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UGT Press 454: Economia Americana


07/07/2015

AMBIGUIDADE: nos últimos anos, os sinais da economia americana são controversos, ora bons, ora ruins. The Economist registrou: "Esses altos e baixos estão se tornando repetitivos. Em 2014, as previsões de uma expansão mais modesta, de 2,6%, também foram abaladas por um começo de ano fraco. Desde 2010, quando voltou a crescer, o PIB (Produto Interno Bruto) americano ainda não se mostrou capaz de sustentar um ritmo de crescimento superior a 2,5% ao longo de 12 meses consecutivos e, com frequência, ficou abaixo disso, levando alguns economistas a temer que, atolada numa fase de baixo crescimento, a economia dos Estados Unidos jamais voltasse a se expandir a taxas de 3% ao ano, como antes da crise" (Estadão, 12/06). De fato, as preocupações procedem porque há pontos de estrangulamentos - os Brics estão crescendo menos, a Europa ainda não se recuperou e o Japão está patinando. Em outras palavras, não há ritmo mundial que favoreça um crescimento sustentável. A recíproca é verdadeira: sem o impulso da economia americana, a recuperação mundial permanecerá difícil. O dado mais otimista é a capacidade dos Estados Unidos surpreenderem e dar a volta por cima em meio a cenários críticos.

 

GRANDE PERIGO: a grande preocupação é a volta do conservadorismo no Federal Reserve (o FED, banco central dos Estados Unidos), normalmente mais cuidadoso em relação aos vendavais financeiros, e o provável aumento dos juros nos Estados Unidos. Caso aumentem os juros americanos, os efeitos para a sua própria economia, em geral, serão os mesmos de todos os lugares: pouca demanda por crédito, baixo nível de investimento e aumento do desemprego. O Fed tem adiado a medida, não se sabe até quando. O FMI (Fundo Monetário Internacional) recomendou que, na ausência de aumento de inflação, os juros não devem ser elevados. E que, em qualquer caso, o Fed não faça isso antes de 2016, uma posição diferente do Banco de Compensações Internacionais, sediado em Basileia (Suíça). Este se preocupa com a elevação dos preços dos ativos, recomendando começar os ajustes assim que possível. É um assunto polêmico e os brasileiros conhecem bem os efeitos dessas medidas.

 

FATORES POSITIVOS: o principal motivo de esperança permanente em relação à economia americana é o próprio tamanho dos Estados Unidos, incluídos aí alguns fatores importantes: extensão territorial, população, mão de obra especializada, universidades de ponta, recursos naturais abundantes, tecnologia, recursos financeiros, poder militar ou, resumindo tudo, o poder da inteligência disseminada numa sociedade plural. Potencial de incalculável valor e dimensão, o maior do mundo. Todo esse capital possibilita reações e facilita enfrentar grandes problemas. No momento, registra-se que os investimentos não residenciais aumentaram mais de 8%; os empresários americanos estão com alto índice de otimismo; as empresas estão captando recursos por meio da emissão de títulos, o que revela confiança; houve redução das dívidas das pessoas físicas, incluídas aí as dívidas hipotecárias; o emprego e os salários aumentaram. São dados altamente positivos.

 

FATORES NEGATIVOS: claro que também há muitas razões para preocupações: a produtividade americana parou de crescer, caindo na área de produção de bens duráveis; há desequilíbrios regionais visíveis; os custos de pessoal estão aumentando; há crescimento nos índices de violência e, neste caso, com duas preocupações especiais, o racismo e os crimes coletivos sem explicação, sobretudo nas escolas; há corrupção, na verdade um problema mundial; aumentou a desigualdade na sociedade americana e houve diminuição quantitativa e qualitativa na classe média; houve queda na capacidade de competição dos Estados Unidos, pelo avanço de outros países; a indústria dos lobbies produz privilégios e desigualdades; nos Estados Unidos cada vez mais se aprofunda o fundamentalismo religioso, com influência na área política; o livre funcionamento do financiamento de campanhas políticas acarreta distorções em favor dos empresários. Enfim, mais ou menos o que acontece no Brasil, porém em outras dimensões e causas.

  

FUTURO: a torcida é para que a extraordinária capacidade de renovação da sociedade americana seja suficiente para produzir um novo cenário, onde se reinvente a democracia, a economia e a igualdade de oportunidades. Os valores e ideais americanos são importantes para o mundo.




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