05/02/2014
Uma médica cubana integrante do Mais Médicos anunciou ontem que vai pedir asilo político ao governo brasileiro depois de ter abandonado seu posto de trabalho no interior do Pará.
Apresentada no plenário da Câmara dos Deputados por líderes do DEM, da oposição, Ramona Matos Rodriguez, 51, permanecerá refugiada na liderança do partido no Congresso aguardando uma decisão do governo. Ela afirmou estar sendo "perseguida pela Polícia Federal".
Clínica-geral, Ramona chegou ao país em outubro e atuava na cidade de Pacajá. Ela diz ter decidido deixar o Mais Médicos após descobrir que o valor de R$ 10 mil pago pelo governo brasileiro a outros médicos estrangeiros era muito superior ao que ela recebia pelos serviços.
Segundo a médica, ela ganhava por mês US$ 400 para viver no Brasil. Outros US$ 600 seriam depositados em uma conta em Cuba, que só poderiam ser movimentados no retorno para a ilha.
"Eu até achei o salário bom, mas não sabia que o custo de vida aqui no Brasil seria tão alto", afirmou.
A cubana diz ainda ter sido enganada sobre a possibilidade de trazer seus familiares ao país. A médica disse ter deixado o Pará no sábado com destino a Brasília, mas não contou como chegou à capital federal nem como fez contato com os deputados.
Ela afirmou, porém, que decidiu procurar o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) depois de ligar para uma amiga no interior do Pará e saber que a Polícia Federal tinha sido acionada para localizá-la --agentes teriam procurado seus conhecidos na cidade.
Uma das principais vitrines eleitorais da presidente Dilma Rousseff (PT), o Mais Médicos tem o objetivo de aumentar a presença desses profissionais no interior do país e nas periferias. Para isso, permite a atuação de médicos sem diploma revalidado em território nacional.
Atualmente, cerca de 7.400 médicos cubanos estão selecionados para atuar no país. A contratação é mediada pela Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), que recebe os recursos do governo brasileiro e os transfere para Cuba mensalmente. Além de R$ 10 mil por médico, também há o pagamento de outros gastos a Opas, incluindo taxa de administração.
"Eu penso que fui enganada por Cuba", afirmou Ramona ao comentar a disparidade nos pagamentos.
ABRIGO
Caiado afirmou que a liderança do DEM na Câmara será "a embaixada da liberdade" para os médicos cubanos. Ele afirmou que sua assessoria prepara para amanhã o pedido de asilo da médica ao governo brasileiro e que irá conversar com o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).
Os oposicionistas disseram que vão arrumar um colchão e as condições necessárias para que ela fique no local.
O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), disse que não vai interferir no caso porque a liderança é um espaço de cada partido.
O Ministério da Saúde informou ontem que não comentaria o caso.
Fonte: Folha de S.Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores