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Mulheres organizadas para vencer o fascismo


10/03/2025

"A paz será assegurada quando uma maioria esmagadora de mulheres lutarem e aderirem à causa pela paz, pela igualdade, pela liberdade e pela felicidade de toda a humanidade. Juntas, declaremos guerra à guerra". A convocação da alemã Clara Zetkin, em 1912, diante da Guerra dos Bálcãs e da iminência de um conflito mundial, deve ser ouvida e repetida em nossos dias.


Dois anos antes deste discurso, na Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em Copenhague, Clara propôs a criação de um Dia Internacional da Mulher. O Partido Socialista da América já havia celebrado o primeiro Dia da Mulher nos Estados Unidos. E então Clara convidou à internacionalização da celebração, que se fixou no 8 de março em 1921, em homenagem às operárias russas em greve contra a fome, a guerra e o czarismo no 8 de março de 1917, movimentação inicial da Revolução Russa. Em 1975, a ONU incorporou a data de origem socialista.



Nascida em 1857, Clara Zetkin tinha 21 anos quando se filiou ao Partido Socialista dos Trabalhadores da Alemanha que, em 1880, mudou de nome para Partido Social Democrata. Com Rosa Luxemburgo, Clara pertenceu à ala à esquerda até que as posições pacifistas de ambas levaram à ruptura com o partido que declarava apoio às guerras.


Por denunciarem o absurdo da guerra, Clara e Rosa foram presas inúmeras vezes. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, ingressaram no Partido Comunista da Alemanha em 1919. Durante a República de Weimar, Clara foi deputada de 1920 a 1933.


Clara Zetkin testemunhou e denunciou a emergência do nazismo e do fascismo no século 20. Convocava mulheres à responsabilidade de se unirem pela paz, pela liberdade e pela felicidade de todas as pessoas.


No artigo "Fascismo", de 1923, analisa o cenário mundial com tamanha lucidez que nos oferece lentes para interpretar o que estamos vivendo cem anos depois. "Devemos perceber que o fascismo é um movimento dos desapontados e daqueles cuja existência está arruinada", escreveu sobre italianos e alemães que criavam dentre judeus e comunistas os inimigos para justificar o cenário de crise. Quão autodeclaratório de desapontamento é o slogan "Make America Great Again" contra mulheres, pessoas negras, imigrantes?


Além do diagnóstico, Clara apontou caminhos: "Devemos nos esforçar para conquistar ou neutralizar aquelas massas que ainda estão no campo fascista. Desejo enfatizar a importância de percebermos que devemos lutar ideologicamente pelos corações e mentes dessas massas. Devemos perceber que eles não estão apenas tentando escapar de suas tribulações atuais, mas que estão ansiando por uma nova filosofia. Devemos sair dos limites estreitos de nossa atividade atual."


Em 2025, mulheres negras brasileiras oferecem uma nova filosofia às sociedades que se aproximam da extrema direita e do campo fascista, expandindo os limites estreitos que tomam conta da política: reparação e bem viver.


A Marcha das Mulheres Negras, prevista para novembro, em Brasília, começa a ser preparada pelo compartilhamento de "experiências e práticas, para construção coletiva de uma agenda política radical para disputar no Brasil e no mundo."


Em todo o país, acontecem atividades e debates de elaboração e aprofundamento de quais são as reparações necessárias, e como elas devem acontecer, para que todas as pessoas vivam em harmonia entre si, com a natureza, com a ancestralidade. Vale acompanhar.


Texto: Folha de SP por Bianca Santana




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