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Unicef lança campanha contra o racismo na educação infantil


29/11/2010

Um levantamento do IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que das 530 mil crianças entre 7 e 14 anos fora da escola, 330 mil são negras. O índice representa 62% do total. Diante dessa realidade, a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) com apoio do MEC (Ministério da Educação) lançou nesta segunda-feira(29) a campanha contra o racismo nas escolas com o tema Mundo de Diferenças, Enxergue a Igualdade ". O principal objetivo é alertar a sociedade brasileira sobre o impacto do racismo na área da educação infantil e promover iniciativas para a redução das desigualdades.

"Toda iniciativa que tenha como meta acabar com esse tipo de exclusão é bem vinda pela direção nacional da UGT (União Geral dos Trabalhadores)", disse seu presidente Ricardo Patah, mesmo não tendo ainda em mãos detalhes sobre como ela será desenvolvida. Para Patah, é preciso que a educação promova a compreensão, a tolerância, a paz e as relações amigáveis entre todos os grupos de indivíduos, sem qualquer tipo de distinção, como sexo, nacionalidade, etnia, cor da pele, credo religioso ou nível econômico. "Isso está contido em nossa Carta de Princípios e a UGT lutará incansavelmente para tornar realidade.

A campanha terá dois filmes, de 27 segundos e de 30 segundos, veiculados na televisão e na internet. Foi criado também um blog, no endereço: www.infanciasemracismo.org.br. Na página, o internauta vai poder contar também histórias de sucesso ou de discriminações que tenha sofrido ou presenciado. O blog ficará no ar durante um ano, tempo de duração da campanha. Para a subsecretária de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Carmen Oliveira, a iniciativa é um "puxão de orelha na sociedade em geral e nos responsáveis pelas políticas públicas para o setor", porque chama a atenção para a criminalização da adolescência negra no país.

Segundo o IBGE, 31 milhões de crianças negras e 150 mil indígenas que vivem hoje no Brasil são alvos dessa campanha da Unicef, organismo ligado à ONU (Organização das Nações Unidas). Números recentes da Pnad ( Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios ) mostram que as crianças negras e indígenas são mais vulneráveis em diversos aspectos. Mais de 60% da população de 7 a 14 anos que não frequenta a escola são negros. O índice de mortalidade infantil entre os indígenas é duas vezes maior do que a taxa nacional: 41 mortes para cada mil nascidos vivos contra 19/1000 no total da população. "A UGT entende que liberdade e justiça social são bens em permanente construção e fazem parte da trajetória de mobilização e da luta de todos os povos e nesse aspecto se encaixa perfeitamente bem essa triste realidade brasileira que é o racismo", explica Ricardo Patah.

A especialista de Programas de Proteção à Infância do Unicef no Brasil, Helena Oliveira Silva, acha que os números mostram que a raiz do problema da desigualdade está além da questão socioeconômica. "Apesar do avanço das políticas públicas brasileiras, alguns grupos de famílias e crianças continuam em situação de vulnerabilidade. Grupos que historicamente vinham sendo ausentes na políticas, permanecem na mesma condição", destaca. "A criança vítima de preconceito, que é estereotipada, tem o desenvolvimento da sua identidade afetado. Isso marca a infância dela", afirma.

Apesar de tratar da população negra e indígena, Helena lembra que o alerta da campanha é para toda a sociedade. "Nossa responsabilidade como adulto é trabalhar para que a situação não se perpetue. Diante de uma situação de discriminação no cotidiano, muitos não sabem como explicar de forma adequada a questão da diversidade para uma criança, seja ela branca, negra ou indígena", explica a representante do Unicef. Para chamar a atenção sobre o problema, além de peças publicitárias o fundo lançou um blog e uma cartilha com orientações para a população. O material mostra 10 maneiras de contribuir para uma infância sem racismo. Leia abaixo quais são:

1. Eduque as crianças para o respeito à diferença. Ela está nos tipos de brinquedos, nas línguas faladas, nos vários costumes entre os amigos e pessoas de diferentes culturas, raças e etnias. As diferenças enriquecem nosso conhecimento.

2. Palavras, olhares, piadas e algumas expressões podem ser desrespeitosas com outras pessoas, culturas e tradições. Indigne-se e esteja alerta se isso acontecer!

3. Não classifique o outro pela cor de pele
o essencial você ainda não viu. Lembre-se: racismo é crime.

4. Se seu filho ou filha foi discriminado, abrace-o, apóie-o. Mostre-lhe que a diferença entre as pessoas é legal e que cada um pode usufruir de seus direitos igualmente. Toda criança tem o direito a crescer sem ser discriminado.

5. Não deixe de denunciar. Em todos os casos de discriminação, você deve buscar defesa junto ao conselho tutelar, às ouvidorias dos serviços públicos, da OAB e nas delegacias de proteção à infância e adolescência. A discriminação é uma violação de direitos.

6. Proporcione e estimule a convivência de crianças de diferentes raças e etnias nas brincadeiras, nas salas de aula, em casa ou em qualquer outro lugar.

7. Valorize e incentive o comportamento respeitoso e sem preconceito em relação à diversidade étnico-racial.

8. Muitas empresas estão revendo sua política de seleção e de pessoal com base na multiculturalidade e na igualdade racial. Procure saber se o local onde você trabalha participa também dessa agenda. Se não, fale disso com seus colegas e supervisores.

9. Órgãos públicos de saúde e de assistência social estão trabalhando com rotinas de atendimento sem discriminação para famílias indígenas e negras. Você pode cobrar essa postura dos serviços de saúde e sociais da sua cidade. Valorize as iniciativas nesse sentido.

10. As escolas são grandes espaços de aprendizagem. Em muitas, as crianças e os adolescentes estão aprendendo sobre a história e a cultura dos povos indígenas e da população negra e como enfrentar o racismo. Ajude a escola de seus filhos a também adotar essa postura.

Arlindo Ribeiro/Imprensa UGT

Fontes: Agência Brasil/IBGE/Unicef"


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