19/11/2024
O Rio de Janeiro recebeu, em 2024, líderes mundiais para o encontro do G20, uma oportunidade única para debater questões fundamentais como o combate à fome e o enfrentamento das mudanças climáticas. Estes temas, essenciais para a sobrevivência da humanidade, exigem mais do que discursos inspiradores; demandam ações práticas e urgentes que transformem profundamente nossas cadeias de produção e consumo.
Vivemos um momento crítico da história. O tempo dos discursos passou. Precisamos, como sociedade global, refletir sobre o impacto do nosso modo de vida e rever as estruturas que sustentam nossas sociedades. Um exemplo alarmante é o uso de carvão vegetal nas carvoarias, alimentado pelo hábito cultural de fazer churrascos em grandes centros urbanos. Apesar do avanço tecnológico, que já oferece energia limpa como o hidrogênio e a eletricidade, seguimos dependentes de combustíveis fósseis.
Outro caso emblemático é a produção de uma simples calça jeans. Conforme o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), fabricar uma calça jeans consome cerca de 3.789 litros de água, além do uso de produtos químicos altamente poluentes para o tingimento. Considerando os 8 bilhões de habitantes no mundo (estimativa da ONU de 2022), o impacto ambiental torna-se insustentável.
O desmatamento para extração de madeira, o aumento de pastagens, a monocultura e outros exemplos mostram como o modelo predatório de exploração dos recursos naturais continua ditando nossas escolhas. No entanto, já dispomos de tecnologia e conhecimento suficientes para adotar práticas mais sustentáveis, que preservem a natureza sem sacrificar o desenvolvimento.
A humanidade já não pode pagar o preço do “desenvolvimento” justificado por velhos argumentos. Precisamos de uma virada estrutural que priorize a justiça ambiental, o respeito aos recursos naturais e o combate às desigualdades.
O G20 é o espaço ideal para impulsionar essa mudança. Esperamos a partir desta edição, no Brasil, os líderes mundiais entendam a gravidade do momento respeitem o documento formulado e assinado por todos. A fome e as mudanças climáticas não esperam. Cabe a nós, como sociedade organizada e lideranças globais, agir agora, pelo bem das gerações futuras e pela sobrevivência do planeta.
Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT)
UGT - União Geral dos Trabalhadores