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UGT Press 352: Energia em debate


16/07/2013

UGTPRESS Nº 0346: a edição do UGTpress 0346/2013 provocou muitos comentários. Não foram poucas as correspondências, em geral, elogiosas. Em tese, aquele número abordou a energia, falando das dificuldades da Petrobrás, das indefinições na política de produção do etanol, da falta de planejamento e ações coordenadas para a exploração da energia aeólica, dos problemas existentes na construção de usinas hidrelétricas, especialmente na Amazônia, dos avanços tecnológicos na exploração do gás e petróleo de xisto e da areia betuminosa, e, enfim, da grande incompetência que temos para avaliar corretamente as tendências do setor, responsável por nada menos do que 10% da economia. Agora, uma das maiores autoridades brasileiras do assunto, o ex-ministro de Minas e Energia e ex-dirigente da Petrobrás, Shigeaki Ueki, confirma a situação. Em artigo publicado no Estadão (15-06), ele traz outras e preocupantes notícias.

INFORMAÇÃO N° 01: A produção crescente de petróleo e gás não convencional do xisto e da areia betuminosa, as recentes descobertas de grandes campos de gás e petróleo no continente africano, a crescente produção de biocombustíveis, além da decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de limitar a produção em 30 milhões de barris diários para sustentar o preço atual, são indicações de que o preço tem mais tendência de baixa do que de alta. Diante desse cenário, é fundamental manter o equilíbrio financeiro da Petrobrás/Eletrobrás para o bem do Brasil". Ele não falou (e nem precisaria dizer) que o Brasil não mantém esse equilíbrio.

INFORMAÇÃO Nº 02: "A atual política de modicidade de preços e tarifas de energia deve merecer todo o nosso apoio, desde que não sacrifique as empresas do setor. A Petrobrás, a Eletrobrás e outras captam recursos no mercado financeiro nacional e internacional e precisam gerar recursos para pagar os compromissos financeiros já assumidos, além de remunerar os seus acionistas. Lamentavelmente, estamos seguindo claramente a equivocada política adotada pela Venezuela e pela Argentina. O modelo que devemos seguir é o da Noruega e o de outros países bem sucedidos no campo social, político e econômico".

INFORMAÇÃO Nº 03: "É quase impossível que a Petrobrás possa fazer face aos seus investimentos programados. Em 2012, com a geração de caixa da ordem de US$ 20 bilhões, ela investiu quase US$ 40 bilhões. A dívida líquida passou de 1,7 para 2,7 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) em apenas um ano e a projeção de investimentos de US$ 45 bilhões para este ano vai piorar ainda mais esse índice. Em 2012, todas as empresas petrolíferas do mundo investiram cerca de US$ 500 bilhões e a Petrobrás, sozinha, que tem um peso da ordem de 3%, investiu 8% desse total". Para ele, "investir agora com tanto ímpeto é uma decisão temerária".

INFORMAÇÃO Nº 04: "Entre os países produtores, inequivocamente a pior política adotada é a da Venezuela, seguida pela da Argentina. O subsídio aos derivados de petróleo e da tarifa de energia elétrica estão causando o caos naqueles dois países. A demagogia e o populismo, que andam juntos, fazem com que a Venezuela tenha o preço da gasolina mais baixo do mundo e ainda subsidie os "pobres" de Nova York. Vende 130 mil barris por dia para Cuba a um preço reduzido e, em pagamento, contrata médicos e policiais daquele país". O Brasil também quer trazer médicos de Cuba, certamente para amortizar os investimentos que faz por lá, impossíveis de receber no futuro.

INFORMAÇÃO Nº 05: "Algumas decisões puramente políticas - como foram a aceitação da elevação do preço do gás natural da Bolívia e a elevação da tarifa de energia elétrica excedente do Paraguai, não prevista nos contratos vigentes e antes da amortização dos investimentos feitos pelo Brasil para construir o gasoduto e a Usina de Itaipu - vão custar muito caro para todos nós, brasileiros, e particularmente para os acionistas privados da Petrobrás e da Eletrobrás". As duas medidas, controversas na época, muito criticadas internamente, foram tomadas no governo de Lula.

INFORMAÇÃO Nº 06: "O ímpeto dos nossos políticos para discutir os "royalties" e onde os vamos "gastar" é frustrante. Será que ignoram que temos de pagar as dívidas em primeiro lugar e, depois, poupar as gerações futuras, como fez a Noruega? Bem diferente da Venezuela e da Argentina, a Noruega resolveu criar com os recursos do petróleo um fundo de investimento. A reserva de petróleo da Noruega é bem mais modesta do que a da Venezuela, mas o lucro do fundo norueguês em 2012 foi de quase US$ 80 bilhões, superior a toda a receita da Venezuela, com a sua exportação de petróleo".

INFORMAÇÃO Nº 07: "Das ações da Petrobrás e da Eletrobrás que estão fora do governo/Bndes hoje, 2/3 pertencem a estrangeiros e 1/3 a brasileiros. Essa situação faz com que tenhamos mais estrangeiros procurando explicar que são necessários mais equilíbrio, bom senso e visão estratégica para o setor do que nós, brasileiros. Concluindo, devemos, primeiro, recuperar urgentemente a credibilidade da Petrobrás e da Eletrobrás perante investidores
segundo, rever o orçamento plurianual da Petrobrás/Eletrobrás
e, terceiro, deixar de ser mais Venezuela e Argentina para ser mais Noruega". Shigeak Ueki ainda sugere que os políticos brasileiros aprofundem os seus conhecimentos, visitando os três países.

SETOR VITAL: como o setor responde por 10% da economia e é estratégico para o Brasil, UGTpress traz essa opinião para enriquecer o debate interno de uma parcela dos trabalhadores do país."




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