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Governo endurece o discurso, mas caminhoneiros mantêm greve


27/02/2015

O governo endureceu o discurso contra os caminhoneiros em greve e começou a adotar procedimentos para cobrar até R$ 10 mil por hora dos que continuarem bloqueando estradas.

 

Após uma reunião na quarta-feira (25) em que foi anunciado um acordo com parte dos representantes do setor para o desbloqueio das vias, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta quinta (26) que os nomes dos motoristas multados por infração de trânsito nos bloqueio de estradas serão enviados aos juízes para viabilizar a cobrança das multas por descumprimento das ordens judiciais de desbloqueio.

 

As multas da Justiça estão fixadas entre R$ 5.000 e R$ 10 mil por hora para cada caminhoneiro.

 

Uma parte dos caminhoneiros, principalmente na Região Sul, diz que não vai deixar as estradas, mantendo a paralisação.

 

Na noite desta quinta, a Secretaria-Geral da Presidência da República, que está concentrando as negociações com representantes do setor, informou que não haverá novas propostas do governo para os grevistas.

 

BLOQUEIOS

Para o ministro da Justiça, como resultado da reunião --em que o governo acenou com congelamento do preço do diesel, redução de pedágio e paralisação do pagamento de dívidas na aquisição de caminhões--, o movimento grevista diminuiu o número e a disseminação dos bloqueios, que ficaram mais concentrados no Sul do país.

 

Segundo Cardozo, após a maior parte da categoria aceitar as propostas, não há mais como seguir negociando com as estradas bloqueadas.

 

Na noite desta quinta, havia 88 interdições em estradas federais em seis Estados --na quarta, eram 81 na mesma quantidade de Estados.

 

Líderes da categoria em Santa Catarina, no Paraná, no Rio Grande do Sul, em Mato Grosso e no Espírito Santo disseram discordar das medidas propostas e afirmaram que não se sentiram representados no encontro.

 

"Não houve indicações estaduais por parte dos caminhoneiros, foi manipulação", diz Gilson Pedro Pelicioli, um dos líderes do movimento em Lucas do Rio Verde (MT).

 

Diante da negativa do governo em baixar o preço do combustível, o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Ijuí (RS), Carlos Litti, deixou a reunião em Brasília e recuou-se a assinar a ata.

 

"Há um esforço do governo em resolver os problemas, mas o que impacta, de verdade, é o preço do diesel. Essa era a principal demanda, e ela não foi atendida", afirmou Litti.

 

INQUÉRITO

Segundo Cardozo, os nomes dos caminhoneiros que tiverem multas por infração de trânsito nos bloqueio não foram mandados antes porque havia uma negociação.

 

O ministro afirmou, ainda, que pediu à Polícia Federal a abertura de inquérito policial para apurar crimes cometidos ao longo dos protestos, inclusive a suspeita de que empresas estão por trás das manifestações.

 

A estratégia de endurecer com os caminhoneiros pode ter pouco efeito. Como as liminares para os desbloqueios são nas estradas federais, os caminhoneiros dizem que estão migrando os protestos para os trechos estaduais. "Vamos continuar migrando", diz Tobias Brombilla, representante de Seberi (RS).

 

Folha de S.Paulo


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