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UGT Press 475: Novamente terrorismo em Paris


16/11/2015

TERRORISMO: o terrorismo é uma estratégia política que se utiliza de meios militares. Inclui assassinatos, sequestros, explosões à bomba, matanças indiscriminadas, raptos, torturas e linchamentos. Depois da Segunda Grande Guerra, inicialmente, chegou a ser olhado num contexto revolucionário, tanto que as guerrilhas e os guerrilheiros não eram vistos como terroristas. Isso mudou. Hoje, muitas ações e de variadas origens são consideradas terroristas, abrangendo o uso da violência física e psicológica. No século XIX, os terroristas poupavam inocentes, mas nos últimos dois séculos, especialmente agora no século XXI, suas ações adquiriram tamanha amplitude e eles passaram a se utilizar dos meios de comunicação, combinando o espetáculo midiático com a violência explícita. Assim, tanto é terrorismo a ação isolada de um atirador americano em escolas do país, como a execução sumária de um prisioneiro pelo Estado Islâmico. Ou o ataque às Torres Gêmeas em 11 de Setembro, como a invasão do jornal Charlie Hebdo em Paris, no início deste ano.  

 

CHARLIE HEBDO: passados poucos dias de dez meses, ainda em nossa memória os ataques dos irmãos Said e Chérif Kouachi ao jornal parisiense Charlie Hebdo, que resultou na morte de 12 pessoas (mais cinco feridos), a capital francesa volta a ser palco de uma grande e orquestrada chacina. Em 13 de novembro, sexta-feira, um grupo de terroristas, acredita-se muçulmanos, promoveu várias ações em pontos distintos de Paris: foram vários atentados que matou mais de uma centena de pessoas, todas vítimas inocentes, civis que se divertiam em restaurantes, boates e no principal estádio de futebol (Stade de France), onde jogavam amistosamente as equipes de futebol da França e da Alemanha. Ali, no campo de futebol, a tragédia poderia ter sido maior: as bombas, atada aos corpos dos terroristas, explodiram fora do estádio. O mundo foi mais uma vez pego de surpresa e se sente cada vez mais impotente diante desse tipo de ação, em que um só homem (ou poucos, conforme o caso) é suficiente para fazer um estrago de grandes proporções.

 

EUROPA: nos últimos anos, a Europa vem sendo paulatinamente atacada por grupos terroristas, alguns de efeitos desastrosos como os de março de 2004 (Madri, 191 mortos e mais de 2000 feridos), de julho de 2005 (Londres, 56 mortes) e de julho de 2011 (Oslo, 69 mortos). Este último teve dinâmica própria e pode ser considerado atípico, mas os de Madri e Londres guardam similaridade com o de Paris de sexta-feira, 13 de novembro. O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria dos ataques de Paris, dizendo: "É só o começo!". Ameaçou outras capitais importantes do mundo, como Washington e Londres. O portal de notícias do EI escreveu que a França está "bebendo do mesmo cálice", referindo-se aos ataques feitos na Síria, onde, segundo o EI "atinge velhos e crianças inocentes". Portanto, a questão é política e não militar. O EI não tem moral para falar em assassinato de inocentes.

 

O OCIDENTE TEM CULPA: sob qualquer prisma, não se justificam os ataques terroristas contra pessoas inocentes e indefesas. Contudo, sabe-se que a origem do Estado Islâmico está nas trapalhadas do Ocidente, especialmente dos Estados Unidos, quando invadiu o Iraque sob a justificativa de que o país possuía armas químicas. As questões da Líbia e da Síria foram mal trabalhadas e são problemas ainda insolúveis. De quebra, há o problema árabe-israelense, sempre causa permanente de atritos. Aquela região toda é antidemocrática e vive sob sectarismo religioso e político, não se separando uma coisa da outra. Ali, o Ocidente só tem interesse no petróleo. A solução é desenvolvimento, educação e emprego para os jovens, mas isso, de resto, é a solução para todos os problemas do mundo. O mapa da região é cheio de incógnitas e problemas.  Não há solução à vista. Mas, repetimos, o terrorismo contra inocentes não deve ser admitido sob nenhuma hipótese.

 

CIVILIZAÇÃO VERSUS BARBÁRIE: na verdade, o mundo está diante de um conflito entre a civilização e a barbárie. A França é um dos berços da civilização e a Revolução Francesa de 1789 é um marco no avanço da democracia. Sua influência foi grande e marcou o fim do absolutismo monárquico. O lema - Liberté, Égalité, Fraternité - ainda hoje é algo importante em todo e qualquer movimento libertário. Do outro lado, naquela região do Oriente Médio, onde nasceram três das principais religiões do mundo, há atraso, falta de democracia e ausência de prática dos direitos humanos. Não se justifica a barbárie cometida nas capitais da Europa ou em Nova Iorque.

 

UGT SOLIDÁRIA COM AS CENTRAIS FRANCESAS DE TRABALHADORES: Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores do Brasil, chegando exatamente da Europa onde foi participar da reunião da UNI, foi duro ao saber dos atentados: "Esta questão ultrapassa todos os limites do bom senso. Não se justifica o terrorismo em nenhuma circunstância. Estou determinando o envio de cartas de solidariedade às nossas coirmãs francesas, dizendo que os trabalhadores brasileiros partilham da dor e do sofrimento dos trabalhadores franceses. Nesta hora difícil, de luto, a UGT-Brasil não se cala diante de tanta iniquidade".




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