16/03/2021
Ele havia informado que a cloroquina não entraria em seu arsenal caso fosse escolhido para ministro
O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, 55, disse ao jornal "Folha de S.Paulo" no domingo (14) que ouviu seu nome ventilado para o cargo pela imprensa e foi direto ao ponto: "o presidente conhece o meu trabalho".
O cardiologista integrou, como convidado, a equipe de transição dando apoio técnico na área da saúde. Mais recentemente, foi nomeado para assumir uma posição na diretoria da Agência Nacional de Saúde Suplementar.
Queiroga foi indicado por Bolsonaro e, para ocupar uma das cinco cadeiras da diretoria da agência, teria de ser sabatinado na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, atualmente presidida pelo senador Sérgio Petecão (PSD-AC).
A pandemia, porém, empacou a sabatina e a ida de Queiroga à ANS. De perfil técnico, o cardiologista diz que a transição de comando do Ministério da Saúde precisa ser tranquila e feita de cabeça fria porque problemas não faltam.
Ele também disse no domingo que, caso seu nome avançasse no Planalto, esperaria a saída oficial de Pazuello para se apresentar. "Um médico não assume o plantão de outro. É preciso deixar o lugar vago para o outro ocupar."
Para ele, é preciso dar gás ao programa de imunização do país, uma referência pela capilaridade e pela agilidade, para que a pressão nos hospitais diminua. "[Quanto] Mais vacinados, menos doentes", diz.
"Temos um país continental e de múltiplas realidades. Não é preciso inventar a roda, basta colocarmos em prática tudo o que a ciência já nos mostrou que funciona", afirma.
"A própria Sociedade Brasileira de Cardiologia não recomendou o uso dela nos pacientes, e nem eu sou favorável porque não há consenso na comunidade científica", reafirma Queiroga.
A insistência de Bolsonaro em indicar o medicamento e outras divergências sobre a condução da pandemia, como sua posição contrária ao isolamento social, levaram à queda dos ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich em abril e maio de 2020, respectivamente.
Queiroga disse ter sido o primeiro presidente da entidade que representa os cardiologistas vindo de um estado pequeno, a Paraíba, e que, na sua gestão na entidade, primou por reforçar a participação feminina na diretoria -hoje, 4 das 10 posições são ocupadas por mulheres.
Uma delas é Ludhmila Hajjar, que recusou o convite para ser ministra da Saúde. "Eu a escolhi pela sua competência. E eu a destaquei para falar em nome da entidade sobre a covid-19", disse Queiroga.
Formado em medicina em 1988 na Universidade Federal da Paraíba, Queiroga fez residência médica no Hospital Adventista Silvestre, do Rio de Janeiro e treinamento em hemodinâmica e cardiologia intervencionista na Beneficência Portuguesa, em São Paulo.
Formado em medicina em 1965 pela Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, Enéas fez mestrado em cardiologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Queiroga também tem no currículo atuação na AMB (Associação Médica Brasileira) e na Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), que também presidiu.
É casado com uma pediatra e tem três filhos -uma é médica, outro está a caminho da mesma formação e, o terceiro filho, é advogado.
Fonte: Valor Econômico
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