06/12/2024
A Justiça do Trabalho aplicou uma multa de R$ 10 milhões ao iFood e determinou o registro dos motoristas que prestam serviços à plataforma como empregados. Em entrevista, Gilberto Almeida dos Santos, conhecido como Gil, presidente do SindimotoSP, destacou a importância histórica dessa decisão, que reflete uma luta sindical iniciada há mais de uma década.
"Essa discussão começou lá atrás com uma denúncia do SindimotoSP, quando realizamos uma greve em frente ao Ministério Público. Essa decisão só reforça o que já vínhamos alertando: as empresas de aplicativo maquiam o vínculo empregatício para evitar pagar direitos trabalhistas. Agora, essa decisão se soma a outras conquistas, reafirmando que os entregadores e motoristas não são parceiros ou autônomos, mas trabalhadores explorados por essas empresas", pontuou Gil.
A precariedade enfrentada pelos entregadores é alarmante. De janeiro a outubro deste ano, São Paulo registrou 876 mortes de motociclistas, sendo a maioria composta por trabalhadores vinculados a aplicativos. Enquanto isso, as plataformas promovem eventos luxuosos, como a recente festa do iFood, que contou com a presença de Ivete Sangalo e consumiu mais de R$ 8 milhões. "Enquanto isso, os trabalhadores passam fome e mal conseguem um sustento digno. Isso é uma atrocidade", afirmou o presidente do SindimotoSP.
Para Gil, a decisão da Justiça do Trabalho é um passo significativo, mas ele acredita que a pacificação definitiva virá com o posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF). "Nossa profissão não é o conto de fadas que as empresas de aplicativo desenham. Esperamos que o STF siga o mesmo caminho, reconhecendo os direitos desses trabalhadores."
A decisão contra o iFood destaca um movimento crescente em prol da regulamentação dos serviços de entrega por aplicativo, combatendo a precarização do trabalho e assegurando condições dignas para a categoria. O SindimotoSP continuará atuando para que essas mudanças beneficiem todos os trabalhadores do setor.
UGT - União Geral dos Trabalhadores