08/09/2015
CENÁRIOS BRASILEIROS: jornais, revistas, blogs e comentaristas das redes de televisão, via de regra, estão fazendo esforços para descobrir os cenários econômicos do Brasil para os próximos três anos (2015, 2016 e 2017). Serão anos duros. Parece consenso, o recuo ou a redução das metas do ajuste econômico do ministro Joaquim Levy, provavelmente, estende a crise ou a recuperação pelos próximos dois anos e meio. Com boa dose de medidas acertadas (acertando mais do que errando), o cenário mais positivo, previsto para 2017, é de volta ao crescimento econômico. Outro consenso, incômodo, é a previsão de queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015: as apostas vão de meio a 2%. Certamente, se confirmado este resultado negativo, os trabalhadores perderão postos de trabalho e verão diminuído o seu poder de compra.
TRÊS CENÁRIOS: a pedido da Revista Veja, através de um simulador, os economistas Juan Jensen e Thiago Curado (Consultoria Tendências), considerando o provável rebaixamento das notas de crédito do Brasil pelas agências de avaliação de risco, mais o comportamento da inflação e a cotação do câmbio, apontaram três cenários. Para o melhor cenário, aquele em que o crescimento poderia ser ligeiramente retomado em 2016, haveria necessidade de convergência entre o Congresso Nacional, a oposição e o governo Dilma. "Esse cenário otimista poderia se concretizar a partir de um acordo político entre o governo, o PMDB e a oposição para aprovar as medidas mais importantes de contenção dos gastos e de aumento das receitas federais", disse Juan Jensen, sócio de Tendências, à Veja (05-08/15). Os economistas também desenharam cenários piores, um intermediário e outro pessimista, onde haveria persistência da crise e recrudescimento das perspectivas negativas. Uma coisa é certa, segundo a maioria dos analistas: sem convergência política e altas doses de patriotismo, o Brasil não sairá tão cedo do atoleiro.
EXPORTAÇÕES: a melhoria das condições de nossa balança comercial é vital para auxiliar o país no esforço para superar suas dificuldades presentes. A desvalorização do real, por exemplo, contribuiu para que a Vale do Rio Doce saísse do vermelho. Contudo, a desvalorização tem também outras consequências, nem todas boas. Hoje, o maior destino das exportações brasileiras continua sendo a China. Cerca de 20% de nossa receita exportadora vem de vendas para a China, mas, apesar disso, o valor caiu em relação ao ano anterior (seis primeiros meses de 2015 em comparação com o mesmo período de 2014). Para aumento da tensão e preocupação do Brasil, a China começa a emitir sinais de debilidade no mercado de ações, há tendência de redução dos ganhos industriais e o crescimento, embora vigoroso em termos percentuais (próximo de 7%), está muito longe das espetaculares taxas da primeira década do século. Criamos uma espécie de chino-dependência e somos reféns dessa variante econômica.
DÍVIDA PÚBLICA: neste momento, a dívida pública brasileira está em R$ 2.583 trilhões, incluindo o endividamento externo e interno Só no mês de junho aumentou 3,50% (Folha, 28/06/15). Somente considerando os juros, segundo dados da reportagem, foram acrescidos R$ 23,4 bilhões. Isso tem significado especial à medida que aponta para o tradicional exercício da irresponsabilidade fiscal, mostrando a inutilidade do ajuste proposto por Joaquim Levy. O ajuste fiscal tem sentido à proporção quecorrige os rumos da dívida pública e promove o equilíbrio orçamentário. Sem a disposição férrea de buscar a melhoria das contas públicas, não há como recuperar a confiança dos investidores.
INFLAÇÃO E CRESCIMENTO: o Banco Central do Brasil tem consultado os economistas das instituições financeiras para os prognósticos relacionados com a inflação e o crescimento de 2015. A maioria opinou pela piora das expectativas. De acordo com o Boletim Focus, a inflação deve fechar o ano próximo de 10% (9,23%) e o PIB (Produto Interno Bruto) terá retração perto de 2% (1,76%). Isso tudo, aliado à desvalorização do real e ao recrudescimento da taxa Selic, mostra a evolução para cenários nada animadores.
UGT - União Geral dos Trabalhadores