22/01/2025
Em uma cerimônia marcada por emoção, reflexões e grandes expectativas para o futuro, a FENASCON realizou, na manhã desta terça-feira (21), a posse de sua nova diretoria para o mandato 2025-2029. O evento reuniu lideranças sindicais de todo o Brasil e trouxe à tona debates cruciais sobre o futuro do sindicalismo, a importância da representatividade e o papel estratégico das entidades diante das transformações do mundo do trabalho. A transição de comando foi protagonizada por Roberto Santiago, que passou o bastão para Paulo Rossi em um clima de reconhecimento e compromisso.
Sindicalismo em tempos de mudanças: desafios e união
A cerimônia não foi apenas um ato protocolar, mas um espaço de reflexão sobre o papel do sindicalismo na atual conjuntura política e econômica.
Para Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), a união entre sindicatos é a chave para superar o atual desgaste do sindicalismo e garantir sua relevância perante os trabalhadores e a sociedade.
“Vivemos tempos em que o movimento sindical é constantemente atacado e desacreditado. O caminho para reverter esse cenário é a união. Só seremos fortes se estivermos juntos, construindo pontes, compartilhando estratégias e mostrando à sociedade a importância do nosso papel na defesa dos direitos trabalhistas. A fragmentação nos enfraquece, enquanto a união nos torna uma força capaz de enfrentar qualquer desafio.”
Moacyr Pereira, presidente CONASCON, relembrou a trajetória da federação e a importância de sua criação para dar voz aos trabalhadores. Em um discurso nostálgico e otimista, ele reforçou o compromisso com a nova gestão. “A FENASCON nasceu da necessidade de termos uma representação forte e atuante. Foram anos de muita luta e conquistas, e hoje vejo com orgulho o crescimento da entidade. Desejo ao presidente Paulo Rossi sabedoria e força para continuar esse trabalho, com a certeza de que estamos no caminho certo para ampliar ainda mais a defesa dos direitos da categoria.”
Rafael Guerra, representante do Service Employees International Union (SEIU), sindicato norte-americano, demonstrou preocupação com os impactos da posse de Donald Trump nos Estados Unidos.
“O discurso foi algo preocupante anunciando políticas e medidas que podem enfraquecer os direitos dos trabalhadores e influenciar negativamente outros países. Precisamos estar atentos e unidos globalmente para combater retrocessos e garantir que os trabalhadores tenham proteção e voz.”
Nova categoria fortalece a FENASCON
A posse também marcou a inclusão dos trabalhadores auxiliares em transportes aéreos na FENASCON, ampliando ainda mais a representatividade da entidade. O tesoureiro da FENASCON, Paulo Henrique dos Santos Oliveira, que representou a categoria no evento, destacou a importância dessa nova etapa para os profissionais do setor.
“A entrada dos trabalhadores auxiliares em transportes aéreos na FENASCON é um marco para nossa categoria. Atuamos em uma área estratégica para a economia e para a mobilidade global, e agora teremos uma representação sindical mais forte e atuante para defender nossos direitos e buscar novas conquistas.”
Protagonismo feminino: a força das mulheres no sindicalismo
A representatividade feminina também teve destaque na posse. Renata de Cássia, secretária-geral da FENASCON, abordou a importância de ampliar a participação das mulheres nas decisões sindicais e nas pautas que impactam diretamente suas vidas.
” Precisamos garantir que nossas demandas sejam priorizadas e que possamos ocupar mais espaços de liderança dentro dos sindicatos. A FENASCON está comprometida em levantar bandeiras que promovam a equidade de gênero e a valorização das trabalhadoras.”
“Não basta reagir, precisamos nos antecipar”
Roberto Santiago fez uma análise contundente sobre os desafios do movimento sindical e apontou caminhos para sua sobrevivência em um cenário político e econômico cada vez mais complexo. “Sem sindicalização, não há futuro para os sindicatos. Precisamos conscientizar os trabalhadores de que a organização coletiva é nossa maior ferramenta de resistência e conquista. Os sindicatos precisam estar onde as decisões são tomadas, influenciar políticas, ocupar espaços estratégicos e dialogar com a sociedade. A direita já entendeu isso há tempos, se organizou e domina o debate. Se não agirmos com inteligência e estratégia, perderemos espaço para sempre.”
Para ele, o sindicalismo do futuro deve ser proativo, moderno e conectado com as demandas da nova realidade.
“Não basta reagir, precisamos nos antecipar. O mundo muda rápido e só sobreviverá o sindicato que for atuante, visionário e indispensável para os trabalhadores.”
Compromisso e inovação: os planos de Paulo Rossi para o futuro
Em seu discurso de posse, Paulo Rossi destacou os desafios enfrentados pelo movimento sindical em um cenário de mudanças profundas, alertando para a necessidade de modernização e articulação política diante da forte atuação da direita e do avanço tecnológico.
“A direita soube se organizar, se comunicar e ocupar espaços estratégicos com eficiência, utilizando a tecnologia a seu favor para influenciar as mentes das pessoas. O movimento sindical precisa urgentemente aprender essa lição. Não basta apenas resistir, precisamos evoluir, investir em novas formas de diálogo com os trabalhadores e garantir que nossa voz seja ouvida em todos os canais.”
Rossi também enfatizou a importância de fortalecer a categoria por meio da qualificação profissional, anunciando a criação de um Sistema S para o setor de serviços, uma iniciativa inovadora para capacitar trabalhadores e preparar a categoria para os desafios do futuro.
Para ele, o sindicalismo precisa estar à frente do seu tempo, utilizando tecnologia e inteligência estratégica para manter sua relevância e influência.
“Precisamos ser ágeis, inteligentes e estratégicos. A tecnologia deve ser nossa aliada, e não nossa inimiga. O sindicalismo que souber dialogar com as novas gerações e se adaptar às mudanças será o que continuará fazendo história.”
Prestígio
O evento contou com a presença de mais importantes figuras do cenário sindical, além de representantes de empresas como José Mario Braz (Diretor Executivo do SINEATA), Alexandre Oliveira (Diretor da FEACONSPAR e Presidente do SIEMACO Curitiba), Vander Morales (Presidente da FENASERHTT), Neucir Paskoski (Presidente da FEVASC/SC), Paulo Roberto da Silva (Presidente da FETHEMG/MG), André Filho (Presidente do SIEMACO SP), Lairson Sena (Diretor da FENEPOSPETRO), entre outros.
UGT - União Geral dos Trabalhadores