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UGT Press 341: Corrupção e modernidade


08/05/2013

CINISMO: sobre a crença e a moral na vida humana, o escritor peruano, Prêmio Nobel de Literatura, Mário Vargas Llosa, admitiu: Um dos grandes problemas de nosso tempo é a corrupção, que afeta por igual países ricos e em desenvolvimento, democracias e ditaduras. Há um desrespeito generalizado da ética, o que provoca delinquência, especialmente na política. Isso não acontecia antes. É o que explica como governos, embora imundos e apoiados pelo narcotráfico, algumas vezes contam com apoio da população que acredita ser assim a política. É uma atitude cínica frente ao poder, o que explica o desaparecimento da censura social ao delito" (Estadão, 17-03).

DESAPARECIMENTO DO INTELECTUAL: "O desaparecimento do intelectual significa também o desaparecimento das ideias e da razão como um fator central da vida social e política. Hoje em dia, as ideias foram trocadas pelas imagens, que são mais facilmente manipuláveis. Isso é uma grande ameaça para a democracia, pois uma sociedade com escassez de ideias tem suas instituições sob forte risco" (idem).

DUAS IDÉIAS COMPLEMENTARES: os dois textos acima, extraídos de longa entrevista, são complementares e exprimem o dilema de nosso tempo. Falta-nos a visão adequada dos acontecimentos, especialmente políticos, justificando tudo e a todos que fazem parte do rol de nossos interesses. Não há massa crítica. Esses fatos, aliados à impunidade, à marginalidade e à violência que grassam em nossa sociedade, deveriam, por si sós, suscitar a nossa indignação e o nosso desprezo. Antes, alguns eram noticiados como normais e ocupavam páginas e páginas dos jornais. Um exemplo, único, por ser muito evidente, é a postura dos réus do mensalão, que se colocam como vítimas do STF (Supremo Tribunal Federal). Há bom espaço para eles. Quem está do outro lado (e muitos também por interesse) é visto como gente de direita, incapaz de compreender as maquinações da mídia.
POUCOS INDIGNADOS: na grande imprensa brasileira, no dia a dia dos artigos de fundo, crônicas e comentários assinados, são poucos os que chegam à indignação prostrante. UGTpress citou recentemente um desses articulistas (o professor Roberto Damatta), quando o texto extrapolou toda a lógica da análise para situar-se entre aquelas peças que merecem estar enquadradas em molduras e colocadas na sala de jantar. O texto do professor Damatta apenas suscitou algumas correspondências à página do leitor e uma ou outra entrevista em canais de pouca audiência. Assim foram, durante muito tempo, os textos de alguns jornalistas e intelectuais brasileiros. Mas, eles, infelizmente, estão rareando e alguns (há inúmeros exemplos) se cansaram.
TEXTOS IGNORADOS: quase ignorados, esses textos robustos e impactantes, são lidos por poucos, cada vez menos pessoas. Inserem-se na lógica de Mário Vargas Llosa sobre o desaparecimento dos intelectuais e o olhar cada vez mais tolerante da sociedade às falcatruas do dia a dia. A popularidade dos governantes é alta em função de sua exposição diária nos meios de comunicação. Essa exposição é propositadamente positiva. Todos os dias, eles estão engravatados e bem vestidos em sua tela de televisão. Quem ajuda nesse objetivo, em geral, são os meios que dependem da propaganda oficial. Nenhuma empresa de comunicação sobrevive sem a propaganda oficial, nenhuma pode se dar ao luxo de desprezar os milhões de reais que são drenados dos órgãos públicos e empresas estatais, via empresas de publicidade e propaganda. Por isso é comum, em linguagem interiorana ou caipira, dizer que estão se equilibrando entre os extremos, dando uma no cravo e outra na ferradura.
FENÔMENO MODERNO: UGTpress fala das repercussões de caráter político e social que atingem todos os setores da sociedade. Trata-se de um fenômeno moderno, utilizado também para fabricar celebridades. Da mesma forma como um craque de futebol é apresentado e discutido (Neymar, por exemplo), um cantor da noite para o dia se transforma em um ídolo (Michel Teló) ou crimes e acidentes são expostos à exaustão. Todos os personagens das histórias ocupam a imaginação coletiva por algum tempo e se transformam em assuntos apaixonantes na mesa do bar, até serem substituídos por outros. É a civilização do espetáculo, aliás, titulo do último livro de Vargas Llosa, a ser editado no Brasil no mês de outubro de 2013."




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