UGT UGT

Filiado à:


Filiado Filiado 2

UGT Press

UGT Press 336: Automataização acelerada


26/03/2013

AREL CAPEK: o escritor checo Karel Capek (1890/1938) foi o criador da palavra robot", a partir do termo "robota", que, em língua eslava, pode significar trabalho compulsório. Em 1921, ele escreveu uma peça de teatro chamada R.U.R. (Rossums Universal Robots). A peça conta a história do cientista Rossum, que desenvolve uma substância química igual ao protoplasma, destinada à criação de humanóides (robôs). Até aqui, dados da Wikipédia, a enciclopédia livre.

CATHERINE RAMPELL: a jornalista de economia e crítica de teatro, Catherine Rampell, escreveu um artigo instigante no The New York Times que tem muito a ver com os trabalhadores modernos. Grande parte do que segue abaixo foi extraída de seu artigo, republicado aqui no Brasil pelo Estadão (11-02). Sua primeira frase é: "Os robôs estão chegando. E o que dizem é que eles querem seu emprego, sua vida, e provavelmente também o seu cãozinho". Ela informa que, só neste momento, em Nova York, "há quatro peças em cartaz que exploram a temática dos cibernéticos enlouquecidos, entre elas uma nova montagem de R.U.R".

ANDRÓIDES: essa mania ou preocupação com a inteligência artificial já rendeu inúmeros livros e filmes. Normalmente, tratam-se de histórias incríveis que descrevem esses robôs como uma espécie de "exterminadores do futuro". Ligar a inteligência artificial e, em consequência, as máquinas criadas pelo engenho humano como inimigas do trabalhador e do emprego não é novidade. John Maynard Keynes foi provavelmente o primeiro a falar em "desemprego tecnológico". É muito comum citar (como fez Laerte Teixeira da Costa, vice-presidente da UGT, em sua pesquisa sobre desemprego, publicada no "Cadernos Ipros", com o patrocínio da Fundação Konrad Adenauer, da Alemanha) os luddites (provavelmente seguidores de Ned Ludd), que teriam destruído máquinas (teares) na Revolução Industrial, em protesto por elas "roubarem" seus empregos.

ARISTÓTELES: a jornalista Rampell não só cita os luddites, como o filósofo Aristóteles, que teria dito: "Se a lançadeira do tear tecesse e a palheta tocasse a lira sem necessitar da mão do homem, os patrões não precisariam de empregados
nem os senhores, de escravos". Ela faz referência a inúmeros livros sobre o assunto e diz que a mídia mundial é louca para anunciar essas novidades. Novidades que chegam do Japão e Alemanha principalmente. Ela diz que "há algo quase freudiano nesses terrores sobre robôs tomando conta da situação, prevendo que a tecnologia que criamos se voltará contra nós, tornando-nos obsoletos ou mesmo extintos".

PERDA DE EMPREGOS: não há dúvida de que as novas tecnologias e novas formas de organização tiram empregos. O que os sindicatos devem fazer, como fizeram os japoneses, é se precaverem e colocar a mão de obra sob maior proteção. A história mostra que, desde que as máquinas começaram a substituir trabalhadores, em que pese a desconfiança dos sindicatos, apareceram novas profissões e novos setores. Em geral, houve melhoria no nível de vida dos países industrializados e maior proteção social. O Estado de Bem Estar Social europeu é uma conquista que veio junto com os aperfeiçoamentos técnicos. Inegavelmente, houve diminuição da jornada de trabalho. O que não podemos permitir é que o capitalismo irracional, neoliberal, calcado exclusivamente no lucro, venha destruir as relações de trabalho. Como disse o velho Marx, essa roda um dia se volta contra o próprio capitalista: sem empregos, não há salários e, sem salários, não há consumo.

JOEL MOKYR: também citado por Rampell, o professor Mokyr, da Universidade Northwestern, diz: "Cada invenção levou à perda de emprego no caso de algumas pessoas. Numa boa sociedade, quando isso ocorre, eles o aposentam e lhe propiciam um clube de golpe e um condomínio na Flórida. Numa sociedade má, eles o colocam na fila do auxílio-desemprego e você terá o suficiente para morrer de fome. É só isso". Sem discussão, sabemos que o Brasil faz parte de uma sociedade que ainda não evoluiu o suficiente para tratar desses problemas modernos. Nossa legislação é arcaica e ruim. Portanto, as centrais de trabalhadores devem olhar para isso com muito cuidado e, sobretudo, com inteligência."




logo

UGT - União Geral dos Trabalhadores


Rua Formosa, 367 - 4º andar - Centro - São Paulo/SP - 01049-911 - Tel.: (11) 2111-7300
© 2023 Todos os direitos reservados.