Economist "hoje em dia, com alguns cliques a pessoa descobre as verdades (e também as inverdades) sobre as coisas que está pensando em comprar. Avaliações divulgadas na internet e comentários postados em redes sociais ajudam os consumidores a identificar os reais méritos e deméritos de um produto, indo além da imagem que os fabricantes tentam construir ao seu redor" (Estadão, 24/11/15). As empresas morrem de medo de ver a ética empresarial ir para o ralo e, portanto, algumas organizações estão preocupadas com as mensagens aos consumidores. Melhor assim.
CONTRATOS SINDICAIS: a existência dos "contratos sindicais" na Colômbia tem sido objeto de controvérsia. A Central Única dos Trabalhadores (CUT-Colômbia) solicitou à CSI/CSA (Confederação Sindical Internacional e Confederação Sindical das Américas) que desenvolvam "uma campanha internacional para eliminar da legislação colombiana a figura de intermediação trabalhista que deslegitima o movimento sindical". É um documento vigoroso onde a CUT explica o conceito e a natureza jurídica do contrato sindical, suas principais características e os problemas que criam. Para a CUT-Colômbia, os contratos sindicais violam os Convênios 87 e 98 da Organização Internacional do Trabalho. Ainda não há consenso no movimento sindical internacional sobre esse instrumento jurídico da Colômbia, mas é provável que isso ocorra em 2016.
EUROPA SEM RUMO: a história recente do mundo árabe e a maioria dos fatos gestados, principalmente depois das duas Grandes Guerras mundiais, estão culminando neste início de século com acontecimentos dramáticos: ocupações, guerras, subversão civil, intolerância religiosa, conflitos de toda ordem e atentados terroristas, dentro e fora da área. A grande Europa Unificada, cujo início remonta à formação da Comunidade do Carvão e do Aço, criação do Mercado Comum e sua expansão para países que conquistaram a democracia, está ameaçada. Especialmente, a garantia de livre movimentação de pessoas, novas ampliações aos antigos países do leste e o Tratado de Schengen, que aboliu muitos controles fronteiriços. Essa criação extraordinária, uma Europa comum, hoje corre riscos reais de ver retroceder todas essas conquistas, marcos civilizatórios. Segundo Paul Krugman "o tão sonhado projeto europeu enfrenta uma série de desastres e o bloco não pensou em uma alternativa realista" (Estadão, 28/11/15).
RACISMO: em que pese os Estados Unidos terem eleito um presidente negro, vez ou outra somos surpreendidos por crimes contra a população negra. No último, de extrema violência, um policial branco atirou 17 vezes num jovem negro de 17 anos. A mensagem no Facebook do presidente Obama, por ocasião do Dia de Ação de Graças, o principal feriado do país, se refere ao fato e agradece a população de Chicago por fazer "protestos pacíficos". Sabe-se que crimes de policiais brancos contra negros nos Estados Unidos são frequentes, havendo muitas ocorrências repetidas em vários estados. A sociedade estadunidense é ainda uma sociedade fracionada entre brancos, negros e latinos. Há candidatos a presidente do Partido Republicano fazendo campanha e prometendo um grande muro de separação entre México e Estados Unidos. Um absurdo.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF): juristas e torcedores do impeachment debruçaram em críticas e elogios ao STF. Seja como for, é a mais alta corte do país e suas decisões são irrecorríveis. Majoritariamente, a opinião geral é que a decisão foi embasada no rito de 1992, quando o presidente Collor de Mello foi afastado do cargo. Obedeceu-se aos precedentes. Até aí, nada demais. As condições estão postas e as casas legislativas devem trabalhar de acordo com a decisão.
CREDIBILIDADE: com um presidente da Câmara Federal pra lá de suspeito, tudo fica embaçado. As análises devem levar em conta este fator desestabilizante, seja para contar os manifestantes do dia 13 de dezembro ou para justificar a decisão do STF. O Brasil nunca teve na presidência da Câmara alguém tão contestado do ponto de vista moral e ético. No Senado, cujo protagonismo cresce em função da decisão do STF, é igual. Então, há uma propensão das demais instituições em compensar esses desequilíbrios éticos. O futuro é incerto diante da alta desconfiança em nossas casas legislativas.
MAIS DA MESMA: apesar da inegável vitória da presidente Dilma Rousseff no STF, ela continua a mesma, vítima de sua herança cultural e política. Com a oportunidade de mudar e fortalecer o governo, propiciada pela saída de Levy, ela lamentavelmente manteve a coerência e nomeou o seu já subordinado Nelson Barbosa, antes ministro do Planejamento. A economia, como em todo o primeiro mandato, continuará sendo conduzida por Dilma Rousseff. Nomear nova dupla para o Ministério da Fazenda e Banco Central era tido como ocasião rara para um salto técnico qualitativo. A oportunidade foi desprezada pela nomeação de Barbosa, solução doméstica. A presidente preferiu continuar trabalhando com amigos. Se não der certo, o que é bastante provável, a grita pelo impeachment voltará com força total.
FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO: com esta edição completamos as normais 52 vezes presentes em seu correio eletrônico. Continuamos recebendo muitos pedidos para o recebimento de UGTpress e dificilmente temos cancelamentos. São aproximadamente 10 mil correios eletrônicos em nosso cadastro, a maioria de organizações sindicais, mas também autoridades e lideranças de todas as áreas. Voltaremos em 2016. Desejamos aos nossos leitores um feliz natal e um próspero ano novo.
UGT - União Geral dos Trabalhadores