28/02/2025
Lesões
por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao
Trabalho (DORT) é sim um problema de saúde pública.
Nos anos 2000,
em 28 de fevereiro – a Organização Internacional do Trabalho (OIT), agência especializada
nas questões do trabalho que se referem ao cumprimento das normas
internacionais – instituiu a data como o Dia Mundial de Combate às Lesões por
Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao
Trabalho (DORT). A data chama atenção para duas doenças que têm relação direta
com o trabalho e que atingem milhões de brasileiros.
Importante data
que se propõe a conscientizar os trabalhadores, os movimentos de defesa dos
direitos dos trabalhadores, a população em geral, e chamar a atenção das
autoridades sobre os riscos de adoecimento do trabalho, cobrando medidas de
promoção, prevenção e erradicação desta relação capital x trabalho que adoece e
causa muitos sofrimentos.
Um dos motivos
que mais afastam trabalhadores pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
o diagnóstico de lesões por esforços repetitivos e de distúrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT) afeta mais de 30 mil
pessoas por ano no Brasil.
As LER/DORT
interferem diretamente na
saúde da nossa população, principalmente em trabalhadores e
trabalhadoras, resultando em um impacto econômico, social e psicológico
significativo, que implica em um declínio da qualidade de vida do paciente
(Moraes, 2013; Paula, 2019)
28 DE
FEVEREIRO - DIA INTERNACIONAL DE COMBATE E CONSCIENTIZAÇÃO DAS LER/DORT
Previna-se,
seu maior patrimônio é sua saúde
A grande maioria dos pacientes com LER/DORT apresenta sofrimento
mental, muitas vezes traduzidos por angústias, inquietações indefinidas,
reclamações e choros constantes, depressões, tristezas, etc.
As repercussões psicossociais dos pacientes com LER/DORT estão
relacionadas:
●
à dor crônica, que acarreta
sofrimento mental, irritabilidade, labilidade emocional, experiência subjetiva
desagradável e contínua, amargura e depressão
●
às limitações nas atividades de
vida diária, inclusive as laborais, que acarretam sentimentos de inferioridade,
tristeza, insegurança, exclusão, inutilidade;
●
à invisibilidade dos sintomas, que
traz a ansiedade, descrédito da própria doença, sensação de “loucura” e
questionamento da própria sanidade mental;
●
ao longo trajeto percorrido até o
estabelecimento do diagnóstico, que traz desespero e desânimo;
●
à necessidade de se submeter à
inúmeras perícias por parte da empresa e da Previdência Social, colocando-lhes
a necessidade de provar que realmente têm problemas;
●
ao tratamento longo e difícil, de
evolução incerta, impossibilitando o planejamento da vida;
●
à oscilação do quadro clínico, com
crises de agudização;
●
ao afastamento do trabalho por
longos períodos, gerando perda da identidade no grupo social e núcleo familiar;
●
à possibilidade de perder o
emprego, o que gera medo e incerteza;
●
à dificuldade de retorno ao
trabalho e reinserção no mercado de trabalho (BRASIL, 2001[1])
No Estado de São Paulo foram notificados no SINAN (Sistema
Nacional de Agravos de Notificação), no período de 2010 a 2020, 29.995 casos de
LER/DORT, sendo a maior parte das notificações dos ramos metalúrgico e de
serviços.
As causas: ritmo intenso, muitas vezes abusivo, com pressão maciça
por produtividade, sem pausas, com jornadas longas, excesso de horas extras sem
conforto e adequação das condições de trabalho. Fatores que coisificam a classe
trabalhadora desrespeitando limites biológicos e psíquicos. As consequências:
se descarta os doentes para contratar nova remessa de pessoas que sabidamente
vão adoecer. Este círculo vicioso precisa ser quebrado, por isso a importância
de recorrer à tratamento no início dos sintomas e caracterizar a doença como
relacionada ao trabalho. A rede de CEREST (Centros de Referência em Saúde do
Trabalhador) do SUS atua na caracterização do nexo causal, no acompanhamento da
assistência e reabilitação, bem como na intervenção por meio de fiscalização
para melhoria do ambiente de trabalho.
Assim, é fundamental que o SUS, em todos os níveis de
gestão, avance na estruturação e implementação de linha de cuidado voltada às
LER/DORT. Assim, é fundamental também que os movimentos de defesas dos direitos
da classe trabalhadora se reestruturem e ampliem sua linha de atuação no
compromisso firmado com seus representados
Etapa nacional da 5ª Conferência
Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora será em agosto de 2025.
As conferências de saúde dos
trabalhadores e das trabalhadoras permitem que a população brasileira contribua
para a formulação de políticas públicas e direcione as ações de governo, em
todas as esferas da federação, em um sistema descentralizado e integrado de
saúde. Em 2024, após dez anos desde a realização da última conferência da área,
iniciam-se as etapas da 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora (CNSTT), organizada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) e
promovida pelo Ministério da Saúde.
[1] BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diagnóstico, tratamento, reabilitação, prevenção e fisiopatologia das
LER/DORT, 2001.
UGT - União Geral dos Trabalhadores