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Americanas contrata Citi para avaliar venda de ativos e buscar outras opções financeiras


16/02/2023

Sócio da Alvarez & Marsal é o novo presidente da empresa, que já recebeu R$ 1 bi do trio de acionistas


Na busca de um pacote de propostas para apresentar aos seus credores, a Americanas acaba de contratar o Citi para ajudar a estruturar possibilidade de monetização de seus ativos, além de apoiar a busca de outras soluções financeiras para resgatar a varejista que está mergulhada em uma grave crise desde que se tornou público um rombo contábil de R$ 20 bilhões em seu balanço, apurou o Valor.


Segundo uma fonte, a Americanas foi em busca de um banco que estivesse mais distante da crise. O Citi é uma das poucas instituições financeiras com atuação no Brasil que não é credora da varejista. Já trabalham no caso o banco de investimento Rothschild, que tem feito a ponte de negociação com os bancos credores, e a Alvarez & Marsal, que tem ajudado no processo de reestruturação da companhia. A Americanas entrou em recuperação judicial no mês passado.

O Citi chega ao caso em um momento decisivo para o futuro da varejista. Para esta quinta-feira (16) está marcada uma reunião com os bancos credores, ocasião para a qual é esperada uma proposta firme, na prática uma capitalização por parte de seus acionistas de referência, o trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.


Um dos principais ativos que a Americanas tem em seu portfólio é a varejista hortifruti Natural da Terra, que adquiriu em 2021 por R$ 2,1 bilhões, mas pelo qual dificilmente conseguirá o mesmo valor, segundo banqueiros de investimento.


Dentre as demais empresas do grupo que podem ser vendidas, está a fintech Ame, a plataforma de gestão compartilhada Let’s, a +Aqui, de serviços de crédito, e o grupo Único, dono das marcas Puket, Imaginarium, Mind e Lovebrands. Essas negociações de ativos, se acontecerem, requerem a criação de Unidades Produtivas Isoladas (UPIs), dentro do processo de recuperação judicial. Procurados, Citi e Americanas não comentaram o assunto.


“A questão é que mesmo vendendo ativos pouca diferença fará para uma dívida de mais de R$ 40 bilhões”, disse uma fonte. No mercado, uma das soluções que têm sido aventadas seria uma fusão da própria Americanas com uma outra varejista. “Essa seria a melhor solução”, disse outra fonte que acompanha a crise da empresa.


A companhia recebeu na segunda-feira uma injeção de capital de R$ 1 bilhão de seus acionistas de referência, por meio de um empréstimo DIP, que é aquele que ocorre dentro de um processo de recuperação judicial e que coloca o novo credor na frente da fila na hora de receber o valor devido. A varejista buscou no mercado mais R$ 1 bilhão, ainda dentro do DIP, mas não encontrou interessados, principalmente porque não há garantia costurada ao empréstimo.


A companhia informou que seu conselho de administração elegeu Leonardo Coelho Pereira como novo diretor-presidente. Seu mandato começou nesta quarta-feira. Pereira possui experiência com empresas do setor de varejo. Além disso, ele atua como sócio na Alvarez & Marsal desde 2011, na área de reestruturação. Com a eleição de Pereira, João Guerra, que estava como diretor-presidente interinamente desde a saída de Sérgio Rial em janeiro, deixa o cargo para retomar suas funções como diretor de recursos humanos da companhia.


O conselho da Americanas também elegeu Antonio Luiz Pizarro Manso para substituir Vanessa Claro Lopes no comitê independente, após a renúncia da conselheira.


A crise já tem impacto sobre a forma como o consumidor se relaciona com a varejista. A Americanas teve uma queda de mais de 50% no tráfego de seus sites em janeiro, além de retração de 33% em usuários mensais ativos e de 69% em downloads dos aplicativos, na comparação com o mesmo mês de 2022, apontou ontem um relatório de analistas de mercado do banco de investimentos Citi. O escândalo contábil veio à tona em 11 de janeiro.


Os dados foram compilados pelos analistas a partir dos sites SimilarWeb, para tráfego e usuários mensais, e SensorTower, para download de aplicativos.


Pelo levantamento, os três sites do grupo Americanas tiveram retração de tráfego em janeiro. Submarino apresentou recuo de 58%; Shoptime, uma queda de 55% e Americanas.com, de 51%. Já concorrentes registraram aumento de tráfego no mesmo período. Na Amazon, a alta foi de 41% e no Magazine Luiza, de 11%.


Nesta quarta-feira, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) sugeriu que a Justiça do Trabalho participe do processo de recuperação judicial da Americanas. O pedido foi apresentado em reunião de centrais sindicais com o ministro presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Lelio Bentes Corrêa. De acordo com o presidente da UGT, Ricardo Patah, a atuação da Justiça do Trabalho seguiria o modelo da recuperação judicial da loja de departamentos Mappin, que fechou as portas em 1999.


O acordo foi firmado em reunião de mediação organizada pela Procuradoria Geral do Trabalho (PGT) na sexta-feira (10). Além disso, ficou acordado que todas as dispensas de iniciativa da empresa serão realizadas mediante homologação dos sindicatos.


O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, disse nesta quarta-feira que a instituição não vai socorrer a Americanas, mas conversar com a federação dos bancos (Febraban) para abrir uma linha de crédito para pequenos fornecedores que estão sendo vítimas do escândalo contábil da varejista. “Você tem que dar alternativa para não agravar a crise e essas empresas foram vítimas”, afirmou Mercadante, observando que os indícios de fraude em balanço são muito graves.


“Não vamos voltar a ser hospital de empresa”, afirmou, refutando a possibilidade de o banco ajudar a varejista. E disse que “os sócios têm capital expressivo para aportar e salvar a empresa”. (Colaboraram Felipe Laurence e Ana Beatriz Bartolo, de São Paulo)


Fonte: Valor




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