11/04/2014
Nesta quinta-feira (10), João Vicente Goulart, filho do presidente João Goulart, deposto pelo golpe militar de 1964, promoveu, no Centro de Estudos de Mídias Alternativas Barão de Itararé, entrevista coletiva para profissionais da imprensa sindical, blogueiros e veículos de televisão.
O encontro, promovido numa parceria com a Agência Sindical, foi uma atividade que buscou aproximar, um pouco mais da imprensa alternativa, todo o trabalho que João Vicente faz para reconstruir a Figura de João Goulart (Jango), que durante décadas foi duramente atacada. “Foi construída uma história para esconder a realidade, principalmente no que se refere a figura do presidente João Goulart, que por muito tempo foi tida como símbolo de um governo fraco e que os militares interviram no país porque a sociedade civil chamou eles, hoje sabemos que não foi bem assim, ou seja, não se derruba um governo fraco faltando pouco tempo para as eleições”, explica João Vicente.
De acordo com João, o presidente Jango foi deposto porque ele, juntamente com seus colaboradores Darcy Ribeiro, Paulo freire, entre outros, tinham um projeto de nação e não de governo, mesmo assim eles foram taxados de “incapazes”. “Esse projeto de nação subtraia o privilégio das elites brasileiras daquela época”, diz.
João enfatizou que apesar de passados 50 anos do golpe que rompeu o processo democrático brasileiro, as reformas de base, proposta por Jango, ainda não se realizaram graças ao estigma de comunista que colocaram presidente Goulart e assim esconderam a realidade do País dizendo que estavam dando um golpe para preservar a paz, a família e a liberdade. “Se analisarmos as propostas das reformas de base, nenhuma delas tem orientação ideológica comunista. Jango queria fazer a reforma agrária junto com a bancária para distribuir o crédito, ou seja, ela visava o desenvolvimento do mercado interno e da indústria nacional, pois iria se consumir mais tratores, geladeiras, implementos agrícolas, entre outros".
O poder da comunicação
“Os meios de comunicação estão sendo extintos pela própria internet, que ainda não tem muita força, mas temos que fortalecer esse novo instrumento que é um meio de divulgação fundamental”, descreve Goulart.
Para João, a sociedade precisa se conscientizar que o atual modelo de comunicação brasileira, onde uma população de 200 milhões de habitantes são conduzidas pelas informações que recebem de 11 famílias donas de emissoras de rádios, jornais, revistas e televisões em diversos estados da federação.“A sociedade evolui e estamos num momento importante para discutir as reformas de base e, assim, debater uma reforma do estado brasileiro incluindo outras reformas, como a da mídia” conclui João Vicente.
Por Fábio Ramalho – Imprensa UGT
UGT - União Geral dos Trabalhadores