13/08/2014
A falta de chuvas espalha prejuízos por todo o interior. Com rios e mananciais quase secos, atividades agrícolas e industriais são suspensas e há quebra nas lavouras. O transporte de cargas pela Hidrovia Tietê-Paraná está paralisado em Araçatuba, noroeste paulista. Só na hidrovia o prejuízo direto chega a R$ 200 milhões, segundo o diretor Casemiro Tércio Carvalho. Com o baixo nível do Rio Tietê, as barcaças encalham em bancos de areia.
As cargas de grãos e outros insumos estão seguindo para Santos pelas rodovias. De janeiro a junho deste ano, o volume de cargas transportadas pela hidrovia caiu de 2,69 milhões para 2,33 milhões de toneladas. A diferença, de 360 mil toneladas, foi equivalente à carga de 10 mil caminhões.
A falta de água afeta diretamente a economia dos 19 municípios que estão oficialmente em racionamento. Desses, 12 ficam na região de Campinas. A região é abastecida pelas bacias dos Rios Piracicaba, Jundiaí e Capivari, que também cedem água para a Grande São Paulo, pelo Sistema Cantareira. Desde abril, pelo menos 3 mil postos de trabalho foram fechados, segundo o diretor de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Eduardo San Martin. Ele acredita que as dispensas têm relação com a crise hídrica. A emissão de outorgas para captação de água para uso industrial foi suspensa.
Prédios e campos. Em Itu, região de Sorocaba, a prefeitura foi obrigada a suspender por 120 dias a autorização de novos empreendimentos imobiliários. A cidade está em racionamento severo desde o início de fevereiro. De acordo com o Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) de Sorocaba, se a suspensão persistir, as empresas que estão construindo, e utilizariam a mão de obra em novos empreendimentos, terão de fazer demissões.
Em Sorocaba, o racionamento atinge o distrito industrial e afeta mais de 200 indústrias. Conforme o vice-diretor regional do Centro das Indústrias do Estado (Ciesp), Erly Domingues de Syllos, ainda não houve paralisação, mas a escassez de água tem reflexo na atração de investimentos. A entidade fez um mapeamento para verificar a situação de cada empresa, a fim de evitar possível parada por falta de água.
Nas regiões agrícolas há escassez de água até para manter em operação os equipamentos de irrigação. O produtor José Luiz Confortini, de Capela do Alto, teve de adotar o racionamento na lavoura de milho verde. Em vez de irrigar uma vez por dia, normal nesse período seco, ele dividiu a área em talhões e aplica irrigação uma vez a cada três dias em cada área.
No Estado, a estiagem prolongada causou perdas de até 25% na safra de café, de 10% nas plantações de cana e de 10% no trigo, segundo dados parciais da Secretaria de Agricultura.
Em algumas regiões, as perdas foram mais severas. Na de Bragança Paulista, a quebra na safra de milho chegou a 50%. Na região de Itapeva, sudoeste paulista, os produtores de feijão têm dificuldade para manter irrigados 7 mil hectares da cultura. Os gastos com óleo diesel e energia elétrica elevaram os custos da produção.
Produtores de tilápias da região de Avaré tiveram de remover as criações e reduzir o número de viveiros. E plantações de laranja não irrigadas perderam parte da florada, o que já indica quebra de produção.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores