26/06/2014
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, pretende tirar a Copa do Mundo de 2022 do Qatar quando receber o resultado da investigação sobre o suposto esquema de propina ligado à candidatura.
Blatter já recebeu a sinalização de que o promotor americano Michael Garcia, chefe do Comitê de Ética da Fifa, confirmará que dinheiro e privilégios foram distribuídos a cartolas e federações no processo de escolha.
Segundo a Folha apurou, Blatter confidenciou a dirigentes europeus que só espera ter a investigação em mãos para discutir a mudança com os membros do Comitê Executivo, que escolheram o Qatar em dezembro de 2010 em disputa contra EUA, Austrália, Coreia do Sul e Japão.
Pressão de patrocinadores da Copa e aliados da própria Fifa contribui para o recuo.
O escândalo se agravou no começo de junho depois que o britânico "The Sunday Times" publicou documentos comprovando, segundo o jornal, que pelo menos US$ 5 milhões teriam sido gastos para o Qatar "comprar" apoios.
A investigação do promotor americano foi encerrada no último dia 9. Garcia esteve no Congresso da Fifa, em São Paulo, assim como Blatter.
Seu relatório será entregue em julho, depois da Copa. A expectativa é que até outubro a decisão seja tomada.
Mesmo que não se comprove que os votos do Comitê Executivo, cujos membros são indicados por associações e confederações, foram "comprados", o promotor pode sugerir nova votação para 2022.
Sobretudo diante das benesses a 30 federações africanas em troca de apoio dos quatro representantes da África que faziam parte do comitê da Fifa na época.
Em 2013, a Fifa alterou as regras para a escolha da sede a partir da Copa de 2026: não será mais o Comitê Executivo, mas os 209 delegados do seu Congresso.
Blatter não quer enfrentar o desgaste de manter uma Copa em sede sob suspeita, ainda mais porque o Comitê de Ética pode punir individualmente quem estiver envolvido.
Recentemente, ele disse que a realização do evento no verão do Qatar seria um "erro" por causa do calor que atinge o país no meio do ano.
No Brasil, Blatter já disse que a Fifa tem de carregar a "tocha da honestidade". Publicamente, nega que qualquer decisão esteja tomada.
Com a anulação da escolha, o suíço tentaria mostrar a intenção de "limpar" a Fifa, abrindo caminho para emplacar uma nova candidatura à presidência, em 2015, ou um saída honrosa dela.
Atingiria também seu principal adversário e presidente da Uefa (a confederação europeia), Michel Platini, um dos mais influentes entusiastas da candidatura do Qatar.
O ex-jogador francês teve o nome mencionado no escândalo por supostos encontro secretos com o catariano Mohamed Bin Hammam, ex-vice-presidente da Fifa e apontado como pivô da distribuição do dinheiro.
Platini, que nega qualquer envolvimento no caso, é o candidato à presidência da Fifa preferido das principais federações europeias que resistem à reeleição de Blatter.
Além de enfraquecer Platini, Blatter também atenderia a um desejo da mídia, do governo e de cartola britânicos, que têm feito uma campanha sistemática contra a escolha de 2022 depois que a Inglaterra perdeu para a Rússia a sede de 2018.
O gesto ainda pegaria carona no possível sucesso da Copa no Brasil, que começou sob temor de um fracasso de organização, mas que até agora tem sido bem sucedida.
Fonte: UOL
UGT - União Geral dos Trabalhadores