08/05/2015
Ex-presidente do DEM --um dos principais partidos de oposição-- e crítico contumaz da gestão do PT, o deputado Rodrigo Maia (RJ) disse ter votado a favor do ajuste fiscal de Dilma Rousseff porque, para ele, o país iria falir caso a medida fosse rejeitada.
"O Brasil iria quebrar hoje", disse. Ele afirma que quis garantir votos de confiança ao vice-presidente Michel Temer (PMDB) e ao ministro Joaquim Levy (Fazenda). Ambos, defende Maia, comandam a nação atualmente.
Oito dos 22 deputados do DEM votaram pelo ajuste, apesar da ferrenha oposição. O apoio se deu após negociação com Temer e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Leia trechos da entrevista.
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Folha - Por que o sr. votou a favor do pacote fiscal de Dilma?
Rodrigo Maia - Se a MP fosse rejeitada o Brasil iria quebrar hoje. Não é uma questão de governo e oposição. A gente vive no Brasil, e as contas públicas estão sob descontrole. Se não se fizer nada, daqui a pouco vamos chegar à situação da Espanha, de Portugal.
Hoje o dólar ia estar a R$ 4, R$ 5. A perspectiva do Brasil de recuperação, de um ano, ia ser para daqui três anos. Eu quis garantir na verdade um voto de confiança ao ministro da Fazenda [Joaquim Levy] e ao presidente Michel Temer, muito mais do que um voto de confiança a ela [Dilma].
Não fica um constrangimento, votar em consonância com quem sempre criticaram?
Não fiquei. Não há ajuste fiscal aqui, aqui há reorganização de distorções criadas e deixadas pelo próprio governo para reeleger a Dilma.
A bancada do DEM se encontrou com Michel Temer?
Encontro com o Michel Temer toda semana quase, há muitos anos. Outros deputados, do governo e da oposição, estiveram com o Temer.
É natural que o coordenador do governo explique as medidas aos deputados que tenham intenção de votar e os convença. O estranho é votar algo do qual não esteja convencido. Há um mês, fiz um jantar para o Joaquim Levy com deputados para que ele tivesse o direito de convencer, para explicar a situação do Brasil, que é muito ruim.
Houve participação do prefeito de Salvador na articulação?
O prefeito de Salvador tem uma cabeça liberal na economia. E ele endente que a derrota do ajuste fiscal iria gerar uma tremenda dificuldade para a Prefeitura de Salvador. Não é uma questão: "Ah, tenho interesse de salvar a Dilma". Não é, tenho interesse em salvar os brasileiros.
Fonte: Folha de S. Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores