19/08/2014
O custo dos empregados na indústria brasileira disparou 264% de 2002 a 2012, segundo um estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
As empresas do setor gastavam, em média, US$ 3,08 por hora trabalhada com cada um dos seus funcionários em 2002, considerando o salário mais os impostos. Dez anos depois, em 2012, o valor atingiu US$ 11,20, quase quatro vezes mais.
Os números se referem ao que tecnicamente se chama “custo de compensação”, um conceito que a OIT (Organização Internacional do Trabalho) utiliza como sinônimo de custo do trabalho. A CNI, no entanto, ressalta que esses dados não incluem algumas despesas também relacionadas aos empregados, como os processos de recrutamento e seleção, os programas de treinamento e também a manutenção de refeitório para os empregados.
Conforme aponta o gráfico, o custo dos empregados da indústria despencou 57% entre 1996 (dado mais antigo da série) e 2002.
A partir de 2003, o indicador passou a subir continuamente até 2008, registrando, depois, uma leve queda em 2009, que foi mais do que compensada pelos aumentos nos dois anos seguintes.
Nota-se, no entanto, que em 2012 (dado mais recente) o custo do trabalho voltou a cair.
Como os valores estão em dólares, a variação do custo do trabalho é fortemente influenciada pelo câmbio. Quando o real sobe, como no período de 2003 a 2008, o custo do trabalho também sobe. Quando a moeda brasileira cai, caso do período de 1998 a 2002, o preço da mão de obra também desce.
Porque a indústria compete globalmente – seja quando exporta, seja quando concorre com produtos importados –, o valor em dólares é o que interessa quando estudamos a competitividade do setor.
Comparando com outros países, vemos que a hora trabalhada, no Brasil, é mais cara do que a de algumas outras nações emergentes, como o México, e mais barata do que a de economias maduras, como a zona do euro.
O estudo foi elaborado pela CNI e, portanto, traz o ponto de vista dessa entidade, que representa os empresários industriais. Sendo assim, faz sentido que se fale em custo do trabalho, e não em ganho do trabalhador.
Em determinado momento da análise, os pesquisadores fazem uma observação em relação a isso, dizendo que é positivo que os salários cresçam, mas que, quando isso ocorre sem que a produtividade acompanhe no mesmo ritmo, o aumento do custo do trabalho pode até inviabilizar determinadas atividades.
Fonte: Uol
UGT - União Geral dos Trabalhadores