29/08/2014
Sindicatos ligados à oposição realizam nesta quinta-feira, 28, a segunda greve geral deste ano na Argentina. O objetivo é protestar contra a crescente inflação e os cortes de empregos, que levaram à redução da atividade no país e à queda das exportações de grãos de Rosário. A paralisação também provoca reflexos no Brasil, com o cancelamento de voos conectando São Paulo e Rio de Janeiro a Buenos Aires.
Ao menos 26 voos de cinco companhias (TAM, Gol, Aerolíneas Argentinas, LAN e Austral) tiveram a decolagem para o país vizinho ou o pouso cancelados no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, e no Aeroporto Antônio Carlos Jobim, o Galeão, na zona norte do Rio. Em São Paulo, foram dez chegadas e sete partidas. Já no Rio de Janeiro, foram cinco desembarques e quatro embarques cancelados.
As informações são das concessionárias Gru Airport, que administra o aeroporto de Cumbica, e Rio Galeão, responsável pelo Tom Jobim.
Segundo a Gol, as atividades do principal aeroporto de Buenos Aires, o Aeroparque, foram paralisadas, enquanto os demais aeroportos argentinos operam normalmente. A aérea informou que, até o momento, quatro de seus voos conectando Guarulhos/São Paulo e Aeroparque/Buenos Aires foram cancelados. A empresa orientou os passageiros dos voos que partem deste aeroporto ou se destinam a ele a entrarem em contato com a central de relacionamento da companhia pelos telefones 0300 115 2121 (no Brasil) ou 0810 2663 131 (na Argentina).
Já a TAM informou que seis voos da companhia na rota Guarulhos - Aeroparque foram cancelados (JJ8014; J8009; J8010; JJ8005; JJ8008; JJ8015). Segundo a empresa, os passageiros afetados receberão a assistência necessária e poderão remarcar os seus bilhetes com isenção das taxas de remarcações e diferença de tarifa ou, se preferirem, poderão solicitar o reembolso integral das passagens.
A TAM disse ainda que os clientes com voos para outros aeroportos da Argentina programados para esta quinta-feira também podem alterar seus bilhetes até o dia 10 de setembro, sem custos de taxa de remarcação. Caso o voo seja alterado para datas após o dia 10 de setembro, a taxa de remarcação continua isenta, mas podem ser cobradas as diferenças.
Entenda a greve. A situação econômica da Argentina é o pano de fundo da greve geral. A terceira maior economia da América Latina está atolada em uma recessão que deve piorar após o calote na dívida no mês passado, já que aumenta a pressão sobre a moeda nacional, o peso, o investimento se reduz e os custos dos empréstimos para empresas e províncias sobem.
A greve de 24 horas convocada pela poderosa central sindical CGT afetou os sistema ferroviário, o transporte aéreo, os postos de gasolina e a administração pública.
"Os motivos (para a greve) são suspensões, demissões... e também estamos levantando a questão do imposto de renda e da reabertura das negociações salariais", disse Rubén Sobrero, líder do sindicato dos trabalhadores ferroviários.
A aceleração da inflação faz com que o rendimento dos trabalhadores sofra maior incidência de impostos, embora seus salários não estejam subindo em termos reais.
A economia argentina entrou em recessão no primeiro trimestre, depois que a produção da indústria e o consumo privado caíram. O país tem uma das taxas de inflação mais altas do mundo, atualmente por volta de 30%, de acordo com economistas do setor privado.
"Se nossas exigências não forem atendidas em seguida, haverá outra greve de 48 horas em setembro", disse Sobrero.
Cerca de 80% de grãos e oleaginosas argentinos saem de Rosário, localizada no rio Paraná. Trabalhadores sindicalizados gerenciam a entrada e saída de cada navio do conjunto de portos que compõem o centro portuário de Rosário.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores