12/09/2014
A construção de quatro novas refinarias no Brasil não será suficiente para reverter os déficits com a importação de combustíveis no país. A avaliação é da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que lançou esta semana o Plano Decenal de Energia (PDE), documento que baliza o planejamento do setor para os próximos 10 anos. Segundo as projeções da entidade, mesmo com a expansão do parque de refino, o mercado brasileiro necessitará buscar no mercado internacional 35,4 mil metros cúbicos de combustíveis por dia. As principais necessidades são gasolina, gás liquefeito de petróleo (GLP) e coque. A balança de petróleo cru, por outro lado, tende a ficar superavitária com o crescimento da produção do pré-sal.
Segundo as projeções da EPE, o parque de refino brasileiro terá capacidade para produzir 515,9 mil metros cúbicos por dia em 2023, após a conclusão de investimentos de US$ 29,2 bilhões em quatro novas unidades de refino: a Abreu e Lima, em Pernambuco, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e as refinarias Premium do Ceará e do Maranhão. Dessas, a mais adiantada é a unidade pernambucana, que tem início de operações previsto para o fim deste ano. Em 2023, porém, o consumo de derivados do Brasil deve chegar à casa dos 541,3 mil metros cúbicos por dia, crescimento de 30% com relação a este ano.
Pensadas antes da explosão de vendas de automóveis no Brasil, as novas refinarias foram projetadas para a produção de diesel, combustível de maior impacto na balança comercial brasileira. E, segundo a EPE, cumprirão seu papel neste sentido, uma vez que a projeção é que, em 2023, o Brasil seja exportador líquido do derivado, com um saldo de 7,1 mil metros cúbicos por dia. Nos últimos anos, porém, a demanda de gasolina vem crescendo acima do PIB, o que levou o país à condição de importador do produto. Na próxima década, prevê a EPE, o déficit brasileiro no comércio de gasolina cresce 125,8%, para 28,9 mil metros cúbicos por dia.
“Cabe destacar que cerca de 70% do perfil de produção dessas novas plantas de refino é voltada para a produção de destilados médios (diesel e querosene de aviação) e, em nenhuma delas, há previsão de produção de gasolina de acordo com seus projetos atuais”, diz a entidade, no PDE 2023. O plano prevê que, entre 2019 e 2021, a balança de derivados de petróleo será positiva, voltando ao déficit em 2022, com a redução das exportações de óleo diesel frente ao crescimento do consumo interno. Além dos impactos na balança, a Petrobras tem registrado grande prejuízo com as importações de combustíveis a preços superiores aos praticados no mercado interno.
“É importante ressaltar que, caso haja interesse para o país em reduzir sua dependência externa, seja por considerações econômicas, seja por questões de segurança do abastecimento, é possível produzir mais gasolina internamente e, para tanto, existem várias alternativas, de curto e longo prazos”, afirma a EPE. Entre as alternativas está o investimento em novas instalações de refino que permitam aproveitar o excedente de nafta petroquímica, ou adequar unidades projetadas para substituir produção de diesel por gasolina. “Em termos comerciais, para o país, será mais conveniente exportar derivados médios de boa qualidade e importar gasolina”, pondera. Mantidas as condições atuais, as importações representarão 1/4 do mercado de gasolina em 2023.
Já no caso do petróleo, o país deve manter a condição de exportador líquido durante todo o período analisado pelo PDE 2023. A produção nacional praticamente dobra, passando de 2,55 milhões para 4,8 milhões de barris por dia. Daqui a 10 anos, diz o documento, o Brasil terá um excedente de produção de 1,46 milhões de barris por dia — para este ano, não há previsão de excedentes. O plano estima investimentos de US$ 348 bilhões em exploração e produção de petróleo no período, incluindo os US$ 154 bilhões projetados pela Petrobras em seu plano de negócios até 2018. Para sustentar o crescimento da produção, o Brasil vai demandar 74 novas plataformas de produção — 34 delas já previstas pela estatal.
Fonte: Brasil Econômico
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