06/11/2015
POLÍTICA: a política já foi considerada uma arte por quem a praticava ou estudava, nos parlamentos e nas escolas. Também ciência, na medida em que cuida dos negócios do Estado e é um sistema de regras que diz respeito à direção dos negócios públicos. Nos dicionários é um vocábulo extenso, vai desde objetivos que conformam a ação governamental até a arte de bem governar os povos. Para a parte ruim da política, vocábulo é “politicalha” ou “politicagem”, no caso se estreitando para mecanismos de uso deturpado ou pessoal, de interesses escusos, onde há pouco ou nenhum escrúpulo. Com certeza, parece, este é o caso do Brasil neste momento. Aqui, os verdadeiros manuais de política estão empoeirados nas bibliotecas, fazem parte dos currículos das escolas de direito, mas não são seguidos por aqueles que diuturnamente praticam esta arte desprezada. Estamos falando genericamente, mas quando se olha a história pregressa de nossos presidentes das Casas Legislativas (Câmara Federal e Senado da República), nós, os trabalhadores brasileiros, aqueles que têm vergonha e gostariam de comprovar o caráter ilibado dessas instituições, nos assustamos e ficamos pasmos diante da realidade: gente acusada de corrupção, com dinheiros ilícitos em contas bancárias do exterior e outras constatações estarrecedoras. Como diz a sabedoria popular, o Brasil chegou ao fundo do poço, sem qualquer esperança nas atuais instituições republicanas.
EXECUTIVO: desde os governos gerais implantados no Brasil colônia, o executivo brasileiro é useiro e vezeiro nas práticas incompatíveis com o decoro e as boas normas de governabilidade. Os favores, o empreguismo, as sinecuras e todas as mazelas de um executivo malcheiroso e cleptocrático são práticas arraigadas no dia a dia brasileiro. Nossa cleptocracia (palavra que cada vez mais é utilizada no idioma do Brasil) vem de longe, tem origem na cultura governamental portuguesa, que até hoje ainda não se curou de seus males. Aqui a República foi proclamada por um grupo de militares, estimulados pelos barões do café, gente contrariada em ser desprovida da mão de obra escrava, uma excrescência que, para vergonha nossa, durou mais no Brasil. Até hoje, os nossos patrões, principalmente no interior do país, agem como feitores ou capatazes em relação aos seus empregados, algo que vem dos costumes escravagistas, não totalmente extirpados de nosso meio. Enfim, o nosso executivo é ainda dotado de força excepcional, sem democracia e modernização das técnicas orçamentárias, cooptador dos demais poderes e todo poderoso em relação a estados e municípios, que andam de chapéu na mão batendo às portas dos governos de turno. Uma bagunça perpetuada por aqueles que estão nos cargos da República, porque de seu interesse pessoal e familiar. Aqui, os governantes são sócios do Estado.
LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO: o Legislativo brasileiro é outra excrescência, nada nele serve para orgulhar os cidadãos. Figuras exemplares já ocuparam seus cargos, mas foram minoria na história. Hoje, seus presidentes não são exemplos de cidadãos, são pessoas que figurariam melhor em páginas policiais. Atualmente, os nossos poderes são balcões de negócios. Em um Estado cuja massa tributária se iguala a dos países mais desenvolvidos, há dinheiro suficiente para boa educação e saúde. O Judiciário não fica atrás: sem distribuir justiça, moroso e ineficiente, ele perpetua a criminalidade de colarinho branco. A impunidade é sua marca. As diferenças entre aqueles que estão nos cargos públicos, principalmente do Legislativo e do Judiciário, com a massa de trabalhadores que sustenta este país, é abissal: uns estão sujeitos às arbitrariedades de nosso sistema previdenciário e outros se refestelam em polpudas aposentadorias paga por nós, os trabalhadores. Este país é também injusto com seus cidadãos trabalhadores. Sem sistema único de trabalho, com tratamento igual aos trabalhadores da iniciativa privada e do serviço público, jamais chegaremos a ser um país de verdade. Acabar com os privilégios de uma minoria (a maioria dos servidores públicos concursados ganham pouco e carregam o Estado nas costas) é dever de todo governo minimamente honesto.
FUNDO DO POÇO: sem Constituinte não congressual, na qual os formuladores das leis maiores estariam impedidos de se candidatarem, jamais teremos uma Carta Magna capaz de oferecer a oportunidade da existência de verdadeiro e moderno Estado de Direito. Sair deste lodaçal vai exigir muito mais de nossas instituições, mas elas estão ocupadas, na maioria, pelos piores de nossa sociedade. Ali estão os herdeiros de nossa tradição predatória: no início da formação deste país só vieram predadores, gente que queria ficar rica e voltar para os seus países de origem. Essa forma de enriquecimento se perpetuou e nossos políticos fazem de suas atividades públicas a extensão de seus objetivos particulares. Pensam só em si mesmos, sem um mínimo de idealismo, patriotismo ou bem comum. Estamos enrascados!
UGT - União Geral dos Trabalhadores