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UGT Press 349: Inflação, crescimento e outros problemas


25/06/2013

INFLAÇÃO E CRESCIMENTO: a inflação e o crescimento, ambos com expectativas decepcionantes, começam a ser tema de artigos jornalísticos importantes. Em todos, está mais ou menos óbvio que o governo tem errado no diagnóstico e promovido ações insuficientes para estabilizar a economia. A expansão da demanda e o uso abusivo de estímulos fiscais, sem o correspondente aumento da produtividade, provocam desequilíbrios setoriais. Alguns setores ganham em detrimento de outros. Não há planejamento estratégico global. Os professores Marcos de Barros Lisboa e Zeina Abdel Latif produziram um bom texto, intitulado Autoengano" (Folha, 04-06), no qual afirmam: "O menor crescimento da produtividade desestimula o investimento. Além disso, passou a dominar a percepção de que seus ganhos privados podem ser obtidos por meio de favores do governo, como benefícios fiscais e proteção à competição, e não pelo sucesso na gestão em um ambiente meritrocrático".

GRAVES SINAIS EXTERIORES: os jornais repercutiram de maneira sensacional o anúncio da agência de rating Standar`d & Poors de modificar a nota brasileira no grau de investimentos, de estável para negativa, segundo as notícias em função "do PIB fraco e do aumento de gastos públicos". Igualmente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) fez várias recomendações ao Brasil, especialmente a "criação de um comitê de monitoramento de riscos sistêmicos". A economia da União Européia, já se sabe, deve ter crescimento negativo de menos de 1%. O yen, com o governo japonês numa nova postura, deve se desvalorizar frente ao dólar. A economia americana dá sinais de fortalecimento. Esses dois últimos fatos elevam a perspectiva de valorização do dólar. A China mostra sinais de desaceleração e seu crescimento neste ano não deve ultrapassar 7,5%, apesar de, em anos anteriores, já ter chegado a 12%. O Brasil está na contramão dos fatos: perspectivas de inflação maior e crescimento menor, o pior dos mundos.
EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: constata-se que as exportações brasileiras estão caindo, especialmente junto aos países tradicionalmente parceiros. Os principais compradores do Brasil, na onda dos TLCs (Tratados de Livre Comércio), estão fazendo acordos com outros países e blocos e, gradativamente, diminuindo as importações do Brasil. Segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), entre 2008 e 2011, o Brasil deixou de vender aproximadamente 5 bilhões de dólares em mercadorias. As compras desses países parceiros (Argentina, México, Peru, Colômbia, Chile, Equador, Venezuela, Paraguai e Bolívia) estão se dirigindo à China, Estados Unidos, União Européia e México. É mais um dos sinais da grave situação brasileira, que permaneceu fechada aos chamados TLCs.
QUESTÃO INDÍGENA: embora, para nós, brasileiros, aparentemente um assunto interno, os conflitos entre fazendeiros e índios no Brasil estão repercutindo de maneira negativa no exterior. Os conflitos entre posições - governo federal, governos estaduais, fazendeiros e Funai - mostram a confusão que se estabeleceu sobre a questão indígena. Não esquecer também que há conflitos com os índios em função da construção de hidroelétricas na Amazônia. Como os índios gozam da simpatia da mídia mundial, o governo brasileiro sente-se acuado, às vezes nem mesmo respeitando decisões judiciais, como aconteceu no caso da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul, onde os conflitos já fizeram vítimas e, pior, entre os índios, provocando críticas da imprensa mundial. Quando um senador petista (Delcídio Amaral) critica abertamente a falta de decisão do governo, significa que estamos sem perspectivas de solução do problema em curto prazo. Enfim, os problemas começam a se avolumar em todas as frentes.

ENGENHÃO: o Engenhão também é conhecido por Estádio Olímpico João Havelange. Agora, a Comissão Especial de Avaliação, criada pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, para verificar o estado da construção da cobertura do estádio, chegou à triste conclusão de que são necessárias sérias e profundas reformas para deixá-lo em condições de uso. Decidiu que o estádio ficará interditado pelos próximos 18 meses. Como sabemos como são esses prazos no Brasil, talvez o Engenhão possa ser utilizado nas Olimpíadas de 2016. Custou nada menos do que 400 milhões de reais. Essa situação coloca em questão a capacidade da engenharia brasileira, já que ali atuaram as maiores empreiteiras do Brasil - OAS e ODEBRECHT. A desconfiança generaliza-se porque temos muitos estádios para a Copa do Mundo de Futebol ainda inacabados e alguns já apresentando problemas. Quem pagará pelos prejuízos? Certamente, para utilizar a linguagem do jornalista Elio Gaspari, a viúva!
PROBLEMAS & PROBLEMAS: todos esses problemas continuam sendo graves e preocupantes, mas praticamente se tornaram menores diante da avalanche de protestos que ocorrem no Brasil. Uma dicotomia: nas ruas e praças arde o clamor popular, nos meios de comunicação predomina a Copa das confederações. Apesar disso, alguns comunicadores, mesmo na televisão de maior audiência, começam a fazer comentários pessoais dando razão à juventude brasileira. Foi o caso, por exemplo, do Programa Domingão do Faustão. No dia de hoje (terça-feira, 25), as centrais de trabalhadores vão se reunir para discutir a possibilidade de uma greve geral. Dilma Rousseff, sentindo o perigo, já as chamou para conversar."




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